Para ministro do Esporte, revezamento da tocha irá alavancar venda de ingressos dos Jogos Rio 2016

Publicado em Quarta, 13 Abril 2016 18:02

Foto: Roberto Castro/ MEFoto: Roberto Castro/ ME

O revezamento da Tocha Olímpica, que terá início no Brasil em 03 de maio e irá percorrer 334 cidades em todos os estados do país, vai aumentar a venda de ingressos para os Jogos Rio 2016. Essa é a opinião do chefe da pasta do Esporte, Ricardo Leyser, que participou do programa “Bom Dia, ministro” da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) nesta quarta-feira (13.04).

“As pessoas ainda não despertaram para os Jogos, porque o noticiário está muito concentrado nas questões políticas. Nós temos um grande evento, vamos receber os melhores atletas do mundo e as pessoas ainda não estão completamente ligadas nas chances e possibilidades de assistirem a esse grande evento. Então, eu acho que com o começo do percurso da tocha as pessoas vão estar mais ligadas aos Jogos e essa venda de ingressos vai aumentar”, disse Leyser.

Foto: Roberto Castro/ MEFoto: Roberto Castro/ MEO Fogo Olímpico será aceso no dia 21 de abril, em Olímpia, para depois percorrer outras cidades da Grécia. Antes de desembarcar em Brasília, no início do próximo mês, a tocha passará pelas sedes da ONU e do Comitê Olímpico Internacional, ambos na Suíça. “O Fogo Olímpico e a Tocha Olímpica têm um grande simbolismo, que hoje é muito importante para o nosso país, que é um símbolo de paz, de união dos povos. Nós sabemos que na Antiguidade até guerras eram suspensas para a realização dos Jogos”, afirmou Leyser.

Além do incentivo do revezamento da Tocha, o ministro acredita que os brasileiros também devem estar abertos a conhecerem modalidades menos populares por aqui. “As pessoas não tem o hábito de consumir outros esportes. Temos ingressos esgotados para a natação, para o atletismo, mas existem outros esportes tão interessantes quanto estes e que nós vamos ver os melhores do mundo aqui. As pessoas ainda não se atentaram, que talvez o rúgbi, o hóquei, o badminton, o tênis de mesa, sejam grandes experiências. Além disso, o Brasil ainda não tem essa tradição de assistir ao vivo o esporte paraolímpico. Apesar de o país ser uma grande potência paralímpica, as pessoas ainda não têm esse hábito de comprar o ingresso e ir ao evento. O que posso sugerir é que corram para comprar os ingressos dos Jogos Paralímpicos e pesquisem outros esportes, não só aqueles que estão acostumados a assistir”, convidou.

O revezamento da tocha servirá para promover diversos pontos turísticos do Brasil. As cidades se preparam para fazer apresentações artísticas e cultura para o evento, que será um dos aspectos de nacionalização dos Jogos Rio 2016. O outro, e mais importante, é a Rede Nacional de Treinamento que está sendo construída pelo Governo Federal. “Estamos orgulhosos do que o Brasil fez nos últimos sete anos. Não é só uma questão de entregar os Jogos, mas de entregar os Jogos bem. O Brasil vai ter orgulho do que vai ser entregue no Rio de Janeiro, mas é uma questão de mudar a nossa estrutura esportiva. Eu estive na Universidade Federal de Santa Catarina entregando uma pista de atletismo nova. Nós tínhamos poucas pistas no Brasil, vamos chegar ao final de 2016 com mais de 40”, exemplificou o ministro, que ainda citou outras instalações em uso pelo país, que servirão de legado para as futuras gerações.

“O Brasil aproveitou muito esse ciclo olímpico para aprender o que precisava fazer para desenvolver seus atletas, aprender como dar acesso à prática esportiva de qualidade para a população e para renovar um pouco essa infraestrutura. Isso realmente impactava na qualidade da prática esportiva e dos nossos atletas. Temos uma grande condição para depois de 2016 termos uma condição ainda melhor no esporte brasileiro, porque nós construímos todas essas instalações para os Jogos de 2016, mas para 2020, 2024, para o futuro, todas as instalações já estarão prontas, disponíveis e vão beneficiar milhares de jovens e crianças que vão poder ter uma grande opção de vida pelo esporte”, projetou.

Foto: Roberto Castro/ MEFoto: Roberto Castro/ ME

» Confira outros trechos da entrevista

Crise política e os Jogos Rio 2016
Os Jogos Olímpicos estão praticamente prontos, com 97%, 98% da estrutura pronta, então, eles estão um pouco imunes à crise política. O Brasil vai cumprir todos os seus compromissos internacionais, organização dos Jogos em qualquer contexto que for. Não tenho dúvidas sobre isso. Isso graças ao planejamento que nós fizemos e a entrega com antecedência. Chegamos nesse ano com crise política, um pouco de crise econômica, mas com tudo pronto. Então, graças a esse planejamento não teremos problemas para entrega dos Jogos, qualquer que seja a situação do país.

