Marcus Vinicius Freire: “queremos saltar para o décimo lugar, com 25, 26 ou 27 medalhas”

Publicado em Terça, 12 Julho 2016 14:37
A primeira final olímpica que Marcus Vinicius Freire, de 53 anos, disputou foi em Los Angeles, em 1984. Ao lado de Renan, Montanaro, William, Bernard e companhia, ele trouxe para casa uma medalha de prata e levou o voleibol brasileiro ao pódio pela primeira vez. Agora, o gaúcho de Bento Gonçalves viverá a expectativa de uma final a cada um dos 17 dias dos Jogos Rio 2016. Diretor-executivo do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Marcus Vinicius responde pela preparação das 42 seleções brasileiras que disputarão todas as modalidades do torneio - fato inédito em Jogos Olímpicos.
 
Pouco antes de participar do revezamento da tocha e conduzir a chama olímpica em Bento Goncalves (RS), no último sábado, o dirigente conversou com o brasil2016.gov.br e falou sobre os preparativos para os primeiros Jogos Olímpicos realizados na América do Sul, as reais chances de medalhas do Brasil e a expectativa que envolve o país até 5 de agosto, data da abertura das competições no Rio de Janeiro. Confira os principais pontos da entrevista:
 
 

Qual a atual situação da delegação brasileira que vai disputar dos Jogos?

 
O Brasil nesse momento tem 460 atletas classificados para os Jogos. É o maior número da nossa história. Levamos para Londres 259 atletas. Pela primeira vez, o país vai estar em todas as modalidades. Estaremos representados nas 42 modalidades. Então a torcida pode ficar ligada e acompanhar todos os esportes, que vai ter brasileiro lá.
 

Como foi possível chegar a essa marca?

 
Nós traçamos um mapa estratégico do esporte, em conjunto com os ministérios do Esporte e da Defesa, com os clubes e confederações, para fazermos esse salto de qualidade. Lembrando que o Brasil, em Londres, conquistou 17 medalhas e ficou na 16ª posição. Nós queremos saltar para o décimo lugar, algo em torno de 25, 26, 27 medalhas. É quase o dobro de medalhas de quatro anos atrás e, por isso, um plano duro, difícil de ser executado, mas feito passo a passo, em conjunto com todos esses agentes. Estamos dormindo tranquilos, porque a preparação foi a melhor da história brasileira, no que tange financiamento, treinador estrangeiro, experiência dos atletas, Bolsa Pódio, Plano Brasil Medalhas. Foi a melhor preparação possível.
 

Vai ser possível alcançar o top 10?

 
Não é fácil, mas é possível. Hoje, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) tem mais de 20 atletas olímpicos trabalhando. Já ganhamos muitos jogos que achávamos que iríamos ganhar, também já perdemos muitas disputas que esperávamos ganhar. Minha geração é um exemplo disso. Ganhamos de 3 sets a 0 dos Estados Unidos durante a Olimpíada, e perdemos a final para eles, também por 3 sets a 0. Em vez de ouro, viramos prata. Mas faz parte. Acreditamos na nossa delegação, a maior da história, em todos os esportes. Em 21 de agosto quero conversar de novo com você e, se Deus quiser, com o Brasil na décima posição do quadro de medalhas.
 

Como o senhor fez essa transição entre ser atleta e executivo do esporte?

 
Minha vida é meio estranha para um atleta olímpico. Nasci em Bento Gonçalves, filho de um militar. Ia ser militar, como meu pai, desde o começo da ideia. Estudei em colégio militar a vida inteira, até ser convocado para a seleção brasileira infanto-juvenil de vôlei, com 13 para 14 anos. Ali, mudei minha história, fui jogar vôlei de forma amadora, estudei Engenharia, depois me formei em Economia, sendo jogador profissional. A volta para o mercado não foi fácil, mas o estudo foi o que me baseou. Fiquei 16 anos como jogador profissional, atuei na Europa muito tempo. Depois tive 16 anos como executivo do mercado financeiro, em bancos e seguradoras, e agora consegui essa mistura dos dois. Fui dez anos voluntário no COB e, há sete, sou o diretor-executivo e cuido da preparação das 42 seleções brasileiras.
 

Em que o atleta Marcus Vinicius ajudou o dirigente?

 
Em tudo. Os parâmetros e valores do esporte eu levei para o escritório, como executivo, e a experiência somada de 15 anos jogando pelo mundo afora me tornaram um executivo melhor. Mas é preciso saber trabalhar em equipe. Joguei a vida inteira num time de 12, hoje jogo num time de 200 milhões, que é o Time Brasil.
 
(Foto: Ivo Lima/ME)(Foto: Ivo Lima/ME)
 

O que o senhor acha da nacionalização dos jogos?

 
É espetacular, é o jeito de mostrar que os jogos são do Brasil. Participei da campanha inteira, até a vitória de 2009. A partir dali, comecei a cuidar só dos atletas. Mas na campanha tínhamos essa bandeira que os jogos tinham que ser do Brasil, e não só do Rio de Janeiro. Moro no Rio há muito tempo, mas acho que o Brasil inteiro merecia. A passagem da tocha confirma isso e traz um pouquinho dos Jogos para todos os brasileiros. Por isso escolhi conduzir a tocha na minha cidade. Às vésperas dos Jogos, muita gente me perguntou: "por que não correr no Rio? Muito mais fácil". Eu respondo que escolhi onde nasci, porque tem muito mais representatividade do que onde vai ter um monte de gente correndo.

 

Estamos cumprindo a missão de fazer o maior revezamento da história? Que imagem do Brasil estamos passando para o mundo?

 
Ser o maior, para mim, não faz diferença. Mas o mais alegre, o mais festivo, o mais comemorado, o mais brasileiro. Essa é a nossa cara e a cara dos nossos Jogos. As pessoas me perguntam: os Jogos no Brasil vão ser iguais aos de Pequim, de Atenas, de Sidney ou de Londres? Não vai ser igual a nenhum deles, vai ser a cara do Brasil. Por isso, essa passagem da tocha é a mais linda, porque é brasileira.
 

Quem terá a honra de ser o último condutor da tocha olímpica?

 
Isso é o Rio 2016 quem decide. Já tenho duas missões até a semana que vem: decidir quem será o porta- bandeira e os três atletas e o treinador que farão o juramento. Deixa só essas tarefas comigo. O resto, o Rio 2016 decide (risos).
 
Mariana Moreira
Ascom – Ministério do Esporte