Os benefícios e impactos econômicos e turísticos que a realização de megaeventos esportivos gera ao país-sede foram tema de debate do 2º Salão Mineiro de Turismo, que ocorreu nos dias 3 e 4 de abril, em Belo Horizonte, Minas Gerais. No dia 4, em uma mesa-redonda, a assessora de relações institucionais da candidatura Rio 2016 no Ministério do Esporte, Paula Sanches, apresentou o projeto brasileiro de trazer, pela primeira vez, os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos ao Brasil, destacando os ganhos que o evento proporcionaria ao País, tanto em relação à promoção de sua imagem no exterior, como no desenvolvimento da indústria do turismo. O Rio de Janeiro disputa o direito de sediar as Olimpíadas de 2016 com Madri (Espanha), Tóquio (Japão) e Chicago (EUA). A experiência nos Jogos Pan-americanos foi mencionada na apresentação. A competição realizada em julho de 2007 no Rio de Janeiro impulsionou o turismo na cidade. De acordo com o Sindicato dos Restaurantes, Bares e Hotéis do Rio de Janeiro (SindRio), um dos impactos na área turística foi o aumento identificado de 18% no movimento de entretenimento e de refeições servidas na região da Barra da Tijuca, uma das que concentraram as competições e outras atividades relacionadas aos Jogos de 2007. Paula ressaltou que a realização dos Jogos de 2016 traria benefícios não apenas ao esporte, mas também ao turismo nacional. "Os benefícios de um megaevento esportivo ultrapassam os limites da cidade-sede e seus impactos se refletem em toda a cadeia produtiva do país. Há também a melhoria dos serviços prestados e a capacitação profissional em uma imensa gama de setores. O turismo é uma das áreas que mais se beneficiam", afirma Paula Sanches. Ela citou o exemplo de Barcelona, na Espanha, que, após sediar os Jogos Olímpicos de 1992, apresentou um aumento de 105% nos pernoites em comparação com o período anterior ao evento. Em 1990, foram contabilizados 3,796 milhões de pernoites e, em 2000, o número saltou para 7,778 milhões. Durante os Jogos, a cidade recebeu pouco menos que 2 milhões de turistas, número semelhante ao dos anos anteriores. Dez anos depois, em 2001, o grande legado se fez sentir quando a cidade recebeu mais de 3 milhões de turistas. O número de passageiros nos aeroportos de Barcelona também cresceu consideravelmente depois de uma década de realização dos Jogos: se, em 1992, o trânsito aéreo na cidade abarcava 10 milhões de pessoas, em 2001 chegou a mais de 20 milhões. A quantidade de participantes de convenções mais do que duplicou, passando de 100 mil em 1992 para 250 mil em 2001. A história comprova que, já no período de candidatura, as cidades concorrentes a sede do maior evento esportivo do mundo experimentam ações de curto prazo altamente eficazes, que fomentam o turismo e agregam valor à sua imagem. Os números dos Jogos de Sydney 2000, na Austrália, também são exemplares. De 1993 a 1996, portanto ainda na década anterior ao evento, as chegadas de viagens internacionais do segmento de reuniões, incentivos, congressos e eventos (MICE, na sigla em inglês) cresceram 78%. Além disso, em 1997 e 2000, Sydney foi nomeada cidade número um do mundo em convenções pela Associação Internacional de Congressos e Convenções (ICCA, em inglês). Os dados e fatos confirmam a oportunidade que está diante dos olhos. Também participaram do encontro Alexandre Massur, superintendente de esporte do Estado, Roberto Noronha, presidente da BHC&VB, José Lúcio Mendes, diretor de marketing da Expocachaça, e Maria Eulália, produtora do Festival Comida de Boteco, concurso criado há nove anos, em Belo Horizonte, e que já percorreu o Rio de Janeiro, Goiânia e Salvador. O Salão Mineiro do Turismo é promovido pela Secretaria de Turismo de Minas Gerais em parceria com o Ministério do Turismo e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG). Campanha Rio 2016 A campanha para sediar os Jogos Olímpicos de 2016 faz parte da estratégia do governo federal de tornar o Brasil um polo realizador de eventos esportivos. Em 2007, o País recebeu os Jogos Pan-americanos Rio 2007; em 2011, será sede dos Jogos Mundiais Militares; em 2013 vai realizar a Copa das Confederações de Futebol; em 2014, receberá a Copa do Mundo da Fifa; e no momento pleiteia o direito de também acolher os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2016. Em 11 de fevereiro, o Brasil entregou ao Comitê Olímpico Internacional COI) o dossiê com as propostas do projeto brasileiro para o evento. O engajamento dos três níveis de governo (federal, estadual e municipal) permitiu atender a todas as exigências da entidade internacional. Entre os dias 27 de abril e 3 de maio, a Comissão de Avaliação do COI visitará a cidade do Rio de Janeiro para verificar in loco as propostas apresentadas no dossiê. Em junho, a candidatura brasileira irá a Lausanne, na Suíça, fazer uma apresentação técnica a equipes do Comitê. O anúncio da cidade escolhida será feito em assembléia do COI no dia 2 de outubro deste ano, em Copenhague, na Dinamarca. Fabiane Schmidt e Sueli Scutti Assessoria do Ministério do Esporte no Rio 2016