Videorreportagens, textos e fotos mostram como os projetos são colocados em prática e os resultados alcançados em todo o país.
Informações: (61) 3217-1875E-mail:O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.
Confira artigo do ministro Aldo Rebelo publicado no Jornal do Commercio, de Pernambuco
- Detalhes
- Publicado em Domingo, 24 Fevereiro 2013 13:00
As torcidas organizadas
A torcida foi a primeira e maior consequência do futebol. Ela fez o esporte crescer e cresceu com ele, desde o jogo inicial, organizado por Charles Miller, na Várzea do Carmo, em São Paulo, a 15 de abril de 1895, entre funcionários de empresas inglesas, até ao que arrastou a maior multidão já vista em uma praça de esportes, em 31 de agosto de 1969, quando 183.341 torcedores pagaram ingresso para ver Brasil e Paraguai no Maracanã. O nome torcida, um neologismo de acepção, foi dado pelo escritor Coelho Neto (1864-1934), ao observar senhoras elegantes enroscando as luvas a cada lance emocionante de um jogo. Chamou-as "torcedoras".
Em fenômeno social comum ao século 20, a torcida também se institucionalizou e, como os clubes, organizou-se em associações civis com estatuto e diretoria. Seu objetivo era reunir torcedores mais apaixonados, como uma seita dentro da religião. Mas gerou deformidades que instilaram seu próprio veneno. Há um movimento para extingui-las ou, ao menos, proibi-las nos estádios. Vândalos, nem sempre desestimulados pelas direções, canalizaram para as torcidas organizadas o espírito das antigas gangues e agridem-se sobretudo a caminho do estádio. Felizmente nunca atingimos no Brasil o grau de violência de torcedores da Europa, que já deixaram em seu rastro de Átila dezenas de mortos após um jogo de futebol.
A solução não é extinguir nem proibir as torcidas organizadas nos estádios, mas construir uma negociação multilateral que as reconduza a seu papel original, livrando-as da delinquência. Punir e banir os baderneiros e criminosos, e preservar o espetáculo paralelo das bandeiras, batucadas, coreografias, lemas e cantos. O exemplo vem das escolas de samba, mais antigas e não menos inflamadas, que concorrem para oferecer o melhor desfile e se respeitam fora do sambódromo.
Aldo Rebelo
Ministro do Esporte
Artigo publicado pelo Jornal do Commercio, de Pernambuco, em 23.02.2013