Um chute no ângulo

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Publicado em Terça, 18 Junho 2002 10:44

Caio Luiz de Carvalho é um homem de bem, um brasileiro interessado em servir ao país por acreditar que nossos filhos merecem viver em paragens menos acafajestadas. Outrora, pré-requisitos para uma figura pública, esses atributos hoje bastam para compor um currículo bastante vistoso. Mas Caio é também inteligente, criativo e ousado, qualidades que o incluem numa estirpe rarefeita neste país pobre em idéias, projetos e neurônios. Na presidência da Embratur, ele sempre apontou os caminhos corretos a seguir. Alguns o foram, outros terminaram bloqueados pelo excesso de ganância ou pela ausência de grandeza. Ainda assim, a indústria turística registrou saltos notáveis. Durante sua passagem pelo organismo, o turismo interno explodiu. Também se descobriu que há constelações a espalhar por um país dividido entre pensões ou hotelecos com nenhuma estrela e resorts tão estelares que se tornam alcançáveis só por milionários estrangeiros. Que não vêm. Dúzias de feitos poderiam ser acrescentados, mas o tema a registrar aqui não é a performance do presidente da Embratur. É o gol de letra marcado por Caio, agora à frente do Ministério encarregado de cuidar também do esporte brasileiro, com a decretação da medida provisória destinada a obrigar os clubes a transformar-se em empresas. Perturbados pelo inclemente fuso horário da Copa, pelo desempenho dos zagueiros e pela inconstância de Felipão, é possível que a maioria dos torcedores não tenha entendido o que ocorreu. Mas os cartolas sabem que o ministro Caio Luiz de Carvalho conseguiu eliminá-los do campeonato da malandragem. Distraída, a bancada da bola no Congresso não percebeu a presença de Caio na pequena área. Tomou um tremendo gol de letra. Voltaremos ao jogo, que vai terminar em goleada. Goleada do Brasil.
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