Ministério do Esporte Hora de virar o jogo
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Hora de virar o jogo

Nova legislação é a chance para o futebol pentacampeão mundial mostrar competência também fora de campo Da Redação Com Agência Estado Campanha medíocre nas Eliminatórias, overdose de treinadores - quatro em três anos -, crise ética e administrativa que desembocou em duas comissões parlamentares de inquérito no Congresso Nacional. O cenário pré-Copa do Mundo se desenhava sombrio para o futebol brasileiro. O trio de ''erres'', porém, nadou contra a maré e provou que o talento verde-amarelo ainda faz a diferença dentro das quatro linhas. Brasil pentacampeão mundial. A supremacia no esporte mais popular do mundo está garantida até 2010, no mínimo. Deveria haver, portanto, grande confiança no futuro do futebol brasileiro. O problema é que, estruturalmente, as mazelas continuam sendo as mesmas. Vários dos dirigentes denunciados nas duas CPIs seguem comandando clubes e federações. Uma decisão política, porém, tomada em plena Copa do Mundo, renovou as esperanças de mudança de valores. A Seleção e a torcida estavam de olho nas oitavas-de-final, contra a Bélgica, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso assinou uma medida provisória que modificou sensivelmente os rumos do futebol. Foi uma surpresa, chamada pelo próprio presidente de ''Lei de Responsabilidade Esportiva''. A MP, assinada no último dia 14, estabelece uma nova ordem administrativa no futebol brasileiro. Com poucas mudanças em relação ao projeto de lei que tramitava na Câmara dos Deputados - e que dificilmente seria aprovado em ano eleitoral -, a MP obriga todas as entidades desportivas que tratam com atletas profissionais a se transformar em empresas. Na prática, os clubes passam a responder à legislação comercial, ou seja, são obrigados a publicar balanços anuais e a submeter suas contas a auditorias. Além disso, o Ministério Público entra em campo como entidade de fiscalização de clubes, federações e confederações esportivas. ''Hoje, a impunidade ainda existe, mas tem muita gente que precisa tomar cuidado, senão vai parar na cadeia'', comemorou Caio Luiz de Carvalho, ministro do Esporte e Turismo, lembrando um dos principais itens da medida, que responsabiliza os dirigentes pela qualidade de sua gestão nos clubes. Isso significa que os cartolas poderão ser demitidos por causa de irregularidades financeiras e até ter seus bens penhorados em caso de processo contra o clube - a MP, que está em vigor desde o dia 17, não tem efeito retroativo. Prazo de carência As mudanças foram recebidas com felicidade e certa reserva pelos envolvidos. ''A medida veio em boa hora, e os clubes precisam demonstrar que querem as alterações'', afirma José Carlos Brunoro, ex-diretor de Futebol da Parmalat e atual consultor de diversos clubes. ''Mas era preciso estabelecer uma trégua, um tempo para que todos possam se adequar corretamente.'' O suspiro foi concedido: a conquista do pentacampeonato sensibilizou o governo, que acenou com um prazo de seis meses para adaptação às novas regras. ''É o mínimo de que precisamos para transformar o clube em uma S.A.'', comenta Fábio Koff, presidente do Clube dos 13 (entidade que reúne os times mais poderosos do país). No dia em que a delegação pentacampeã desfilou em Brasília, o deputado federal Ronaldo César Coelho (PSDB-RJ), relator da MP, anunciou que o projeto de conversão da MP deverá incluir uma proposta de ampla renegociação dos débitos dos clubes com o governo, principalmente com o INSS. Ele discutiu pessoalmente com Fernando Henrique e Caio Luiz de Carvalho os limites das concessões. Os clubes, porém, deverão aderir ao regime de transparência na gestão, uma das principais exigências da Medida Provisória. Segundo Brunoro, o governo precisa promover incentivos, como facilitar o pagamento de impostos (especialmente os atrasados) ou criar novas linhas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). ''Só assim é possível resgatar a credibilidade necessária para atrair investimentos estrangeiros.'' Esportes Olímpicos Uma das propostas de incentivo é a criação de um fundo de amparo aos clubes que investirem em pelo menos um esporte olímpico. ''Essas modalidades podem morrer porque o futebol, como principal fonte de receita, é a prioridade dos clubes'', comenta o presidente do Flamengo, Edmundo Santos Silva, que amanhã tentará livrar-se de um processo de impeachment. Treinadores e jogadores, os principais interessados nas melhorias previstas pela MP, esperam que finalmente a profissionalização de fato seja uma realidade. ''Esse pode ser o ponto de partida para a salvação do futebol'', torce Osvaldo de Oliveira, técnico do São Paulo. A fase de adaptação terá percalços, mas o choque será necessário, acredita o senador Geraldo Althoff (PFL-SC), autor de algumas das propostas da MP. ''A medida não terá uma eficácia imediata, mas a médio prazo'', reconhece. ''É o tempo para começar a colocar as coisas em seu devido lugar.'' Dependentes da televisão Os problemas do futebol brasileiro são viscerais. Começam na estrutura arcaica dos clubes e das entidades que organizam as competições. O calendário, sempre inchado, muda a cada temporada. A má gestão leva à dependência financeira em relação às emissoras de televisão - principalmente TV Globo -, detentoras dos direitos de transmissão dos campeonatos. Para complicar, a queda de audiência registrada nos últimos tempos provocou a redução nos valores pagos. Um exemplo aconteceu com o Torneio Rio-São Paulo deste ano: enquanto os dirigentes pediam R$ 80 milhões, a Globo só aceitou desembolsar R$ 65 milhões - e ainda atrasou o pagamento. A situação contrasta com o futebol inglês, que ganhou seu único título mundial em 1966: na sexta-feira, a SkyTV anunciou um contrato de US$ 141 milhões pela transmissão de quatro temporadas. Os dirigentes esperam que a conquista do pentacampeonato repercuta favoravelmente, aumentando a freqüência de público nos estádios, valorizando os jogadores (mesmo aqueles que não formaram a família Scolari) e ampliando o interesse mundial pelas imagens do futebol brasileiro. ''Mesmo assim, ainda faltam detalhes para o futebol brasileiro capitalizar devidamente a conquista do Mundial'', observa o consultor de clubes José Carlos Brunoro. ''Sou favorável a que a televisão escolha o horário dos jogos, pois ela paga para isso'', comenta Brunoro. ''Se hoje temos menos público nos estádios, não é por causa do horário das 21h40, e sim porque os campos não oferecem comodidade nem segurança.'' A boa organização é a primeira receita de sucesso. Na França, por exemplo, o número da venda de ingressos antecipados, pelo sistema de carnês, aumentou em 30% depois da conquista da Copa de 1998. Os clubes franceses enfrentavam o mesmo problema que os brasileiros, ou seja, os grandes nomes de sua seleção atuavam em outros países. Na temporada de 1997, por exemplo, o grupo de atletas da França atuando em outros países era constituído por 56 jogadores. No ano seguinte, subiu para 81. No Brasil, o fenômeno é marcante desde a década de 80. Com o penta, nada faz crer que algo vai mudar. O presidente do Atlético-MG, Alexandre Kalil, viajou à Europa para negociar Gilberto Silva antes mesmo de o jogador voltar do Japão. ''Tal atitude pode ser positiva a curto prazo, com o recebimento do pagamento pelos direitos federativos do atleta'', alerta Brunoro. ''Por outro lado, atrai o interesse de empresas que só se preocupam em comprar jogador por um preço para vender
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