Ministério do Esporte Artigo do ministro Aldo Rebelo: Altruísmo e vergonha na Copa
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Artigo do ministro Aldo Rebelo: Altruísmo e vergonha na Copa

Duas cenas iluminaram contradições na jornada da Copa do Mundo no Brasil:

Proteção da imagem – A enfermeira Luzimar Nascimento achou um mochila no ônibus em Natal, levou-a para a casa da família Aquino, onde trabalha como cuidadora e encontrou documentos, cartão de crédito e nove ingressos para jogos da Copa. Desencadeou uma cruzada altruísta para localizar o dono da mochila, o mexicano Eric Tejeda, com telefonemas internacionais para a operadora do cartão, peregrinações nos hotéis e nas ruas, até se devolverem os pertences ao turista estrangeiro. “Eu não queria que ele saísse com uma imagem ruim do Brasil,” disse Luzimar.

Selvageria antinacional – A imagem ruim do Brasil foi impressa nos olhos do mundo pelos que xingaram a presidente Dilma Rousseff no estádio do Corinthians. O insulto obsceno não atingiu a presidente da República, a cidadã, a mãe acompanhada da filha. Foi um bumerangue que deu volta indecorosa e ferreteou em seus lançadores o estigma da infâmia. Se diziam que a Copa iria nos envergonhar, o episódio constituiu a grande vergonha que o Brasil passou no momento de maior visibilidade internacional de sua História.

Atribuiu-se a virulência a uma vaga “elite branca”, talvez os grã-finos de Nélson Rodrigues que perguntavam quem era a bola. Mas o gesto colide com o conceito do que há de melhor na sociedade. Não era a elite de que saíram homens de Estado como José Bonifácio, Júlio Mesquita, Roberto Simonsen e tantos outros protagonistas do nosso processo civilizatório. Tinham noção de país, de interesse nacional, da impessoalidade das instituições.

Convém lembrar aos desbocados que “noblesse oblige”, ou seja, devem honrar o nome e a ascendência. Se não a que acham que têm, ao menos a da realeza herdada do tuxaua Tibiriçá, pai de Bartira, casada com João Ramalho, ancestrais dos quatrocentões paulistas que irradiaram o progresso no Brasil.

Não lhes cabe a pretensão de nova aristocracia, com privilégios hereditários, nem a exclusividade do poder nem achar que podem desrespeitar os escolhidos do povo. Como observou o filósofo Álvaro Vieira Pinto, em Consciência e Realidade Nacional, “a eleição na democracia serve exatamente para refutar a ilusão aristocrática, que consiste em supor que são os melhores que fazem o melhor”. A enfermeira Luzimar não figura no “quem é quem”, mas fez o melhor.

Aldo Rebelo
Ministro do Esporte


Artigo publicado na edição de sábado (21.06) do Diário de S. Paulo

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