Projeto social desenvolvido em Foz do Iguaçu é celeiro de canoístas para a seleção
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- Última atualização em Sexta, 24 Julho 2015 17:27
- Publicado em Quarta, 29 Abril 2015 12:31
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O futuro da Canoagem Slalom brasileira passa pelo projeto Meninos do Lago, desenvolvido em Foz do Iguaçu (PR) e que atende a 100 jovens, com idade entre sete e 17 anos. Patrocinado pela Itaipu Binacional e com parceria da Confederação Brasileira de Canoagem (CBCa) a ação já formou 600 atletas desde 2009.
“O Meninos do Lago é o grande celeiro de atletas para a modalidade. É o projeto que mais apresenta atletas para a equipe permanente, para as seleções. É um produto com viés social e é o modelo para a CBCa desenvolver a base no resto do país”, destaca Argos Rodrigues, superintendente da Confederação.
E os resultados já apareceram no Campeonato Mundial Júnior e Sub 23, disputado entre 22 e 26 de abril em Foz do Iguaçu. Felipe da Silva, formado no Meninos do Lago, conquistou o bronze na prova do C1 masculino sub 23. “Iniciei no projeto, o que me fez gostar cada vez mais da canoagem. A gente começou a conhecer o mundo e pouco a pouco eu estava numa estrutura muito grande e o Brasil evoluindo cada vez mais”, afirma.
Além dos atletas que competiram, um grupo de 46 voluntários, a maior parte formada pelo programa, desempenhou várias tarefas durante a disputa. Divididos em equipes, eles ajudaram na publicação dos resultados nos murais, na logística de entrega das premiações aos atletas, no apoio à central de imprensa, com anotações dos tempos dos canoístas e suas equipes, e na entrega e recolhimento de fichas para os árbitros.
Andressa Maciel, 17 anos, é moradora do bairro Morumbi, da cidade paranaense, e participou das cerimônias de entregas de medalhas. Além disso, ela competiu nas provas da categoria C1 júnior. “Eu realmente não esperava participar do Mundial, mas fiquei muito feliz com a vaga. Como meu treinador disse, foi um resultado muito grande, porque estou começando agora”, declarou.
A atleta conheceu o projeto por um primo e se apaixonou pela interação com a natureza que a canoagem proporciona. “O que mais me chama atenção são as corredeiras, não tem como não querer remar num lugar desses”. E fala sobre seu sonho: “quero ser uma Ana Sátila”, mencionando a canoísta medalha de prata no sub 23.
Outra integrante do programa, Maryane Camargo, 17 anos, também participou do Mundial. Moradora da Vila C, ela entrou para o Meninos do Lago depois que os responsáveis pelo projeto apresentaram a iniciativa na escola que ela estudava. Hoje, Maryane cursa Ciências da Natureza na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) e dá a receita para conciliar os horários de treinos e estudos. “Quando estava no ensino médio estudava de manhã e a tarde vinha remar. Agora faço faculdade, remo de manhã, faço treino físico à tarde e à noite vou para as aulas. A rotina mudou, agora mesmo estava fazendo um texto para a faculdade na beira do rio. É só ter organização que dá certo”, disse Camargo, que compete na k1 Júnior.
O Instituto Meninos do Lago (IMEL) se dedica à divulgação da cultura da canoagem e à preparação de atletas, árbitros e voluntários, para representarem o Brasil nos principais eventos da modalidade. A inciativa chama a atenção mesmo de quem tem grande experiência internacional, como o técnico italiano da equipe permanente do Brasil, Ettore Ivaldi. “Eu tive a sorte de trabalhar em várias partes do mundo, mas acho que não acontece nada como o que temos aqui. É incrível como esses jovens vêm todos os dias e chegam com uma energia espetacular. Tem um aspecto social que é fundamental para o esporte”, elogia.
O projeto utiliza a mesma estrutura destinada aos atletas da seleção brasileira, o que para o secretário executivo do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, é importante para o amadurecimento dos canoístas que estão iniciando no esporte. “Os investimentos no alto rendimento têm várias características, que não ficam restritas às seleções. Aqui há um trabalho social, alguns medalhistas como o Felipe vieram desse projeto, ou o Isaquías Queiroz (canoagem velocidade) que veio do Segundo Tempo. Então, você tem a iniciação, jovens treinando em boas condições e a seleção principal. Essa convivência gera esse desenvolvimento da base”.
Gabriel Fialho, de Foz do Iguaçu (PR)
Ascom - Ministério do Esporte
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