Andamento das obras olímpicas
Nós avançamos muito no planejamento. O Brasil tinha ficado muito tempo fora disso que é uma grande indústria que é a realização dos eventos esportivos. Nós tínhamos, antes do Pan-Americano de 2007, feito apenas o Pan em São Paulo e a Universíade em Porto Alegre em 1963. O Brasil perdeu  muito tempo nessa indústria, que é muito forte, ligada ao entretenimento, muita mídia gera muito emprega. Obviamente, quando o Brasil volta a fazer parte desta indústria ele tem suas dificuldades. A dificuldade que o Rio de Janeiro passou em 2007, no Pan, outras cidades passaram na Copa do Mundo em 2014, porque não tinham essa experiência.

No caso dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, o Rio de Janeiro já se beneficiou de um planejamento que veio do Pan-Americano, então, cerca de 45% dos Jogos Olímpicos foram construídas para o Pan-Americano, uma parte dos Jogos Mundiais Militares de 2011, outra parte da própria Copa do Mundo, o estádio da abertura é o Maracanã, já renovado. No Rio de Janeiro, o Brasil conseguiu dar um show de planejamento, porque num período de dez anos, dos Jogos Pan-Americanos aos Jogos Olímpicos, de 2007 a 2016, nós construímos uma infraestrutura esportiva muito significativa e conseguimos fazer isso com antecedência. Recebemos a visita, ontem, do Comitê Olímpico Internacional e a avaliação sobre o estágio das obras e a infraestrutura é muito boa. Tanto é que estou dizendo que hoje estamos com o foco muito mais na operação do que na entrega da infraestrutura. Uma situação bem mais confortável do que vivemos na Copa do Mundo.

Legado esportivo
A primeira resposta é a atenção. Nunca se falou tanto sobre o esporte no Brasil, nunca tivemos tanto financiamento, realmente temos que agradecer à presidenta Dilma essa atenção não só no investimento nos Jogos no Rio de Janeiro, mas por permitir espalhar esses benefícios por todo o Brasil. Nós estamos terminando um centro esportivo em Fortaleza, no Ceará, que é um dos melhores do mundo e vai permitir que a região Nordeste também tenha acesso a essa prática esportiva. A preocupação que todos os estados se beneficiem que nós chegamos mais perto de toda população com essa possibilidade de ter essa vida esportiva e de eventualmente seguir no esporte de alto rendimento, é um grande legado que os Jogos deixam para o Brasil em termos de esporte.

Doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti
São questões que acontecem em todos os países. Hoje, com o mundo globalizado, já tivemos gripe aviária, suína, vez ou outra aparece epidemias. Estivemos reunidos com o COI nesses dois dias. Acredito que não vai afetar de forma alguma a vinda dos atletas, do público estrangeiro e as pessoas que vão trabalhar. São milhares de pessoas que vem trabalhar nos Jogos. Houve preocupação inicial pelo desconhecimento sobre a Zika, as consequências. Mas, hoje posso garantir que se houver impacto, ele será baixo.

Processo de escolha das cidades que receberão a tocha
Obviamente gostaríamos de passar com a tocha por todo o Brasil. Escolhemos com alguns critérios claros: todas as capitais e pontos turísticos que queremos mostrar para o exterior; cidades com tradição esportiva; foram vários. Também a questão operacional da rota, por onde passar e chegar. Às vezes, tem cidade que precisa passar e acabamos escolhendo alguma outra nesse percurso. O mais importante é que todos os estados estarão presentes.

Processo da vinda da tocha ao Brasil
É uma operação bonita de ser vista. Primeiro pelo aspecto virtual, pelo acendimento no templo, em Olímpia, muito carregada de simbolismo. Passa por cidades gregas, depois vem por uma lanterna, ela não pode apagar. Uma vez aceso, o fogo só pode se encerrar ao final dos Jogos Olímpicos. Ele fica esse período todo aceso. Então, tem toda uma questão de lanternas seguras, porque vem de avião, não pode apagar o fogo. Tudo isso é especial, as tochas são sofisticadas. Vamos receber no Palácio do Planalto dia 3 de maio, vai ser acesa uma mini pira, e a presidenta acende a tocha na pira e passa para o primeiro atleta do percurso, o bicampeão do vôlei Giovane Gavio. Ele será o primeiro condutor da tocha. Em algumas cidades haverá eventos culturais, shows, celebração... em outras só passará. Estamos selecionando milhares de alunos da rede pública para conduzir a tocha e atletas. Não só a tocha tem uma história, todos os condutores têm uma história a ser contada. O que fizeram pelo esporte, pela cidade, pela comunidade. Vamos passar por áreas quilombolas, assentamentos do MST, aldeias indígenas, toda a sociedade vai estar representada no percurso e nos condutores da tocha. Será um momento de união, de valorização do Brasil.

Gabriel Fialho

Ascom - Ministério do Esporte