Judô paralímpico: derrota em Londres é o motor de Deanne para o ouro no Rio

Publicado em Quarta, 27 Janeiro 2016 14:56
Cris Komesu/CBDVCris Komesu/CBDV
Em Pequim, ela ainda era novata na Seleção: foi a primeira viagem para o exterior que fez e a segunda competição internacional que disputou, depois dos Jogos Parapan-Americanos do Rio, um ano antes, em 2007. Ainda assim, Deanne Almeida (+70kg) surpreendeu e voltou para casa com uma prata dos Jogos Paralímpicos. Em Londres, contudo, ela teve dois tipos de obstáculo que a impediram de voltar ao pódio.
 
Na semifinal, a brasileira encarou a chinesa Yanping Yuan, que já tinha ficado com o ouro de Pequim. “É a minha maior adversária e campeã da categoria desde 2006. Ela nunca perdeu uma luta desde que entrou no judô paralímpico”, destaca Deanne. Na disputa pelo bronze, outro tropeço: “Fui com tudo e estava ganhando com um wazari e dois yukos. Faltando 20 segundos, tive uma lesão de terceiro grau na panturrilha. A adversária percebeu e passou a lutar em cima da lesão”, recorda. “Em termos de luta, não tive nenhum erro. Fiz tudo certo, mas saí arrasada”, lamenta.
 
Pensando no Rio de Janeiro, a brasileira não esquece, contudo, o que viveu na Grã-Bretanha. “Aquilo ficou preso na garganta, e eu preciso tirar este ano e conseguir a medalha”, afirma Deanne. Com trabalho de fortalecimento da musculatura, além dos treinos diários, a atleta de Belo Horizonte (MG) tem um objetivo claro e uma data definida para cumpri-lo.
 
“Tudo é voltado para as Paralimpíadas. Treinamos duas vezes por dia e já fizemos testes físicos. Agora é alinhar a alimentação, a suplementação e os treinos, tudo em prol da luta no dia 10 de setembro. Esse é o grande dia”, explica. “Quero chegar lá no ápice da forma física e técnica. Se Deus quiser, vou subir no primeiro lugar do pódio”, deseja Deanne, medalhista de bronze no Mundial da Turquia em 2014 e contemplada com a Bolsa Pódio do governo federal.
 
Cris Komesu/CBDVCris Komesu/CBDV
 
Em 2015, a peso pesado também conquistou o bronze nos Jogos Mundiais e venceu as duas lutas que disputou no Parapan de Toronto. Lá, contudo, a categoria não foi premiada por não ter fechado o número mínimo de quatro atletas na disputa. Além disso, Deanne venceu as duas etapas do Brasileiro e participou de um treinamento internacional com a seleção em Portugal. Em terceiro no ranking mundial, a judoca não esconde a ansiedade pelos Jogos dentro de casa.
 
“Por ser no Rio, a responsabilidade é muito grande. Fico pensando nisso o tempo todo. Quando você viaja, principalmente no paralímpico, não tem muita gente acompanhando. Aqui vai ter toda imprensa e minha família toda lá”, aponta. “Saí de Belo Horizonte e vim morar sozinha em São Paulo. Tudo na minha vida está sendo em prol dessa competição. Abri mão de muita coisa e mudei minha vida por ela. A responsabilidade é grande, mas consigo lidar bem com isso. A pressão me dá mais ânimo e força para treinar ainda mais”, avisa a judoca.
 
Classificação
A seleção brasileira está concentrada para um período de treinamentos em São Paulo até o próximo dia 4. Em seguida, a equipe segue para o German Open, em Heidelberg (Alemanha), entre os dias 5 e 9 de fevereiro. O Brasil já disputou o torneio nas edições de 2012, 2013 e 2014, e conquistou 23 medalhas (cinco de ouro, seis de prata e 12 de bronze). Em março, o Rio de Janeiro receberá um Grand Prix Internacional, antes de os brasileiros disputarem ainda torneios na França e na Inglaterra. O judô paralímpico não terá evento-teste. “Nosso teste é a Olimpíada”, brinca o coordenador Jaime Bragança.
 
O Brasil poderia levar uma equipe completa para os Jogos Paralímpicos desde que tivesse representantes nas 13 categorias no Mundial de 2014, em Colorado Springs (Estados Unidos). “Na época, não participamos em duas porque a Daniele Bernardes (63kg) se aposentou e não tínhamos outra atleta pronta. Nos 70kg, a atual atleta da seleção ainda não estava no processo de classificação”, justifica Jaime. Depois, a vaga foi conquistada por Alana Martins graças ao bronze nos Jogos Mundiais e à prata no Parapan, que lhe renderam pontos no ranking.
 
Assim, a delegação brasileira contará com 12 judocas no Rio de Janeiro, mas algumas categorias ainda passam por uma disputa interna para a definição dos nomes. “Para ir às Paralimpíadas, o atleta precisa ter participado de alguma das quatro competições que valiam pontos no ranking. Hoje o Brasil tem 17 atletas nessa condição. A comissão técnica vai fechar o grupo até março ou abril”, conta.
 
Nos 66kg masculino, a disputa está entre Halyson Boto e Mayco Rodrigues; nos 90kg, entre Arthur Silva e Roberto Julian; Karla Cardoso e Luiza Oliano disputam nos 48kg; e Michele Ferreira e Andreia Matos, nos 52kg. “Temos um processo de convocação desde 2009 que envolve treinamentos, avaliações físicas e técnicas e resultados em competições, para obrigar os atletas a competirem no Brasil também. Depois juntamos todas as informações e selecionamos os melhores”, explica o coordenador da modalidade.
 
“Temos atletas novos e outros mais veteranos. A ideia é que todo mundo chegue bem ao Rio e com força para disputar medalha”, adianta. “Em Londres tivemos quatro medalhas, mas todos tinham condições de subir ao pódio. Queremos chegar novamente dessa maneira e pleitear o ouro, que é a nossa meta principal”, acrescenta Jaime.
 
O maior medalhista da modalidade é Antônio Tenório, tetracampão paralímpico (Atlanta-1996, Sydney-2000, Atenas-2004 e Pequim-2008), além de bronze em Londres-2012. O judô paralímpico conta hoje com sete atletas beneficiados pela Bolsa Pódio: Antônio Tenório, Deanne Almeida, Karla Cardoso, Lúcia Teixeira, Michele Ferreira, Wilians Araújo e Luiza Oliano.
 
Ana Cláudia Felizola - brasil2016.gov.br
Ascom - Ministério do Esporte
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