Confira entrevista do ministro Aldo Rebelo ao jornal Zero Hora (2)

Última atualização em Terça, 22 Abril 2014 00:50
Escrito por Antônia Emília Santos Andrade
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A Copa é também uma grande oportunidade de negócios e empregos 
 
Caue Fonseca e Guilherme Mazui
 
Mesmo diante de atrasos em cronogramas e seguidas polêmicas com a FIFA, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, vê as críticas contra a Copa do Mundo como fruto da desinformação. Numa Quinta-Feira Santa despojada, o ministro recebeu os repórteres do Grupo RBS em seu gabinete, de sandália, calça e uma camisa guayabera, veste típica cubana. Confira os principais trechos da entrevista.
 
A Copa virou o grande alvo de protestos por desperdício de dinheiro público. Poderia ter sido diferente?
As manifestações têm diminuído porque o ambiente da Copa é um ambiente de festa. A Copa pode gerar no ciclo longo, segundo a Fundação Getúlio Vargas, 3,6 milhões de empregos. Pode gerar acréscimo do nosso PIB de 0,4% ao ano até 2019, gerar investimentos privados na escala de R$ 3,40 para cada R$ 1 investido pelo setor público. A Copa é também uma grande oportunidade de negócios, empregos, renda e geração de tributos.
 
Não há um risco de esse sentimento contra a Copa se tornar dominante?
O dominante é de aceitação. Aqui no Brasil, houve uma campanha de desinformação. Uma parte da mídia promoveu essa campanha, mas quando a Copa se aproxima e os benefícios são divulgados, isso tende a se tornar irrelevante. A resistência é uma coisa residual e fruto da desinformação de que tem gasto público na Copa.
 
Mas não há desperdício de dinheiro público, ministro?
A Copa é um evento privado. O gasto público é para obras em aeroportos, abertura de avenidas, anel viário, mobilidade urbana. Os estádios receberam do governo empréstimo do BNDES, de R$ 400 milhões. O governo fez renúncia fiscal para matéria-prima, ou seja, não é dinheiro do orçamento. Somando tudo dá R$ 600 milhões, muito pouco perto dos R$ 27 bilhões de renúncia concedidos à indústria automobilística, por exemplo.
 
Especialistas dizem que impacto da Copa passa pelo desempenho em campo. A Seleção precisa ir bem para a Copa ser bem aceita?
Isso é uma ilusão. Se fosse assim, toda vez que a Seleção ganhasse o presidente da CBF seria o presidente da República. Não vejo relação entre desempenho eleitoral e futebol. O presidente Fernando Henrique perdeu uma eleição em 2002 (na verdade o seu sucessor, José Serra) depois de fazer uma grande festa para receber a seleção brasileira no Planalto, quando ela ganhou o quinto titulo lá no Japão.
 
Como é a relação entre o governo federal e a FIFA? A impressão que temos de fora é de um eterno morde e assopra...
É uma relação institucional, temos uma responsabilidade comum que é organizar a Copa. O governo faz a parte dele, a FIFA faz a dela. A hipersensibilidade à crítica é uma demonstração de autoestima baixa. Quer fazer algo importante, tem que saber que vai receber crítica. Quando há agressão, algo que ultrapasse o limite da crítica, você responde.
 
Entrevista publicada na edição de segunda-feira (21.04) do jornal Zero Hora