Ministério do Esporte Anjo de Vanderlei pede apenas um aperto de mão
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Anjo de Vanderlei pede apenas um aperto de mão

Atenas, 14/09/2004 (Ascom/Folha de São Paulo) - Esparramado no sofá de sua casa, Polyvios Kossivas gostou do estilo daquele desconhecido corredor brasileiro que liderava a maratona nos Jogos de Atenas. Decidiu então desligar a TV e acompanhar a prova in loco. Chamou mulher e filha, deixou sua casa de número 26 na rua Papaflessa e seguiu para uma avenida na qual os atletas iriam passar. Nem imaginava que, naquela abafada tarde do dia 29 de agosto, se tornaria uma figura central para a definição do resultado. "Quando vi o Vanderlei chegando perto de onde a gente estava, notei que a multidão começou a olhar para o outro lado da rua. Era o irlandês que aparecera como um raio para derrubar o atleta no chão", recorda Kossivas, na entrevista que concedeu à Folha. Foi naquele exato momento que ele se distinguiu dos outros espectadores. Vestido com camiseta azul, bermuda e mocassim, pulou a faixa que separava a torcida da pista, alcançou e empurrou o ex-padre Cornelius Horan e impediu que o brasileiro perdesse ainda mais tempo com o imprevisto. Tudo sem pestanejar. "Reagi imediatamente, sem calcular os riscos. Eu afastei o intruso e vi o Vanderlei caído como um pássaro ferido. Comecei a gritar vai, vai para incentivá-lo", relata. As câmeras de TV registraram a cena. Depois, seguiram na captura de Vanderlei. O atleta retornou à corrida abatido, acabou ultrapassado por dois adversários e completou os 42.195 metros do percurso na terceira posição. Kossivas, contudo, permaneceu no local do ataque. E viu o ex-padre ser castigado pelo público. "A multidão batia nele e gritava "o que você fez"?. Só depois foi algemado e tirado de lá pela polícia". Passado o susto, o circunspecto senhor voltou com a mulher Julia e a filha Smaragda para sua residência. Ligou novamente a televisão para assistir à chegada. Ficou emocionado. À noite, durante a cerimônia de premiação, chorou ao ver Vanderlei no terceiro degrau do pódio. "Para mim, ele é o vencedor da maratona". No dia seguinte, colocou uma idéia fixa na cabeça: iria cumprimentar o maratonista. Queria uma aperto de mão, nada mais. Seu primeiro reflexo foi ligar para a Embaixada do Brasil na Grécia. "Eles me disseram que toda a delegação já havia deixado o país e que os cumprimentos seriam transferidos para os dirigentes do esporte no Brasil", explica. Mal sabia ele que Vanderlei ainda estava em Atenas. Mais: segundo seu treinador, Ricardo DAngelo, foi justamente no dia subseqüente à prova que o atleta assistiu ao vídeo da corrida e ficou impressionado com a atitude do senhor de barba e cabelos brancos. "Comentamos ao ver a fita que o cara teve uma presença de espírito muito grande. Nós queríamos encontrá-lo para dizer obrigado. Por tudo o que ele fez por nós, começamos a chamá-lo pelo apelido de Zeus", recorda o técnico. Depois de retornar de Atenas e cumprir compromissos no Rio, em São Paulo e em Brasília, Vanderlei rumou para Maringá, no Paraná, onde vive com a família. Mas seu caso segue indefinido. Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, pretendia dar início entre ontem e hoje na Corte Arbitral do Esporte (Suíça) aos procedimentos para tentar dar o ouro para o atleta. Por hora, o maratonista pede isolamento. Quer pescar em paz. E segue sem conhecer a história do anônimo que deu novo rumo ao dia mais maluco de sua vida. Polyvios Kossivas nasceu em Atenas, tem 53 anos e é ligado ao esporte desde a infância. Entre 1964 e 1975, foi jogador de basquete na equipe do Sporting. Detalhe: é a mesma agremiação que Gerasime Bozikis, hoje presidente da Confederação Brasileira de Basquete, defendeu na juventude -ele também nasceu na Grécia e depois veio ao Brasil. "Lembro-me do nome Bozikis, mas nunca atuamos juntos, porque ele é mais velho. Só muitos anos depois descobri que se tornou dirigente em outro país". Em 1976, Kossivas trocou de uniforme nas quadras e passou a atuar como árbitro, função que exerceu por dez anos. Hoje, longe do basquete, trabalha como vendedor. Seu maior desejo? "Ainda quero muito encontrar o Vanderlei pessoalmente. Queria apertar sua mão e dizer que, depois de tê-lo ajudado, uma parte de mim também correu com ele". TRECHO Eu infelizmente não tive a chance de apertar suas mãos. Um dia, espero encontrá-lo e explicar como é grande minha admiração pelo feito que ele conseguiu, contar que respeito sua coragem e força e, finalmente, dizer que ele é o verdadeiro medalhista de ouro na maratona. Anônimo só sai da sombra com foto em jornal Como descobrir informações sobre uma pessoa apenas com imagens em punho? A Folha começou a buscar uma resposta para a questão ao enviar a foto do até então desconhecido Polyvios Kossivas para autoridades gregas. Departamentos de polícia e até o Ministério da Ordem Pública foram abordados com a mesma questão: qual era o paradeiro daquele senhor? Em vão. Nenhuma resposta. O próximo passo foi entrar em contato com o jornalista grego Lazaros Souskas. Ele sugeriu uma saída. "Vamos colocar a foto desse cara na primeira página de um jornal. Se for grego, vai atender ao chamado". A imagem foi publicada na edição do último domingo do jornal "Goal News", diário com circulação média de 19 mil exemplares. Kossivas deu um sinal de vida no mesmo dia. Novo problema: ele só falava grego. A Folha, então, conseguiu com que o ex-jogador de basquete colocasse seu vizinho, Diamantopoulos George, na linha. Com inglês fluente, atuou como tradutor na conversa. "Ninguém me procurou. Só me descobriram depois do anúncio que vocês criaram. Agora, todos querem me entrevistar", diz Kossivas. Guilherme Roseguini, do jornal Folha de São Paulo
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