Ministério do Esporte Das celas para a Copa
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Das celas para a Copa

Presos da Papuda costuram três mil bandeiras do Brasil para escolas públicas. Trabalho faz parte de projeto de reinserção social de detentos e ficará pronto antes do Mundial de futebol Fabíola Góis Da equipe do Correio Exercer a cidadania dentro de uma pequena cela num presídio de segurança máxima é praticamente impossível para quem é condenado por algum crime. Preso não vota, tem os direitos políticos cassados e não pode prestar concurso público. ''Mas me sinto mais cidadão brasileiro quando toco no tecido verde e amarelo para fazer a bandeira do Brasil. Não é porque estou preso que deixei de ser brasileiro'', desabafa o alfaiate Geraldo Moura de Oliveira, 46 anos, que já cumpriu 23 anos dos 46 a que foi condenado, por assalto a mão armada. Assim como Geraldo, outros 30 detentos do pátio 4 do Centro de Internamento e Reeducação do Complexo Penitenciário da Papuda estão se sentindo mais brasileiros. Até a Copa do Mundo, eles terão confeccionado três mil bandeiras para serem distribuídas em escolas públicas de todo o país. A iniciativa faz parte do projeto Pintando a Liberdade, do Ministério de Esporte e Turismo. A Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso do DF (Funap) aposta nesse projeto para diminuir ainda mais a reincidência criminal entre os detentos que trabalham nas oficinas montadas nas penitenciárias e permitir sua inserção na sociedade. ''Estatísticas da Secretaria de Segurança Pública do DF mostram que de cada cem presidiários liberados, 15 voltam a cometer o mesmo crime'', afirma Adalberto Monteiro, diretor da Funap/DF. Os números do DF estão abaixo da média nacional. Segundo Gerêncio de Bem, coordenador do Projeto Pintando a Liberdade, a reincidência chega a 35%, em outras unidades da Federação. ''Os presos recebem dinheiro pelo trabalho. Em quase todo o país, temos dez mil detentos cadastrados no projeto. Mas ainda temos muito o que ampliar. A população carcerária é de 230 mil presos'', explica Gerêncio. O trabalho como terapia Reinserção na sociedade é o sonho do preso Gutemberg da Rocha, 31 anos, condenado a 17 anos por homicídio. ''Quando sair daqui (a liberdade condicional deverá ser autorizada na próxima semana), quero montar uma microempresa. Se o preso não consegue trabalho, volta a cometer crime'', acredita Gutemberg. Ele economizou cerca de R$ 1 mil nos dez anos em que trabalhou na Funap, como interno na Papuda. A confecção das bandeiras do Brasil nos presídios é atividade exclusiva do Distrito Federal. Por dia, os presos costuram cem peças. A jornada de trabalho começa às 8h e termina às 16h. Depois, eles retornam às celas. A cada três dias trabalhados, um dia é reduzido da pena. O trabalho é remunerado. Para a confecção das bandeiras, os detentos ganham um salário mínimo (R$ 200). O dinheiro é dividido em três partes iguais entre a família, o preso e uma conta-poupança aberta em nome do preso. As oficinas da Funap servem também como terapia para os presidiários. O alfaiate Geraldo Moura diz que, enquanto está confeccionando os trabalhos na oficina de costura da Papuda, não pensa nos problemas. Ele tenta ocupar o tempo também com o estudo. No final do ano passado, ele passou em dois dos cursos mais concorridos na Universidade Católica de Brasília: Direito e Comunicação Social. Enquanto não consegue a liberdade condicional para cursar a universidade, continua estudando para não fazer feio entre seus futuros colegas. Geraldo diz que vai sentir muita emoção quando estiver assistindo aos jogos da Copa do Mundo pela televisão que fica dentro da cela, onde divide o espaço com dez detentos. ''Vou lembrar que crianças de todo o país vão estar comemorando os gols com as bandeiras que confeccionamos aqui em Brasília'', orgulha-se.
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