Em Porto Velho, chama olímpica encerra jornada pela Região Norte

Publicado em Quinta, 23 Junho 2016 12:25
Foram oito dias, sete estados e mais de 1.140 quilômetros percorridos (entre revezamentos e deslocamentos terrestres) sobre a região mais extensa e menos populosa do país. Nesta quarta-feira (22.06), o fogo olímpico encerrou seu trajeto pelo Norte do Brasil e agora retorna ao Centro-Oeste, onde a jornada começou no dia 3 de maio, em Brasília. A última parada nortista foi Porto Velho, em Rondônia, onde 136 condutores levaram a chama ao longo de 37 quilômetros e percurso.
 
Logo após desembarcar em Porto Velho, a chama seguiu para a comunidade ribeirinha Vila São Sebastião. Localizado na margem esquerda do Rio Madeira, o lugarejo fica em frente à capital do estado e já chegou a ser habitado por 68 famílias. Mas um grande alagamento, ocorrido há dois anos, expulsou a maioria delas. Hoje, há apenas 13 casas ocupadas.
 
Tocha foi recepcionada por quadrilha junina em Porto Velho, Rondônia. Foto: Brasil2016.gov.brTocha foi recepcionada por quadrilha junina em Porto Velho, Rondônia. Foto: Brasil2016.gov.br
 
A chama cruzou o rio e aportou no pequeno píer de madeira do povoado. Nas varandas das casas com vista para o rio, os moradores se reuniam para compartilhar a expectativa. Caprichosamente paramentados, os integrantes da quadrilha junina A Roça é Nossa se alinharam em um corredor humano, para recepcionar a chama. "Estamos todos em transe por participar do momento", afirmou o quadrilheiro e assessor de finanças Alexandre Aguilera, 26 anos.
 
O percurso, de cerca de 600 metros, foi percorrido por três condutores locais. A trilha, acompanhada com euforia pela criançada, culminava em um gramado central, onde a quadrilha, composta por mais de quinze casais, demonstrou os passos mais tradicionais do folguedo.
 
José Rabelo, último a carregar a chama na Vila São Sebastião, entrou no círculo da quadrilha e acompanhou a coreografia. Na entrada do povoado, os moradores Raimundo Nonato dos Santos, 69 anos, e Rosária Rabelo, 66, aproveitavam o movimento para vender água e quitutes aos visitantes. "Estamos muito felizes por terem lembrado de nós nesse interiorzinho. Aqui nunca aconteceu nada parecido ", dizia Raimundo.
 
 
Medalhista
À tarde, o percurso foi retomado na Praça das Três Caixas D'água, no centro da cidade. Os tanques de armazenamento abasteceram a cidade com água potável até 1957 e depois viraram ponto turístico. Um quilômetro depois dali, foi a vez do atleta paralímpico Mateus Evangelista conduzir a chama. Nascido e criado em Porto Velho, Evangelista tem uma paralisia cerebral causada por problemas no parto. Ele compete nas provas de 100, 200 metros e no salto em distância, na categoria T37, e conquistou três medalhas de ouro no Parapan de Toronto.
 
No ano passado, ainda melhorou o recorde mundial em sua categoria e, agora, é forte candidato a representar o país nas Paralimpíadas Rio 2016. "Em setembro, espero fazer os 200 metros mais rápidos da minha vida, mas com a tocha pretendo que sejam os 200 metros mais longos", brincava. Ele cumpriu o plano e esticou ao máximo seu encontro com a chama, tendo como trilha sonora os gritos dos espectadores, que chamavam seu nome.
 
A cidade se organiza em torno do Rio Madeira e das lembranças dos tempos áureos, quando se ouvia o apito da locomotiva da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Construída para escoar a produção amazônica de borracha, castanha e outros produtos, a linha férrea foi desativada em 1972. Hoje, uma praça na cidade exibe o que resta dos vagões e trilhos.
 
Quem toma conta do acervo da ferrovia é o ex-ferroviário Lord Brown. Filho de um inglês que trabalhou na Madeira Mamoré, ele aprendeu o ofício com o pai, e também dedicou a vida ao trem que movimentava Porto Velho. "A passagem da chama é muito simbólica para a valorização da história da nossa estrada de ferro", defendeu.
 
Projeto
A capital de Rondônia receberá uma unidade do Centro de Iniciação ao Esporte (CIE), orçado em R$ 3,7 milhões. O Ministério do Esporte analisa um projeto para a construção de uma pista de atletismo na Fundação Universidade Federal de Rondônia (Unir). As Federações de Judô e Lutas Associadas receberam equipamentos como tatames, placares, entre outros. Dentre os beneficiários do Bolsa Atleta, há dezessete desportistas que vivem ou moram no estado. Além de Mateus Evangelista, a lutadora de taekwondo Talisca Jezierski dos Reis também recebe o Bolsa Pódio.
 
Roteiro
Nesta quinta-feira (23.06), a tocha olímpica encerrará seu percurso pela Região Norte e entrará de novo no Centro-Oeste pelo Mato Grosso. A primeira parada será Várzea Grande e, em seguida, a chama passará pela capital do estado, Cuiabá. No dia seguinte, fará uma passagem por pontos turísticos, como Pantanal, Nobres e Chapada dos Guimarães.
 
Mariana Moreira, de Porto Velho (RO)
Ascom - Ministério do Esporte