Ministério do Esporte Os missionários da paz
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Os missionários da paz

Porto Príncipe, 19/08/2004 (Ascom/Jornal do Brasil) - Os haitianos se despediram dos jogadores brasileiros, no final da tarde de ontem, de uma forma ainda mais emotiva do que quando lhes deram as boas-vindas, algumas horas antes. Apesar de terem sofrido uma goleada de 6 a 0 - ou, talvez, por causa disso, já que eles são radicalmente fanáticos pelo Brasil - uma multidão dançava nas ruas ao redor do estádio, ao som de uma música carnavalesca que brotava dos potentes alto-falantes colocados nas imediações. E ao mesmo tempo em que agitavam o corpo acompanhando o ritmo e acenando para os jogadores, que desfilavam sobre blindados Urutu, do Exército brasileiro - eles repetiam em coro em creóle, o idioma nacional - uma frase que, segundo diria ao GLOBO - logo depois, o presidente da Federação Haitiana de Futebol (FHF), Yves Jean-Bart, já se transformara num ditado nacional depois da última Copa: - Agora já posso morrer. Morro feliz porque vi o Brasil jogar - repetiam eles, sorridentes, sob o sol inclemente, alguns sacudindo sombrinhas e guarda-chuvas coloridos. Emoção na foto com o time do Haiti Jean Gracien, vendedor ambulante que ontem não trabalhou, era incapaz de conter a sua excitação: - Valeu a pena! Economizei um bocado para comprar o ingresso. E agora me sinto no céu! Meu amigo, isso é um milagre. Pena que Ronaldo não fez um gol. Mas Ronaldinho (Gaúcho) compensou: é um mágico com a bola nos pés! - disse. A paixão dos haitianos pelo futebol brasileiro foi cristalizada também pela atitude dos jogadores do Haiti. Logo depois que a seleção canarinho posou para a tradicional foto, antes da partida, vários atletas haitianos correram até eles e, através de gestos, se fizeram entender: queriam posar para uma foto junto com eles. O pedido foi atendido: as duas equipes se misturaram para uma foto conjunta. Quando a equipe brasileira entrou em campo, ainda sem a camisa oficial, a seleção do Haiti aplaudiu efusivamente. Aos 25 minutos do segundo tempo, quatro depois de ter sofrido um gol de Ronaldinho Gaúcho, o goleiro Fenelon Gabert foi substituído. Ao deixar o campo, pediu um abraço ao jogador. - Um gesto de admiração. Um reconhecimento público muito digno - comentou Pierre Andre Rigaud, cronista esportivo haitiano. Ademir, um fuzileiro naval carioca e flamenguista, que faz parte da missão de paz da ONU e ontem trabalhava na equipe de segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reagiu emocionado: - Isso é de arrepiar. É mais emocionante que Flamengo x Vasco. Não houve um distúrbio qualquer. Os torcedores, de vez em quando, repetiam em coro "Haiti, Haiti". Mas não disfarçavam sua idolatria pelos craques brasileiros: o simples fato de Roberto Carlos apanhar uma bola para bater um lateral valia aplausos. Bandeirinhas brasileiras eram agitadas em todo o estádio, onde, antes da partida, soldados brasileiros que fazem parte da missão de paz da ONU, distribuíram cartões com fotos e autógrafos dos jogadores. - Esse eu vou colocar num quadro. Quando ficar velho eu o darei de presente ao meu filho, e vou dizer para ele que é para guardar para dar ao filho dele. Jamais ganhei um presente tão valioso - disse o barbeiro François Versaille. Jean-Bart, o presidente da FHF, também estava feliz com o jogo. - O Brasil é responsável pelo fato do Haiti estar calmo. Seremos eternamente gratos a eles. Não há qualificativos suficientes para uma seleção que recebe US$ 17 milhões e vem aqui gratuitamente só para chamar a atenção do mundo sobre nós, pedindo a todos que nos ajudem. Até aqui, para nós, eles eram craques, ídolos do futebol. Hoje eles se tornaram em missionários da paz. Que Deus os proteja - disse. Ao mencionar a cifra, referente ao que a CBF ganha por partida, Jean-Bart apenas reforçava matematicamente o presente que seu país recebeu. Os US$ 15 milhões são um valor estratosférico, tanto para a CBF, que recebe no máximo US$ 1 milhão por jogo, quanto para todos os haitianos: afinal, as reservas atuais do banco central haitiano são de apenas US$ 17 milhões. Informações do Jornal do Brasil
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