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Conheça os principais programas e ações da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania.

 

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Artigo do ministro Aldo Rebelo: A Copa é pretexto

No dia das “manifestações contra as injustiças da Copa”, a maior reunião de massas ocorreu em Macapá: nesta cidade de 370 mil habitantes, 20 mil pessoas fizeram fila para admirar a taça da Fifa exposta no Monumento do Marco Zero. Em contrapartida, os atos públicos da quinta-feira passada realizados em sete grandes capitais, entre as mais populosas do Brasil, reuniram, nas contas de um jornal, 21 mil manifestantes.

A Copa tem sido um valor de protesto agregado, mas não é o vetor das manifestações. Na cidade de São Paulo, com 11 milhões de habitantes, o conjunto de atos públicos reuniu 15,7 mil pessoas, das quais oito mil eram professores desfilando reivindicações trabalhistas. O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto mobilizou menos de dois mil manifestantes, e suas demandas, apesar de inseridas na “Campanha Copa Sem Povo, Tô na Rua de Novo”, foram controle de aluguéis, mudanças no Programa Minha Casa, Minha Vida e “política federal de prevenção de despejos forçados”.

Tudo vai de cambulhada como “atos contra a Copa”, mas salta aos olhos que as críticas ao Mundial da Fifa são minoria. Infelizmente, tal observação fica prejudicada porque as manifestações também incorporam hostilidade à imprensa. As principais redes de TV não nos deixam ver pormenores, pois registram as passeatas de helicóptero para evitar que suas equipes sejam agredidas nas ruas.

A grande visibilidade vai para a cantilena político-partidária de grupos que se opõem ao governo. Seus argumentos economicistas, de que ocorre desperdício de verbas públicas, não se sustentam. Não se faz Copa do Mundo para ganhar dinheiro, e sim pela festa que encerra e a projeção geopolítica que proporciona, mas é fato que um megaevento desse porte se paga e dá lucro.

Como já contabilizado exaustivamente nestas páginas, prospecções de consultorias independentes indicam que entre 2010 e 2014 serão movimentados R$ 142,39 bilhões adicionais na economia nacional. Para cada real aplicado pelo setor público, 3,4 reais sairão da iniciativa privada. Deverão ser gerados 3,6 milhões de empregos. A arrecadação de impostos renderá R$ 11 bilhões e a população vai auferir renda adicional de R$ 63,48 bilhões apenas naquele quadriênio.

Ao final, os bilhões de reais injetados na sociedade irão, por ironia, ajudar a saldar as seculares dívidas sociais que levam manifestantes às ruas.

Aldo Rebelo
Ministro do Esporte


Artigo publicado na edição de sábado (17.05) do Diário de S. Paulo

Artigo do ministro Aldo Rebelo: A bola fora da Anistia Internacional

A História registra numerosos casos de organizações que degeneraram ao tomar um atalho embaraçoso da trajetória original. O escritório da Anistia Internacional no Rio parece hipertrofiado pela síndrome do pequeno poder, patologia com viés político que faz o doente extrapolar a competência e exorbitar a autoridade. Depois de jornadas memoráveis em defesa dos prisioneiros de consciência, na falta deles, agora, a Anistia engendra campanhas que oscilam entre o sofisma patético e a piada surreal.

Após dez anos sem representação no Brasil, a organização reinstalou-se no Rio em 2011, com uma diretoria partidarizada que almeja ser a ouvidoria da nação. Critica a construção da usina de Belo Monte, defende a unificação das polícias Civil e Militar, faz circular um abaixo-assinado pela revisão da Lei da Anistia e, para isso, quer conduzir a presidente da República à Comissão da Verdade, quando ela já declarou respeito aos pactos que propiciaram a redemocratização. Sua última iniciativa é a campanha internacional “Brasil, chega de bola fora’’. O movimento teria o propósito de mobilizar o mundo para pressionar o país a não reprimir protestos durante a Copa do Mundo: “Diga ao governo brasileiro que protesto não é crime. Dê a eles um cartão amarelo.”

Isso é recado para ditadura. O Brasil vive o período mais duradouro e profundo de liberdades democráticas de sua História. A geração que chegou ao poder sofreu literalmente na carne a máxima inversa: protesto era crime. Hoje, tutela a liberdade de manifestação que lhe foi raptada nos anos de chumbo, quando muitos pagaram com a vida a ousadia da insurgência. Desde a redemocratização, construímos um estado de direito tão elástico que alguns até o consideram facilitador da sabotagem da democracia. Atualmente, vândalos flagrados em ação são assistidos ao vivo por ativistas de plantão, que chegam à delegacia antes deles.

Não saiu do governo federal, empenhado em realizar a Copa da Paz, um só ato restritivo do direito à manifestação pública. A rua é o palco da liberdade. Mas não é lícito aplaudir “manifestantes” praticando saques no comércio, vandalizando equipamentos de utilidade pública, incendiando ônibus do transporte popular e carros da imprensa, depredando prédios da democracia representativa, agredindo jornalistas, ferindo transeuntes, imolando policiais como tochas humanas. A Anistia quer que o mundo diga às autoridades do Rio de Janeiro que não é crime explodir coquetel molotov em atos a que pessoas de boa-fé levam os filhos para defender as causas justas do povo? Não é crime matar cinegrafista que registra o próprio desempenho dos manifestantes? Merece cartão amarelo a responsabilização de delinquentes que, pela truculência, até inibem legítimas manifestações populares? A sociedade brasileira não se opõe a manifestações, mas repudia o cavalo de Átila, que não deixa grama por onde passa.


Aldo Rebelo
Ministro do Esporte


Artigo publicado na edição desta terça-feira (20.05) no jornal O Globo.

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