Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 no Rio deixarão legados socioeconômicos de grandes proporçõe (2)

Publicado em Terça, 29 Setembro 2009 14:19

Estudo indica que o investimento de US$ 14,4 bilhões previsto no projeto olímpico Rio 2016 vai provocar movimentação econômica de US$ 51,1 bilhões no Brasil; empregos chegarão a 120 mil anuais durante a fase de preparativos e realização do evento Estudo sobre impacto econômico dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016 no Rio de Janeiro encomendado pelo Ministério do Esporte conclui que os investimentos públicos e privados e os gastos do Comitê Organizador para a realização dos Jogos provocariam efeitos multiplicadores amplos e diversificados na economia do País que se refletiriam positivamente em uma variedade de setores econômicos durante anos. É um impacto de longo prazo, considerado no estudo até 2027. O período de dez anos, entre 2017 e 2027, é suficiente para a eliminação de efeitos sazonais, ou seja, afere a consolidação do cenário econômico-social após a passagem do megaevento esportivo. O estudo, em caráter preliminar, feito pela Fundação Instituto de Administração, tem como base de cálculo o valor de US$ 14,4 bilhões nominais (R$ 28,8 bilhões) estipulado no dossiê de candidatura do Rio. Esse total está assim distribuído no projeto olímpico: US$ 2,8 bilhões (ou R$ 5,6 bilhões) para a estrutura do Comitê Organizador e U$ 11,6 bilhões (R$ 23,2 bilhões) em recursos públicos e privados para a infraestrutura necessária aos Jogos. Para efeitos de cálculos do orçamento entregue pelo Rio ao Comitê Olímpico Internacional (COI), a candidatura brasileira adotou a paridade de US$ 1 = a R$ 2. Portanto, todos os cálculos do estudo de impacto econômico levam em conta esta paridade, adotada no início de 2008, quando da entrega do questionário de postulação. O estudo aponta que a injeção de US$ 14,4 bilhões nominais (ou US$ 12 bilhões em valores de 2008) na realização dos Jogos Olímpicos vai gerar um multiplicador de produção de 4,26 que proporcionará uma movimentação na economia brasileira de US$ 51,1 bilhões (R$ 102,2 bilhões se considerada a paridade cambial prevista no dossiê) no período de 2009 a 2027. Isso significa que para cada dólar investido nos Jogos a iniciativa privada injetaria outros US$ 3,26 nas cadeias produtivas associadas ao evento. No período de 2009 a 2016 o impacto na produção (Valor Bruto de Produção) do País será de US$ 24,6 bilhões (R$ 49,2 bilhões). Já no período de 2017 a 2027, será de US$ 26,5 bilhões (R$ 53 bilhões), sempre levando em conta os investimentos previstos de US$ 14,4 bilhões e a paridade de dois reais para um dólar. Os resultados mostram que a produtividade dos investimentos com os Jogos Olímpicos é ampliada no longo prazo. À medida que o projeto amadurece, os ganhos de produtividade tornam-se maiores porque registra-se complementaridade entre os investimentos nos Jogos e a atração de investimentos privados para os negócios associados à cadeia produtiva. Foram identificados 55 setores da economia que mais poderão se beneficiar com a realização do megaevento. Entre eles, os setores com maior movimentação em virtude dos Jogos seriam: construção civil (10,5%), serviços imobiliários e aluguel (6,3%), serviços prestados a empresas (5,7%), petróleo e gás (5,1%), serviços de informação (5%) e transporte, armazenagem e correio (4,8%). A estimativa de impacto no PIB do Brasil é de US$ 11 bilhões (R$ 22 bilhões) no período de 2009 a 2016, enquanto que no período de 2017 a 2027 será de US$ 13,5 bilhões (R$ 27 bilhões). Impacto na massa salarial e na geração de empregos O estudo prevê aumento gradativo do poder de compra da população. Os resultados mostram crescimento do número de postos de trabalho no período, sobretudo na construção civil. Os aportes de US$ 14,4 bilhões resultariam em 120.833 pessoas contratadas direta e indiretamente ao ano, entre 2009 e 2016, e 130.970 pessoas, ao ano, entre 2017 e 2027. Para chegar a estes resultados os pesquisadores utilizaram a Equivalência Homem por um Ano (EHA), que representa a soma das horas (pagas) de trabalho (temporário e permanente) criadas para organizar e realizar os Jogos. Os ganhos do País com os Jogos ocorrem também na forma de arrecadação de impostos. O conjunto de investimentos geraria até 2027 uma arrecadação tributária adicional para os governos municipal, estadual e federal equivalente a 97% dos investimentos previstos para os Jogos. Em outras palavras, os investimentos na realização das Olimpíadas retornam aos cofres públicos ao longo do tempo, com a arrecadação tributária. Isso significa que o gasto público atuaria como um elemento indutor na forma de "adiantamento" e se "pagaria" em forma de impostos e taxas incidentes sobre o movimento adicional na dinâmica macroeconômica prevista. Para o secretário de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, coordenador do estudo, esse resultado demonstra que "não há contradição entre investir nos Jogos e investir em escolas, hospitais, postos policiais e outras necessidades da população, já que o retorno permite que o poder público realize as Olimpíadas e atenda às demandas sociais". Ele acrescenta que "a função da política pública de investimento é exatamente alocar recursos onde existe a possibilidade de esta iniciativa gerar transformações socioeconômicas relevantes, que é o caso dos Jogos". Benefícios para todo o País Os efeitos positivos dos Jogos não se limitariam ao Estado do Rio de Janeiro. Os impactos foram mapeados em quatro áreas geográficas: município do Rio de Janeiro; sua região metropolitana; restante do Estado do Rio; e o restante do Brasil. Mais da metade da massa salarial (50,9%) e dos empregos (53,1%) gerados pelo evento esportivo beneficiariam pessoas que moram além das fronteiras do Rio, assim como parcela significativa do PIB (41,6%) e da produção (47%). Na fase de preparativos e de realização dos Jogos, 2009 a 2016, o Rio de Janeiro apresentaria ganhos mais fortes em massa salarial (52%) e emprego (53,3%) com a realização do evento. Enquanto que no resto do País esses percentuais chegariam a 48% (salário) e 46,7% (emprego). Porém, no período após as Olimpíadas, de 2017 a 2027, haverá uma maturação dos investimentos feitos. Nesta fase, a participação dos impactos no PIB (62,4%) e no Valor Bruto de Produção (59,5%) no Rio de Janeiro passa a ser maior do que no resto do Brasil (PIB 37,6% e produção 40,5%). O ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior, acredita que "os investimentos previstos para a realização do evento têm potencial para promover um processo de reestruturação da economia regional, com impactos benéficos na economia de todo o País". Em função disso, "a realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos no Rio de Janeiro não se trata apenas de um projeto para o Rio, mas para o Brasil em geral, porque o investimento é feito no Rio porém se irradia para todo o País". O ministro está convicto de que os Jogos abrem novas oportunidades para a economia e consequentemente para a população brasileira. "Dificilmente outras cidades concorrentes receberiam um legado tão significativo quanto o do Rio de Janeiro", conclui. Ascom - Ministério do Esporte