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Artigo do ministro Aldo Rebelo: Catedrais do profano

O ciclo da borracha que financiou a fase áurea da Amazônia na travessia dos séculos XIX e XX deixou em Manaus o majestoso Teatro Amazonas. Inaugurado em 1896, pontificou, ao lado do Teatro da Paz de Belém, como ícone arquitetônico do processo civilizatório no Norte do Brasil. Agora, ganhou um concorrente pós-moderno, a Arena da Amazônia, majestosa praça de esportes e lazer que confronta dois ambientes de nossa história.

Cotejo de teatro e estádio é arriscado, mas vale observar que as duas obras demarcam mudanças profundas entre uma e outra. A casa de espetáculos cênicos refletia um país que apesar de independente e recém-republicano ainda vivia de olhos no estrangeiro em vez de mirar suas entranhas, mudança de ótica que ao menos no plano intelectual foi propiciada pela publicação, em 1902, dos Sertões de Euclides da Cunha, bem identificado por Roquette Pinto como “o novo bandeirante de uma nova entrada para a alma da nacionalidade brasileira.”

Para o teatro foram importados material, peças de decoração, arquitetos, construtores, pintores e escultores da Europa. Lá se apresentavam companhias de ópera estrangeiras que não esticavam ao Rio e São Paulo. Seus 700 lugares eram ocupados pelos barões da borracha e apaniguados. Já o estádio nasce para multidões, com mais de 40 mil assentos. Se um tem cúpula barroca, inspirada na Ópera de Paris, a cobertura do outro desenha na paisagem um cesto de palha indígena carregado com frutas típicas do Brasil – a atestar a regionalização da Copa de 2014, pois não faria sentido neste país continental e diversificado concentrar o Mundial no Centro-Sul.

Iniciado pelo Pacaembu em 1940, e consolidado pelo colosso do Maracanã em 1950, a era dos grandes estádios atinge agora modernidade compatível com a importância que o brasileiro dá ao futebol. Como os sambódromos que pipocam pelo País, guardam a imponência de catedrais do profano.

Nesses dias, a Amazônia também comemorou, em Macapá, a reforma e reinauguração de outra praça de esportes que se destaca por uma singularidade: o campo é dividido pela linha imaginária do Equador, ficando um lado no Hemisfério Norte e outro no Hemisfério Sul. Por ser o ponto de latitude zero, a inventividade popular batizou-o de Zerão. A alegria do Amapá com a revitalização do estádio mostrou que a população sentia falta daquele palco da identidade nacional.

Aldo Rebelo
Ministro do Esporte


Artigo publicado na edição de sábado (22.02) do Diário de S. Paulo

Artigo do ministro Aldo Rebelo: As 'obras da Copa' são do povo

A operação pente fino que escrutina tudo que se relaciona à Copa de 2014 aplica um método extravagante e contraditório. Costuma noticiar como catástrofe do futuro os atrasos em obras de infraestrutura realizadas nas doze cidades-sedes do torneio. Passa-se a impressão de que, se não estiverem prontas para a Copa, perderão completamente a utilidade.

Os escrutinadores de algibeira não compreendem, porque não lhes interessa compreender, que essas benfeitorias urbanas não se limitam ao período dos jogos. Não são pinguelas nem puxadinhos de lona a serem desmontados depois da final no Maracanã. Como já dito, a Copa dura um mês e os benefícios permanecem de pé para uso da população.

A maioria das obras que servirão ao transporte público, por exemplo, como veículos leves sobre trilhos (VLT), corredores e vias expressas para ônibus (BRT) e estações, portos e aeroportos, eram necessárias à melhoria da infraestrutura das cidades. Já estavam ao menos previstas e foram incluídas no Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, somando 70% do total do investimento na Copa. As arenas, belas e modernas, estas sim prescritas pelo torneio, ficam como um legado à paixão brasileira pelo futebol.

Os BRTs ou VLTs de Belo Horizonte, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, para tomar poucos exemplos, vão servir a milhões de usuários por muito tempo. A Transcarioca, via expressa de ônibus articulado integrada ao metrô, ligará o aeroporto do Galeão, na Ilha do Governador, à Barra da Tijuca, ao longo de 39 quilômetros, atendendo diretamente à população de 14 bairros do Rio de Janeiro. Será muito útil no burburinho dos Jogos Olímpicos de 2016.

Os investimentos do Governo Federal no Pacto da Mobilidade Urbana somam atualmente R$ 143 bilhões. Cobrem 3,5 mil quilômetros em obras de transporte coletivo que vão proporcionar aos brasileiros deslocamentos mais rápidos, baratos e confortáveis. Como a maioria não está associada à Copa, segue seu curso normal sem atrair a fiscalização derrotista cujo objetivo disfarçado é boicotar um grande evento que projeta o Brasil.

Vincular as obras de forma tão obsessiva ao Mundial da Fifa é construir um paradoxo sobre os escombros da realidade. Equivale a dizer que só a Copa é importante e não o duradouro conjunto de equipamentos urbanos que vai servir ao povo brasileiro.

Aldo Rebelo
Ministro do Esporte


Artigo publicado na edição de sábado (15.02) do Diário de S. Paulo

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