Confiante, Tiago Camilo sonha com o ouro no Rio

Publicado em Segunda, 18 Julho 2016 15:43
Tiago Camilo pronto para encarar o maior desafio da sua carreira (Foto: Buda Mendes/Getty Images)Tiago Camilo pronto para encarar o maior desafio da sua carreira (Foto: Buda Mendes/Getty Images)
 
Foi sentado na frente da televisão na pequena cidade de Bastos, interior paulista, que o sonho olímpico nasceu no coração de Tiago Henrique de Oliveira Camilo. Era 1996. Do sofá de casa, o jovem de 14 anos viu os judocas Aurélio Miguel e Henrique Guimarães subirem ao pódio dos Jogos Olímpicos de Atlanta como medalhistas de bronze. O que o paulista nem imaginava que, quatro anos depois, seria ele quem estaria colocando no peito o objeto mais desejado por qualquer judoca: uma medalha olímpica.
 
Hoje um atleta experiente e reconhecido internacionalmente, Tiago Camilo, 34 anos, chega aos Jogos Olímpicos Rio 2016 como o “piloto” da Seleção conhecida como carro-chefe do Time Brasil nos planos de atingir a meta de figurar entre os 10 melhores no quadro de medalhas nas Olimpíadas no Brasil. O judoca recebe o apoio financeiro do programa Bolsa Pódio do Ministério do Esporte. 
 
Passados 20 anos desde as conquistas olímpicas de Aurélio Miguel e Henrique Guimarães em Atlanta, resultados que fizeram Tiago Camilo escolher o judô como filosofia de vida, o paulista olha para trás e observa anos de alegria, tristezas, lesões, cirurgias, derrotas e muitas vitórias no caminho que já o levou a três Jogos Olímpicos – Sydney 2000, Pequim 2008 e Londres 2012 – e que o conduziu, neste ciclo, a uma vaga para competir em casa.
 
A motivação nunca mudou desde a estreia nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000. Mas no Rio a experiência será ainda mais especial. E não é apenas pelo fato de competir em casa. Afinal, na capital fluminense Tiago Camilo pode entrar para a história do judô ao se tornar o primeiro atleta do planeta a conquistar três pódios olímpicos em categorias diferentes. Ele foi prata em Sydney 2000 na categoria leve e levou o bronze em Pequim 2008 na categoria nos meio-médios. No Rio 2016, vai encarar as lutas na categoria médio. 
 
O judoca busca o terceiro pódio olímpico (Foto: Roberto Castro/ME)O judoca busca o terceiro pódio olímpico (Foto: Roberto Castro/ME)
 
“Me sinto muito feliz em olhar para trás e ver toda a minha trajetória no esporte, desde quando comecei na Seleção, aos 16 anos. São 18 anos dedicados à Seleção Brasileira e fico feliz em estar aqui nesta equipe talentosa e que tem muita chance de fazer a melhor Olimpíada da história do Brasil”, afirma.
 
Os brasileiros terão a oportunidade de ver no Rio 2016 o estilo de luta tradicional, conhecido como japonês, de Tiago Camilo. O foco do atleta está sempre na busca pelo ippon. “Estou feliz em saber que estou bem e tenho potencial para conquistar mais uma medalha olímpica. Estou evoluindo tecnicamente, fisicamente e psicologicamente. A evolução sempre foi o motivo de tudo”, diz. 
 
A concentração e a calma que contagia quem está a sua volta são as características marcantes que o judoca carrega para o tatame. “O treinamento me traz tranquilidade. Sempre quando estou treinando dou o meu máximo, todos os dias da minha vida. E quando estou na competição eu sei que eu fiz o meu melhor. Eu não me cobro de nada quando chego nas lutas”, explicou.
 
O portal brasil2016.gov.br conversou com o medalhista olímpico durante a última fase de treinamento antes das olimpíadas e ouviu dele uma revelação: “O meu sonho agora é ser campeão olímpico”.
 
Tiago Camilo no último treino antes do Rio 2016 no Centro Pan-Americano de judô, na Bahia (Foto: Roberto Castro/ME)Tiago Camilo no último treino antes do Rio 2016 no Centro Pan-Americano de judô, na Bahia (Foto: Roberto Castro/ME)
 

Confira a entrevista com o judoca: 

 

Como é ser o piloto do carro-chefe do Brasil nas Olimpíadas?

Estou há mais tempo na Seleção e sou o mais velho da equipe. O judô é muito mais do que fator competição. Envolve toda filosofia, respeito, ética e dedicação que o atleta tem na vida. Sempre vou ter isso na minha vida até depois de me aposentar. 
 

Qual é a sua motivação para continuar no judô após tantas conquistas?

 
As medalhas, as conquistas e o sonho são importantes. Mas o que te leva ao sonho é a evolução diária. Eu sempre foquei nisso. Me vejo totalmente apto a conquistar mais uma medalha olímpica e ao mesmo tempo fico feliz em estar evoluindo a cada dia. 
 

Em 2000, você conquistou a medalha de prata ao vencer três adversários com ippons. Essa é a sua característica de luta?

 
Sempre lutei buscando ippon, desde criança. O judô sempre foi para mim a busca por ippon. Desde quando ia para a academia treinar eu sempre gostei muito de melhorar as minhas técnicas. Isso sempre foi me dando muito prazer.
 

Como foi conquistar duas medalhas olímpicas?

 
Em 2000, eu era um adolescente, com 18 anos. Na minha segunda Olimpíada (Tiago não se classificou para os Jogos de Atenas 2004 e só retornou às Olimpíadas em Pequim 2008) eu era campeão do mundo, melhor atleta da categoria. Foi uma Olimpíada com muitas dificuldades tácticas. Eu sempre fui de buscar a medalha de ouro, quando sofria uma derrota eu também perdia todo o interesse pela competição. Em Pequim foi um aprendizado, pois foi bom para ver que eu poderia ter essa recuperação dentro de uma competição. Saí de lá com uma medalha de bronze como se fosse de ouro, não pelo fato da medalha, mas pela minha atitude de ter revertido uma situação difícil e ter chegado ao pódio (Camilo perdeu a luta contra o alemão Ole Bischof e teve que lutar a repescagem até conquistar o bronze).
 

Como você encara o fato de ser um ícone do judô brasileiro?

 
Isso é o ciclo do esporte e da vida. Você serve de exemplo e depois você passa para frente. Se hoje eu estou fazendo papel de ídolo e exemplo, certamente os judocas da nova geração serão no futuro. Você é exemplo daquilo que vive e que ver. A nossa responsabilidade é passar o melhor exemplo possível para eles para que no futuro eles levem a nossa semente.

O que esperar dos Jogos Olímpicos Rio 2016?

 
Estou muito bem e tenho potencial de conquistar mais uma medalha olímpica. O meu objetivo agora é ser campeão olímpico.
 
Breno Barros
Ascom – Ministério do Esporte