Recorde mundial marca último dia para garantir vaga nos Jogos Paralímpicos

Publicado em Segunda, 18 Julho 2016 08:46
Silvania chega aos Jogos Paralímpicos animada com a melhor marca do mundo no salto em distância. Foto: Leandro Martins/MPIX/CPBSilvania chega aos Jogos Paralímpicos animada com a melhor marca do mundo no salto em distância. Foto: Leandro Martins/MPIX/CPB
 
Nem o frio que marcou o amanhecer deste domingo (17.7) em São Paulo foi capaz de tirar a empolgação dos mais de 600 atletas que disputaram a terceira etapa do Circuito Loterias Caixa de Atletismo e Natação, disputado no Centro de Treinamento do Comitê Paralímpico Brasileiro. Desde cedo, os atletas se movimentavam para espantar a baixa temperatura e buscar a última oportunidade de classificação para os Jogos Paralímpicos Rio 2016.
 
O destaque da competição foi Silvania Costa de Oliveira, do salto em distância classe T11 (cego total). Ela bateu o recorde mundial na modalidade com 5,46m (12 cm a mais que a melhor marca anterior). Com o feito, Silvania ocupa a primeira posição do ranking mundial.
 
"Eu estou muito feliz com os meus resultados. Já bati o recorde brasileiro, ganhei o título sul-americano, o parapan-americano e agora o recorde mundial. Isso é resultado de um trabalho que vem dando certo", comemora a atleta sul-matogrossense, de 29 anos. "No Rio quero muito que todos vocês estejam comigo para me mandar muita energia positiva para que eu consiga bater meu próprio recorde e conquistar uma medalha para o Brasil", convoca Silvania.
 

Ansiedade até terça

Do lado oposto da tranquilidade apresentada pela nova recordista mundial está a ansiedade do fundista Bartho, que ainda vai ter que esperar até terça-feira, dia da convocação oficial do CPB, para saber se participará dos Jogos Paralímpicos.
 
"Hoje terminei em primeiro a prova de 1.500 metros na categoria T11 e fiquei com uma expectativa grande, pois ainda não estou confirmado, mas também não estou descartado. Só me resta contar as horas para que essa convocação chegue logo", conta o atleta que já tem duas paralimpíadas na bagagem em 15 anos de atletismo. "Eu fiz um bom trabalho de preparação e agora é só aguardar e torcer. Meu melhor resultado em Paralimpíada foi um quinto lugar. Tenho 16 medalhas em campeonatos internacionais, mas ainda me falta uma medalha paralímpica", complementa Bartho.
 

O coordenador técnico da seleção brasileira de atletismo paralímpico, Ciro Winkler, diz que esses últimos três dias foram a finalização de um longo processo de preparação. "Esse ciclo só se encerra em 19 de setembro, ao fim das Paralimpíadas, mas hoje também é um dia importante, por ser a última oportunidade de obtenção da vaga. Nosso critério, muito claro, é o ranking mundial, mas certamente alguns atletas vão ficar emocionados e até surpresos pela convocação na terça", comenta.
 

Iguais até nas possibilidades

Beatriz está para Debora assim como Debora para Beatriz. É no verdadeiro clima de amor entre irmãos que as gêmeas de 18 anos se enfrentam na piscina. Elas nasceram com uma leve deficiência intelectual e competem juntas na categoria S14.
 
Desta vez Beatriz levou a melhor, quebrando o recorde brasileiro que pertencia à irmã nos 200m livres, Bia fez 2min27s, resultado que a deixa perto da convocação. "Fora da piscina a gente fica se provocando sobre quem vai ganhar, mas no fundo uma torce demais pela outra. Somos muito amigas", Debora.
 
Sobre os ídolos das atletas na natação paralímpica, a opinião é unânime: Daniel Dias e Clodoaldo Silva. Já na modalidade regular elas se dividem: Bia se declara fã de César Cielo enquanto Debora prefere o norte-americano Michael Phelps. "Adoramos estar no meio de todos esses atletas. Essa é a nossa vida e a maior alegria", finaliza Beatriz.
 
Phelipe Rodrigues superou André Brasil na prova dos 100m livre. Foto: Leandro Martins/MPIX/CPBPhelipe Rodrigues superou André Brasil na prova dos 100m livre. Foto: Leandro Martins/MPIX/CPB
 

Duelo nacional

O último dia de disputas na piscina ainda foi marcado por outros recordes, mas a prova mais acirrada ficou entre dois nadadores experientes da classe S10. Nos 100m livre, Phelipe Rodrigues levou a melhor sobre André Brasil ao vencer com 53s26. "O André vem dominando essa prova desde 2008. Vai ser uma bela disputa nos Jogos Paralímpicos entre todos os atletas que vão chegar forte no Rio", diz o vencedor.
 
O presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Andrew Parsons, exaltou o esforço dos atletas e entidades que apoiam o paradesporto. "Muitos atletas estão buscando essas vagas. Tem gente com frio na barriga, tem gente com os dedos cruzados. O importante é que todos estão dando o máximo para conseguir bons resultados. Daqui vão sair campeões, não somente para o Rio 2016 ou para Tóquio 2020, mas para a sociedade, que é o mais importante", afirma. "Hoje em dia estamos vendo, lamentavelmente, muita intolerância no mundo, diversas vezes por conta da ausência de respeito à diferença. E eu digo o contrário: viva as diferenças! São elas que nos permitem construir um mundo melhor para se viver".
 
Valéria Barbarotto 
Ascom - Ministério do Esporte