Em Esteio, no Rio Grande do Sul, o aluno do Pelc/Pronasci Rodrigo Alexandre Barco Alves, 17 anos, brilha com a mesma intensidade com que reluzem as medalhas de ouro conquistadas por ele. Morador do Parque Primavera - antes conhecido pela alta criminalidade envolvendo a juventude e que hoje é Território de Paz - Rodrigo conheceu o boxe há três anos. Desde que ingressou no Pelc em 2011, ele treina nas duas unidades da parceria com a prefeitura municipal. O resultado não poderia ser melhor. Nos dois únicos campeonatos de que participou sagrou-se campeão na categoria peso leve.

A mais recente vitória de Rodrigo ocorreu no dia 5 de agosto, na cidade gaúcha de Canoas. O evento, realizado pela Federação Rio-Grandense de Pugilismo (FRGP), reuniu no ginásio Bolão Gaúcho atletas do boxe de várias cidades do interior do estado. O outro combate, o primeiro em competição da federação, aconteceu em julho, também em Canoas.

O esporte mudou completamente a vida do jovem. Filho de pai mecânico e lanterneiro de automóveis e de mãe diarista, desde que começou os treinamentos no Pelc ele mudou sua aparência e a forma de se relacionar. Antes, com um visual despojado e cabelos longos, radicalizou: passou a usar cabelos curtos como os grandes pugilistas e deu um nocaute na timidez. Hoje, graças aos resultados conquistados nos ringues, Rodrigo é admirado e respeitado pelos colegas, amigos, populares, professores e principalmente pela família.

"Observamos  que, por causa do desenvolvimento de Rodrigo no Pelc, sua família está mais fortalecida. A autoestima de todos os integrantes melhorou por causa da influência do esporte", revela Priscila Natcha Loureiro, coordenadora do núcleo Centro de Convivência.

O desempenho de Rodrigo no esporte fez que ele conquistasse o respeito e a admiração dos colegas, da família, da escola e da cidade. A busca de vagas nos núcleos do Pelc no Centro de Convivência e no Ginásio Silvia Batista é de, em média, 10 procuras por dia. "Isso é muito legal. A garotada está se espelhado em mim. Mais que isso, os colegas estão assistindo aos treinos e ainda me ajudam a corrigir os erros durante uma simulação de campeonatos", ressalta, orgulhoso.

Irmãos boxeadores
A coordenadora Priscila destaca como pontos positivos do Pelc ao tirar do boxe o estigma de esporte violento e a preocupação da família com a dúvida.  "Michelle, 28 anos, a irmã mais velha de Rodrigo o acompanha durante os treinos e competições pois os pais achavam que o filho poderia estar se machucando. O fato  foi totalmente esclarecido pela irmã, que também luta boxe junto com o irmão caçula Eduardo, de 14 anos", revela a educadora.

Hoje eles sabem que não há risco algum. "Uso equipamentos de proteção como luvas, protetores bucal e genital, além de capacete, ataduras nos dedos e óleo no rosto para que a luvas dos adversários escorreguem durante os golpes, principalmente nos supercílios", explica o campeão.

"Nosso boxeador é dedicado e seu sonho é seguir carreira", diz o professor e técnico Abílio Valdir Mendes Nobus. Emocionado, o treinador conta que Rodrigo é "nossa maior projeção do esporte para o ano que vem". De acordo com ele, participar do estadual da modalidade é o grande sonho de seu aluno, que pretende seguir carreira profissional.

Determinado, o estudante do 8º ano do Colégio Estadual Maria Shirley Vargas Ferraz treina à tarde e à noite para melhorar o rendimento. "Nos estudos estou ótimo e, no boxe, quero melhorar a cada dia e treinar muito", acentua.

O boxe do Pelc é uma das atividades oferecidas por meio de recursos do Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (Pronasci). A ação prevê a realização de atividades culturais e esportivas para crianças e jovens, desenvolvidas pela Secretaria Municipal de Educação e Esporte, com a participação de 800 jovens.