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Artigo do ministro Aldo Rebelo publicado na Folha de S.Paulo: As Copas de Nelson Rodrigues

Artigo do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, publicado nesta quarta-feira (14.05) no jornal Folha de São Paulo.

As Copas de Nelson Rodrigues

Falecido em 1980, mas eternizado pela obra opulenta, Nelson Rodrigues continua a incomodar e incomoda sobretudo uma turma “da crônica” a quem chamava de “os entendidos”. A releitura de suas crônicas sobre o mundo do futebol dá a pista de que, ao cunhar a expressão “complexo de vira-lata”, mirou menos o humilde torcedor da geral que os “entendidos”, a quem atribuiu “gana destrutiva e bestial”.

Alvejando os que torciam contra o Brasil, “narcisos às avessas, que cospem na própria imagem”, Nelson ressalvava: “Claro que nem todos eram assim. Mas a maioria sim”. Quando a seleção ganhou a Copa de 1970, desabafou: “Vocês se lembram do que os nossos entendidos' diziam dos craques europeus. Ao passo que nós éramos quase uns pernas de pau, quase uns cabeças de bagre. Se Napoleão tivesse sofrido as vaias que flagelaram o escrete, não ganharia nem batalhas de soldadinhos de chumbo.” E concluía: "Graças a esse escrete, o brasileiro não tem mais vergonha de ser patriota.”

Autodefinido “cronista-patriota”, e sabedor de que a definição “causa um divertido horror”, Nelson nunca foi e jamais será unanimidade, avaliação que considerava burrice. Vivo e atuante hoje, talvez nem tivesse espaço para defender o Brasil, exceto num blogue na internet. Poderia continuar sua trajetória de “anticomunista” exaltado, estigmatizando a esquerda “festiva”, “o padre de passeata”, “o marxista de galinheiro”, porém continuaria a travar a luta de ideias contra “os entendidos”. Poderia repetir: “Amigos, está cada vez mais largo e cada vez mais fundo o abismo que se cavou entre o povo e a crônica.”

Seu patriotismo, exacerbado como tudo na obra pontilhada de hipérboles que transfiguram a realidade, volta a incomodar em nossos dias por conta da publicação pela editora Nova Fronteira da antologia “A Pátria de Chuteiras”.

Com apoio do governo federal e BNDES, o livro celebra a realização da segunda Copa do Mundo no Brasil tendo 40 crônicas de Nelson como vinhetas literárias da superioridade do futebol brasileiro e do amor que tinha a seu país. O Ministério do Esporte destinou a maior parte da tiragem de 50 mil exemplares para os alunos de escolas públicas.

 Se foi hostilizado em vida pela esquerda que hostilizava, Nelson Rodrigues é hoje vítima de um rapto literário perpetrado pelos que se acham os únicos autorizados a reconhecer a importância de sua obra.

 Síndicos de seita ideológica, negam acesso a quem pensa diferente. Não deixa de ser uma manobra para se protegerem do fogo amigo do escritor. Ele próprio despiu-se desse antolho mesquinho. Foi amigo e admirador do trabalho de comunistas como o técnico João Saldanha e o dramaturgo Augusto Boal. Para surpresa das sociais, defendeu a anistia “ampla, geral e irrestrita”, o que incluía os “terroristas”, por ter um filho preso político.

 Há quem veja sua obra supervalorizada. É assunto para especialista. Mas permanece luminosa a “graça artística que soube dar ao seu jornalismo literário”, na observação de Gilberto Freyre. Quando escrevia sobre a seleção, o futebol verde e amarelo e seus artistas incomparáveis, mostrava-se um patriota exaltado, como se declarou já em 1958: "Eu acredito no brasileiro, e pior do que isso: sou de um patriotismo inatual e agressivo, digno de um granadeiro bigodudo". Isso "os entendidos" preferem esconder.

 PS - Convém prevenir que a muito citada declaração de Samuel Johnson, em 1775, de que “o patriotismo é o último refúgio do patife” foi deslindada por seu biógrafo James Boswell não como condenação do patriotismo em si, mas da manipulação do conceito pelo primeiro-ministro britânico John Stuart. Em seu famoso “Dicionário”, Samuel Johnson definiu patriota como “aquele cuja paixão dominante é o amor a seu país”.

Artigo do ministro Aldo Rebelo: A desigualdade no esporte

Quando se realizou em Natal uma etapa dos Jogos Escolares da Juventude de 2013, as competições de atletismo tiveram de ser levadas a outro estado porque o Rio Grande do Norte não tinha uma pista oficial desta modalidade olímpica. Foi mais uma evidência de que, à margem de grandes conquistas, persistem no Brasil deficiências básicas acumuladas ao longo de décadas.

A exposição (e pressão) a que estamos submetidos por conta da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 servem não só para mostrar nossa capacidade realizadora como incentivar a montagem de uma infraestrutura esportiva à altura de uma das dez maiores economias do mundo. No centro dessa constatação está a desigualdade regional, pois se uma parte do Brasil dispõe de equipamentos modernos generalizados, outra parte é bem atendida em alguns aspectos e negligenciada em outros.

Em dois terços dos 26 estados brasileiros não existe uma única pista de atletismo com as dimensões, o piso e as raias estipuladas pela federação internacional para a disputa de modalidades como corrida, lançamentos e saltos. Um estado importante como a Bahia não tem uma piscina olímpica, com 50 metros de comprimento e 25 de largura, além de outras especificações exigidas para as provas de esportes aquáticos. Dois dos melhores nadadores brasileiros, Allan do Carmo e Luís Rogério Arapiraca, tiveram de treinar fora do estado.

Identificado esse desequilíbrio, o Ministério do Esporte trata como urgência a instalação de equipamentos de padrão olímpico certificados pelas federações internacionais. As necessidades estão sendo levantadas em todas as capitais brasileiras para que recebam, onde faltarem, pistas, quadras e piscinas em que nossos futuros campeões possam se preparar em condições de igualdade com atletas de locais mais bem aquinhoados.

A experiência dos Jogos Escolares da Juventude é estimulante. Dos de Natal participaram 4.600 atletas mirins, disputando 13 modalidades. Seu horizonte são as competições do Rio e de Tóquio, em 2020, pois está provado que o certame escolar é um celeiro de atletas. A equipe do Brasil nas Olimpíadas de Londres em 2010 tinha 17 integrantes que passaram pelos Jogos Escolares.

Na terça-feira, 29, inauguramos o Parque Poliesportivo de Natal.

Aldo Rebelo
Ministro do Esporte


Artigo publicado na edição de sábado (03.05) do Diário de S. Paulo

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