Chama olímpica chega ao Rio Grande do Sul e completa todas as unidades da federação

Publicado em Segunda, 04 Julho 2016 10:15
O sotaque, a pilcha e o chimarrão indicavam que a chama olímpica estava em solo gaúcho. Nas ruas de Passo Fundo, cidade celebração, centenas de pessoas aproveitaram o domingo (03.07) para ver a passagem da tocha. A música regional foi cantada na voz da dupla Oswaldir e Carlos Magrão preparando os gaúchos para o acendimento da pira pelo campeão olímpico do vôlei Gustavo. Neste domingo, o fogo olímpico completou todos os estados brasileiros, além do Distrito Federal, e segue no Rio Grande do Sul até a cidade de Torres no dia 9 de julho.
 
Passo Fundo é a maior cidade do norte do estado e contou com a participação de 36 condutores no percurso de 7,5 quilômetros. A população acolheu a passagem da chama lotando os principais pontos turísticos e fez festa ao som de Oswaldir e Carlos Magrão. A dupla, que tem 30 anos de estrada, disse que foi uma alegria participar da celebração. "A cidade representa muito para os gaúchos, em especial por Teixeirinha, um grande artista. Nós regravamos uma das canções dele chamada 'Querência Amada'. Onde há um gaúcho, e tem no mundo inteiro, canta-se a música". Teixeirinha, que faleceu em 1985, foi considerado o Rei do Disco pelos recordes de vendas e tem nome de praça e de estátua na cidade.
 

Campeão olímpico
Ouro nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, Gustavo Endres foi o responsável por conduzir a tocha até o palco e acender a pira no Parque da Gare. Natural de Pato Fundo, o jogador de vôlei era só alegria. "Baaaahhhh. Que prazer estar na minha cidade, conduzindo a chama, o símbolo olímpico", disse ele durante a celebração. Gustavo lamenta não ter nascido uns dez anos mais tarde para poder jogar a Olimpíada do Rio e vibrou pela oportunidade de fazer parte do tour da tocha na cidade que ama. "Não estarei nos Jogos como atleta por causa da minha idade, mas me sinto muito honrado de fazer parte dos Jogos, onde minha história começou", disse o gaúcho que ainda tem toda a família morando em Passo Fundo.
 
O medalhista acredita que o país vive um momento único e aconselha a população a aproveitar o maior evento esportivo do mundo. "Eu acho que o povo brasileiro merece essa festa e sentir essa emoção de uma Olimpíada em casa. O Brasil merece", afirma. A seleção masculina de vôlei e o Murilo Endres, irmão mais novo de Gustavo, competirão em agosto no Rio de Janeiro - e já têm torcida garantida. "Vamos torcer muito por ele, não só por ele, mas para as seleções feminina e masculina. Para todas as modalidades esportivas", garante. 
 
Gustavo, campeão em Atenas, agora gerencia projetos para o desenvolvimento do vôlei no estado. Foto: Francisco Medeiros/ brasil2016.gov.brGustavo, campeão em Atenas, agora gerencia projetos para o desenvolvimento do vôlei no estado. Foto: Francisco Medeiros/ brasil2016.gov.br
 
Aos 40 anos, o ex-jogador coleciona inúmeros títulos. É hexacampeão da Liga Mundial, além de ter sido considerado o melhor bloqueador do mundo e o melhor sacador da seleção brasileira. Gustavo usa essa experiência para formar novos atletas e quer ajudar a encontrar verdadeiros talentos. "Nosso objetivo é formar as novas gerações olímpicas. Por isso sempre levo minha medalha para mostrar que, se eu consegui, aquelas crianças também podem", sonha.
 
Fora das quadras, Gustavo agora acumula funções: atua como supervisor técnico da equipe masculina do Canoas e é padrinho do projeto Sacada Inteligente. "Estou muito feliz com essa nova missão de gestão. Costumo dizer que já sou campeão gaúcho duas vezes, com o Canoas e com a equipe adulta feminina do projeto social de Passo Fundo", comemora.
 
Gustavo também coordena cinco núcleos no estado, com foco nos jovens de 10 a 18 anos, resultado de convênio do Ministério do Esporte com o Centro Universitário La Salle-RS para a formação de 5 núcleos de categorias de base de vôlei (Canoas, Porto Alegre, Esteio, Caxias do Sul e Sapucaia do Sul). A parceria possibilitou compra de uniformes, equipamentos (pisos, materiais de informática e aparelhos de musculação) contratação de profissionais e capacitação da equipe técnica. O convênio estruturou, ainda, o Canoas Vôlei, que disputa a Superliga Masculina, time que Gustavo encerrou a carreira após ser tricampeão gaúcho.
 
Revezamento
No Largo da Literatura, na Avenida Brasil, o ex-tenista da seleção brasileira de tênis Marcos Daniel foi o escolhido para começar o revezamento. Com participação nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008, o passo-fundense descreveu a sensação de como é voltar no tempo e reviver os tempos de jogador. "É muito gratificante conduzir a tocha na minha cidade e depois de ter vivenciado tanto coisa como atleta, hoje volto a ser criança. Já estou há 6 anos afastado do tênis e posso sentir o frio na barriga de novo", conta. Marcos, que já foi numero 1 do Brasil e chegou a ser o 56° do ranking da ATP, ficou surpreso por ser lembrado e deixou sua torcida para o tênis brasileiro. "Vamos estar com força máxima no Rio e estaremos bem representados. Acredito Bruno e Marcelo são candidatos a medalha", opina.
 
Ao longo do percurso, o comboio passou por pontos históricos e culturais da cidade. Da Igreja da Matriz, localizada na praça Tamandaré, a tocha voltou para a Av. Brasil até chegar na Praça da Cuia, cartão postal de Passo Fundo que possui o símbolo da cultura gaúcha. Em seguida, a chama conheceu o Monumento do Teixeirinha, onde grupos da tradição gauchesca fizeram a recepção do comboio com danças e músicas regionais. A festa só terminou no Parque da Gare - conjunto arquitetônico que relembra o antigo local onde passava o trem, tendo como ponto alto o "Monumento ao Homem Voador".
 
 
Lorena Castro, Lilian Amaral e Rafael Brais 
Ascom – Ministério do Esporte