Frio dá uma trégua e Florianópolis recebe a chama olímpica em dia ensolarado

Publicado em Segunda, 11 Julho 2016 15:33
Fabiana Beltrame, atleta olímpica do remo, realiza o sonho de carregar a tocha olímpica.  (Foto: Ivo Lima/ME)Fabiana Beltrame, atleta olímpica do remo, realiza o sonho de carregar a tocha olímpica. (Foto: Ivo Lima/ME)
 
Foram dias de frio intenso, umidade e nevoeiro, em pleno inverno gaúcho, mas, no último domingo (10.06), o giro da chama olímpica seguiu rumo a Santa Catarina e foi surpreendido por um dia mais ameno, emoldurado por um céu azul e sem nuvens, que atraiu os moradores para as praias e os 25 quilômetros de ruas por onde o fogo desfilou. Depois de um domingo de passagens pelas cidades de Tubarão, Laguna, Palhoça e São José, Florianópolis foi a cidade de número 224 na peregrinação brasileira do Revezamento da Tocha Olímpica.
 
Dentre os 105 condutores selecionados para a missão, estavam algumas celebridades do esporte. Florianopolitano, o ex-nadador Fernando Scherer, o Xuxa, foi um deles. Ganhador de duas medalhas de bronze olímpicas (50m livre em, Atlanta-1996, e revezamento 4x100m livre, em Sidney-2000) e considerado, durante a década de 1990, um dos três atletas mais rápidos das piscinas, ele acredita que as participações como atleta olímpico e como condutor da chama têm sabores diferentes. Enquanto a participação olímpica é pautada pelo sonho, pela dedicação e pelo treino, o convite para carregar o símbolo dos jogos é um reconhecimento de suas realizações no esporte. "Comecei minha carreira no Clube 12 de Agosto, realizei meu sonho de ser medalhista olímpico treinando aqui. Nada mais justo do que conduzir a chama dos Jogos Rio 2016 na minha cidade", acredita.
 
Outra manezinha da ilha - apelido carinhoso dado a quem nasce na cidade - a levar a tocha foi a remadora Fabiana Beltrame. Ela já participou de três edições dos Jogos - Atenas-2004, Pequim-2008 e Londres-2012 -, foi campeã mundial em 2011, ganhou 20 vezes o Campeonato Brasileiro e oito vezes a etapa sulamericana e, em seu extenso rol de medalhas, ainda contabiliza um ouro e duas pratas em Jogos Panamericanos. "A chama envolve não só os atletas, mas mobiliza a torcida e estimula todos a prestigiarem o esporte", destaca.
 
Em seu trajeto, Fabiana teve o privilégio de receber a chama das mãos de um ícone do esporte que pratica: Odilon Maia, que, aos 87 anos, soma 65 anos de prática do remo, e continua em atividade. Hoje, é o remador mais antigo e com maior numero de títulos na América do Sul e agrega 16 títulos mundiais no currículo. Sua próxima empreitada já tem data e local: em setembro, ele participa de mais um mundial, na Dinamarca.
 
"Odilon é uma lenda do remo catarinense. Temos uma ligação muito forte, ele foi um dos meus maiores inventivadores", afirmou Beltrame. "Da primeira vez que vi Fabiana remando, percebi que levava jeito. Ela tinha uma remada fácil, suave", afirmou o veterano, sobre o talento da atleta olímpica.
 

Revezamento Tocha - Florianópolis SCRevezamento Tocha - Florianópolis SC

Surfe nas Olimpíadas
O revezamento em Floripa teve outro destaque, em especial para os amantes das ondas que emolduram os 42 quilômetros de praia da ilha. Teco Padaratz, um dos primeiros brasileiros a participar de circuitos internacionais de surfe, também foi condutor. "Vou bater o recorde como o corredor mais lento a percorrer 200 metros", brincava ele. Padaratz foi duas vezes campeão mundial e carrega o orgulho de ser o primeiro brasileiro a vencer Kelly Slater, considerado o maior surfista de todos os tempos.
 
Confiante no "Brazilian Storm", nova geração do esporte que tem em Gabriel Medina seu maior expoente, Teco acredita que a inclusão do surfe dentre as modalidades olímpicas é questão de (pouco) tempo. "Surfe na Olimpíada" foi seu grito de guerra durante o trajeto, enquanto fingia surfar ondas, de tocha na mão, sob os aplausos de seus conterrâneos.
 
Na constelação de condutores selecionados para a missão Floripa, ainda houve espaço para o rock brasileiro. Di Ferrero e seus companheiros da banda NXZero dividiram o momento e foram responsáveis por entregar a chama para Teco. "Já tocamos em muitos eventos esportivos, desde a Copa do Mundo, até em competições de pista de skate. Sem contar que fazer um show de uma hora e meia, cantando e tocando, é quase um esporte", comparava Ferrero que, durante a festa de Celebração de acendimento da pira olímpica, embalou mais de 30 mil pessoas presentes no Trapiche da Beira-Mar. Antes, a cantora carioca Ludmila animou o público.
 
Imbuídos de curiosidade pela visita olímpica, muitos moradores de Florianópolis elegeram as calçadas da cidade como programa dominical. A bibliotecária Adriana Monteiro, de 50 anos, escolheu uma praça central para uma espécie de 'acerto de contas'. "Já estive em cidades pelas quais a tocha tinha acabado de passar. Também deixei cidades às vésperas da passagem da chama. Hoje, na minha terra, nos encontraremos", comemorava.
 
Reserve Day
Nesta segunda-feira (11.07) - dia 70 do revezamento - a tocha participa apenas de uma sessão de fotos na ponte Hercílio Luz, conduzida pelo remador Anderson Nocetti e pelo velejador Bruno Fontes. O restante do dia está sendo dedicado ao descanso dos organizadores e à manutenção dos veículos que compõem o comboio. A programação normal será retomada nesta terça-feira, quando o fogo olímpico passará por Biguaçu, Balneário Camboriú, Itajaí, Ilhota, Gaspar e Blumenau.
 
Mariana Moreira - brasil2016.gov.br
Ascom – Ministério do Esporte