Confira artigo de Aldo Rebelo sobre a Copa no Recife, publicado no Jornal do Commercio

Última atualização em Sexta, 25 Maio 2012 18:23
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A Copa no Recife (artigo publicado no Jornal do Commercio em 10 de maio de 2012)

Recife já inscreveu seu nome na Copa do Mundo de duas formas: ao receber, em 7 de julho de 1950, o jogo Chile 5 x Estados Unidos 2, e por ter lançado nos juvenis do Sport o artilheiro daquela competição, Ademir Menezes, autor de nove gols da seleção brasileira. A cidade e o Brasil eram outros, a ponto de a reforma do estádio para o mundial mobilizar sócios e torcedores do Sport para trabalhar como voluntários na construção do alambrado, vestiários e túneis e na ampliação das arquibancadas da Ilha do Retiro.

Agora, a cidade se apronta para sediar a Copa de 2014 na Arena Pernambuco, uma das mais modernas e arrojadas do País, com capacidade para 46 mil torcedores. O crescimento do Recife deslocou o novo estádio para a vizinha São Lourenço da Mata, cidade que também encerra a tradição histórica e o patriotismo dos pernambucanos, pois foi palco de lutas memoráreis que abriram caminho para a vitória final contra os invasores holandeses na batalha de Guararapes em 1649.

A Arena Pernambuco vai receber cinco jogos da Copa de 2014. Para um povo que tem paixão pelo futebol, nada mais justo. Poucas torcidas são tão aficionadas quanto as dos times pernambucanos, a do Sport comemorando muitos títulos, a começar do de Campeão Brasileiro de 1987. Não são menores as tradições do Náutico, o mais antigo (1901), do popularíssimo Santa Cruz, e, naturalmente, do América, que, ainda hoje, festeja o título de Campeão do Centenário da Independência e teve entre seus torcedores ilustres o poeta João Cabral de Melo Neto. Um tópico que o poeta de Morte e vida severina sempre destacou em sua biografia foi ter sido um valente centromédio do América.

Com tantas tradições, Recife tem tudo para realizar uma das etapas mais bem-sucedidas da Copa de 2014. A tenacidade dos pernambucanos é a garantia de que o estádio estará pronto, os hotéis, aptos a receber os turistas, os serviços de transportes serão eficientes. A cidade tem larga tradição turística na recepção de multidões. No Carnaval passado, 710 mil visitantes passaram por Recife e Olinda, dos quais 47 mil eram estrangeiros. Todos foram bem recebidos e hospedados.

A Copa é sempre uma dádiva. Vai muito além da grande festa do futebol, apreciada por mais de três bilhões de pessoas no mundo. Deixa uma herança de inovações e melhoramentos urbanos de efeitos capilarizados e existência duradouros nas cidades.

Chama atenção no Recife, a efervescência do que podemos denominar de espírito da Copa, a partir de múltiplas ações do setor privado e da Secretaria Extraordinária dirigida por Ricardo Leitão. Todo um trabalho no setor de acolhimento e hospedagem está em andamento, com qualificação de mão de obra, e numerosas iniciativas para coroar a temporada do futebol com o engajamento de todo o corpo social.

Um programa pioneiro serve de modelo ao Brasil, o Aprendendo a Torcer, realizado em escolas com base em apresentações teatrais, palestras, cartazes e cartilhas - envolvendo os pernambucanos na reverente e ao mesmo tempo festiva liturgia de uma Copa do Mundo.

A Copa é um grande desafio e uma enorme oportunidade para Pernambuco e seu povo. Mas o Estado que fincou no território pátrio a opção por um Brasil único na luta contra o invasor holandês, e com seus poetas, sociólogos e escritores ajudou a construir a alta cultura do Brasil está mais do que preparado para fazer do campeonato mundial de futebol um momento de festa e de progresso.

Aldo Rebelo
Ministro do Esporte