Representantes latinos apresentam experiências de planejamento de saúde em grandes eventos

Publicado em Segunda, 12 Dezembro 2011 21:58

Falhas de comunicação e pouca integração com a área da saúde no planejamento de grandes coberturas foram apontados como problemas presentes em megaeventos esportivos latino-americanos, que podem servir de exemplo para serem evitados na organização da Copa de 2014 na área de vigilância sanitária. A troca de experiências ocorreu durante a 5ª reunião da Câmara Temática de Saúde da Copa do Mundo FIFA Brasil 2014, na sede da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em Brasília, na tarde desta segunda-feira (12.12).

Wanderson Kléber de Oliveira, coordenador geral de Vigilância e Reposta à Emergência em Saúde Pública da Secretaria de Vigilância em Saúde Pública do Ministério da Saúde, apresentou a experiência da organização dos V Jogos Mundiais Militares, disputados em cinco municípios do Rio de Janeiro em julho deste ano.

Para a área de vigilância sanitária, foram criados centros de monitoramento nos três níveis (federal, estadual e municipal), que acompanhavam as ocorrências e trocavam informações com os organizadores. Entre os incidentes registrados, estão 64 casos de intoxicação alimentar, um caso de hepatite A e uma suspeita de varicela. "Tivemos alguma dificuldade em sensibilizar os organizadores da necessidade de se planejar as ações desde o início. Isso levou a algumas dificuldades, como problemas de acesso das equipes aos locais, o que atrapalhou investigações", afirmou.

Com a estrutura de governança da Copa do Mundo, que discute o tema enquanto debate a organização do evento em si, Wanderson não acredita que os obstáculos vão se repetir. "Estamos fazendo com as cidades-sede um plano diretor municipal de vigilância sanitária, que deve incluir a capacidade de resposta de cada local", explica.

Colômbia
Ana Cristina Soares, epidemiologista do Ministério da Saúde e da Proteção Social da Colômbia, falou da experiência do país na organização da Copa do Mundo Sub-20, que terminou com a vitória da Seleção Brasileira sobre Portugal por 3 x 2, em agosto de 2011. O evento, que teve oito sedes, durou 25 dias. "Para coordenar o trabalho de serviço e saúde pública em oito cidades, criamos centros reguladores de urgência e emergência que mantinham contato com a organização a cada 12 horas. Ainda existiu uma atenção especial a bares e restaurantes, onde os turistas podiam conhecer a cultura local e experimentar a gastronomia da região", explica Ana.

Segundo a epidemiologista, quase 7 mil pessoas foram sensibilizadas em locais de entrada do país, com informações sobre atenção à saúde. Ainda houve 759 inspeções sanitárias e por volta de 5 mil trabalhadores foram imunizados contra sarampo e varíola. "O legado positivo foi que conseguimos estabelecer novos padrões para situações de saúde", acredita.

México
A diretora executiva de programas especiais da Comisión Federal para la Protección contra Riesgos Sanitarios (Cofepris), María Esther Díaz Carrilho, explicou o plano de ação para a vigilância em saúde durante os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, em outubro de 2011. Os alimentos e a água foram inspecionados diariamente na Vila Pan-Americana e nos hotéis. "A água no México é boa, mas nem todos têm acesso a água potável", disse.

O planejamento de atenção à saúde não foi integrado ao comitê organizador dos Jogos, o que obrigou os integrantes da Cofepris a se instalarem em Guadalajara para começar as inspeções. "Não sabíamos quantas pessoas iriam estar nas sedes e não sabíamos os tipos de medicamentos que seriam utilizados", alertou. Maria Esther levantou também a questão da falta de comunicação da agencia sanitária com a organização: "A falta de informação para melhor tender os visitantes deixou a desejar".

A escassez de dinheiro público, segundo a especialista, gerou limitações por deixar o evento desfalcado de equipamentos para melhor atender os visitantes. A alimentação dos atletas foi outra fonte de preocupação por parte da comissão. Eles estavam instruídos a não comer fora dos restaurantes da Vila Pan-Americana devido a problemas de alterações na carne mexicana. Segundo Maria Esther, houve atletas que não seguiram as instruções. "Vários turistas e atletas foram vistos em supermercados e em restaurantes comprando comida, comendo tacos", disse Esther.

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Tiago Falqueiro - Portal da Copa (colaborou Victória Camara)
Foto: Glauber Queiroz
Ascom - Ministério do Esporte
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