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Artigo do ministro Aldo Rebelo: Foi bonita a festa

A canção de Milton Nascimento e Fernando Brant a dizer que o “Brasil está vazio na tarde de domingo” encontrou seu ambiente perfeito numa quinta-feira, dia 12, na abertura da Copa de 2014. Não há notícia de que nem nas sete finais disputadas pela Seleção as ruas ficaram tão desertas, exceto nas concentrações festivas para assistir ao jogo com a Croácia. Um dia mágico em que o País do Futebol mostrou ao mundo e a si mesmo que sabe organizar uma Copa tanto quanto ganhá-la.

O espetáculo na Arena do Corinthians coroou o trabalho árduo de milhares e milhares de brasileiros para montar uma enorme infraestrutura compatível com a magnitude do evento. Até a última hora, cassandras só focalizavam problemas, de resto inerentes a um empreendimento gigantesco, mas a abertura da Copa foi talhada no figurino do sucesso. Os equipamentos e serviços funcionaram a contento, a Seleção venceu e, principalmente, o povo-torcedor, alegre e engajado, confirmou que o futebol demarca a identidade nacional.

Estava na paisagem verde-amarela, impregnando os olhos e o coração, o sentimento de ocasião memorável. Se toda Copa já arrebata o brasileiro, esta que realizamos em 12 sedes e todos os rincões do território nacional dá sensação de tocarmos a História com a mão. Foi bonita a festa.

Oxalá sigamos nesse ambiente até 13 de julho, data da final no Maracanã. Os incidentes, próprios destes dias conturbados que vive o mundo, não têm potencial de estragar pelas mãos rancorosas de uma minoria a grande festa que alegra os corações e mentes da maioria esmagadora.

Além dos bons resultados econômicos, o torneio projeta o Brasil no imaginário do mundo. Especialistas dizem que a exposição em volume de saturação do país que o promove tem valor incalculável na imagem da nação. Bilhões de pessoas estão assistindo aos jogos em 200 países, e a audiência acumulada deve passar de dezenas de bilhões de telespectadores.

A eles exibimos um retrato sem retoques de nossas virtudes e carências. Voltados para as entranhas, podemos divisar o que realizamos e ainda estamos por fazer em cinco séculos de nosso esforço para construir uma civilização pujante no Novo Mundo.

Aldo Rebelo
Ministro do Esporte


Artigo publicado na edição de sábado (14.06) do Diário de S. Paulo

Artigo do ministro Aldo Rebelo: A lição de Portinari

O Brasil tem dois esportes nacionais: o futebol, paixão da maioria, e a mania de destratar o País, marca de uma minoria com complexo de vira-lata. Ambos estão confrontados nesses dias pela abertura da Copa do Mundo em São Paulo e uma exposição em Brasília de obras de Cândido Portinari (1903-1962). Maior pintor brasileiro, é o exemplo acabado de que se pode e se deve apontar os problemas e as deformidades nacionais sem instilar-se um ódio destrutivo.

Ninguém fixou nas telas como ele a tragicidade do homem comum, em mosaico social que compôs com tipos como o bandeirante, o vaqueiro, o gaúcho, o garimpeiro, o retirante e, naturalmente, crianças jogando futebol. Sua perspectiva era o povo, sofrido, retratado em linhas deformadas e traços exagerados em simetria com a iniquidade que identificava na sociedade nacional. Mas a visão crítica era transformadora, integrada a um projeto nacionalista de construir uma identidade cultural brasileira.

Seu diferencial foi não fazer a pintura-exaltação, mesmo em obras como Descobrimento do Brasil, Primeira Missa e os numerosos murais que considerava a pintura mais popular por ficar visível ao povo. Artista engajado, proclamava: “Estou entre os que acham que não há arte neutra. Mesmo sem nenhuma intenção do pintor, o quadro indica sempre um sentido social”.

Incompreendido, até foi acusado de depreciar a pátria que amava, contraditoriamente na fase em que, ao lado de Villa-Lobos na Música e Oscar Niemeyer na Arquitetura, navegava nas águas renovadoras da Revolução de 30 em direção ao Brasil moderno. A sagacidade de dois estadistas do período, Getúlio Vargas e Juscelino Kubitscheck, incorporou sua obra ao acervo cultural da Nação. Vargas encomendou o painel Guerra e Paz para ornamentar a sede da ONU, e JK, que como prefeito de Belo Horizonte já patrocinara sua pintura na Pampulha, fez questão de expor o painel no Rio antes de embarcá-lo para Nova York.

A obra de Portinari cintila atualmente como um contraponto eloquente à postura autofágica da minoria que, a pretexto de denunciar antigas chagas nacionais, renega a grandeza da formação social brasileira, rasga uma história de lutas, queima a Bandeira e nesta época de Copa do Mundo dá a impressão de querer incinerar todo o País.

Aldo Rebelo
Ministro do Esporte


Artigo publicado na edição de sábado (07.06) do Diário de S. Paulo

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