De volta aos treinos, Rebeca Andrade já tem reestreia marcada

Publicado em Sexta, 29 Janeiro 2016 10:37
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O rosto inchado, o semblante triste e o desânimo ficaram pra trás. Durante as sessões no Centro de Treinamento de ginástica artística do Time Brasil, no Parque Olímpico da Barra, Rebeca Andrade está sorridente, esbelta e determinada. Depois de um semestre difícil, dedicado à recuperação após o rompimento do ligamento cruzado anterior do joelho direito, a ginasta só pensa em ajudar a seleção feminina a conquistar a tão sonhada vaga para os Jogos Rio 2016.
 
“Vou dar a minha vida”, disse Rebeca, referindo-se ao evento-teste da modalidade em abril, quando o Brasil precisa ficar entre os quatro primeiros por equipes para se garantir nas Olimpíadas. Mas a reestreia deve ser realizada antes: a ginasta está nos planos da comissão técnica para a etapa de Baku da Copa do Mundo, no Azerbaijão, de 19 a 21 de fevereiro, para a prova de barras paralelas assimétricas.
 
“Eu vou pra Baku  no dia 15 de fevereiro, mas só vou fazer paralela, é Copa do Mundo. Depois, eu vou pra Itália (campeonato por equipes, em Jesolo), aí vou fazer paralela e trave,  e salto, se Deus quiser. Depois, no evento-teste, vou me esforçar pra fazer todos”, contou a atleta.
 
Recuperação e amadurecimento
A lesão e a cirurgia foram no fim de junho de 2015, a menos de um mês dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá. Rebeca foi cortada do campeonato, já que a recuperação pedia pelo menos seis meses fora de atividade. Isso também significava perder o Mundial de Glasgow, realizado no final de outubro, e que poderia dar a vaga à equipe feminina para o Rio 2016. A ginasta viu a repetição do pesadelo de 2014, quando teve uma lesão no dedinho do pé pouco antes dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanquim, e também ficou fora. Mas, em 2015, a ausência foi mais longa e dolorida.
 
“Eu treinei a minha vida inteira pra estar no Pan e no Mundial, ajudar a levar a gente pra Olimpíada, e eu estava machucada. Não podia fazer nada, nem levantar direito, ir ao banheiro, e eu nunca fiquei tanto tempo parada. O máximo tinha sido um mês, quando eu quebrei o dedinho. E eu fiquei muito triste. Minha mãe ficou até preocupada, porque eu não queria treinar, não queria fazer mais nada. Mas ela falou que é normal essas coisas acontecerem, nem tudo são flores. Não adianta achar que você vai estar no topo toda vez, uma hora você vai cair, você tem que descer. Agradeço a Deus que tenha sido agora, porque eu só tenho que subir”, contou a atleta  que já tem duas medalhas em Copas do Mundo: bronze nas assimétricas na Eslovênia, em abril de 2015, e prata no salto, no Brasil, no mês seguinte.
 
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Até no tamanho da resposta é possível ver o amadurecimento da ginasta. Na etapa de São Paulo, em maio de 2015, era difícil tirar mais do que uma frase de Rebeca em entrevistas. O jeito de menina persiste, mas a cabeça é outra. A comissão técnica, acompanhando as reações e o desenvolvimento físico da atleta, passou do receio à confiança. O aumento de peso era o terror inicial.
 
“Quando ela voltou (no fim do ano), eu não conseguia olhar para o corpo dela. Ela estava com o rosto tão gordo, que o Alexander (Alexandrov, técnico) ficou em desespero, dizia: ‘com esse peso não vai dar’. Conforme ela foi vendo que ia conseguir -  porque existe a dúvida se o joelho vai aguentar -  ela foi desenvolvendo naturalmente. O único medo que a gente tinha era a questão do peso. Ela não treinava de top nunca. Agora só treina de collant ou de top”, contou a coordenadora da seleção feminina, Georgette Vidor.
 
A determinação também agradou Georgette. “Acho que a Rebeca depois da lesão teve muita consciência. Eu conversei com ela sobre treinar no Natal e Ano Novo e falei: ‘não quero que você esteja aqui porque nós estamos impondo. Eu quero que você esteja aqui porque você entende que, com cinco dias sem treinar, você vai ter uma atrofia que a gente está buscando recuperar’. Ela disse: ‘eu sei, é isso que eu quero” relembrou.
 
A coordenadora sabe que outro desafio virá quando exercícios de mais impacto voltarem à rotina de Rebeca, mas a confiança está alta. “Quando ela começar a fazer as provas de solo e salto, vamos ver como ela vai se sair. Se ela sentir que está bem, vai existir o receio inicial, mas vai tirar de letra”, disse.
 
Carol Delmazo - brasil2016.gov.br
Ascom - Ministério do Esporte
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