Delegacia de Polícia vira espaço de prática esportiva para estudantes do Segundo Tempo

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Publicado em Quarta, 06 Dezembro 2006 12:00

Em Santa Maria (DF), cidade com altos índices de violência urbana, lugar de criança é na delegacia. Na 33ª DP, que em menos de um mês registrou 33 inquéritos policiais de violência contra a mulher, dos quais 90% têm incidência de alcoolismo, funciona um núcleo do Programa Segundo Tempo. Nessa unidade a prática esportiva, o reforço escolar e alimentar agem como ferramenta de combate a criminalidade para cerca de 200 estudantes carentes. As atividades acontecem no pátio da delegacia, onde as crianças soltam a criatividade e a energia e retornam para suas casas com novos planos. "Assim que entraram para o Segundo Tempo, a grande maioria das crianças, para intimidar, declarava que queria ser bandido e maconheiro no futuro. Agora, eles falam confiantes que querem ser atletas", orgulha-se o monitor Rubens Feliciano. Este é o caso de João Vitor Santarém., 9 anos, que encontra no esporte de inclusão a oportunidade de superar os problemas e dificuldades vivenciados diariamente em sua residência. Cada pênalti batido no jogo de futebol é comemorado com brincadeira e muita vibração. "Lá em casa moram 18 pessoas e apenas meu pai, que é pedreiro, trabalha", conta o menino, confiante de que vai ser no futuro um craque do futebol. O convênio que transformou o espaço esportivo de quatro delegacias de polícia tem como gestor a ONG Obras de Promoção e Assistência a Infância e a Adolescência (Opai). Duas mil crianças são atendidas nas Delegacias de Santa Maria, Samambaia, Recanto das Emas e Riacho Fundo e em duas sedes da Ong, no Recanto das Emas. Lazer mais seguro Para o delegado titular da 33ª DP, Vivaldo Neres, ao ceder o espaço físico para a realização das atividades do Segundo Tempo a Polícia Civil do DF quebra o paradigma de que a função da corporação é exclusivamente de prender bandidos. Alcoolismo em casa Conforme registros de ocorrências na circunscrição, o cenário dos lares desses jovens geralmente é marcado pela convivência de violência urbana. Casos de alcoolismo, uso de drogas, violência e homicídios são freqüentes. Vivaldo Neres realiza palestras sobre alcoolismo em grupos do AA (Alcoólicos Anônimos) e em escolas da rede pública e junto aos pais de alunos. "Com isso esperamos sensibilizar a comunidade e mostrar aos pais que os filhos, se disciplinados e amados, podem seguir o caminho do bem e não se espelhar nos erros de quem bebe", acredita. Carla Belizária Ascom - Ministério do Esporte