Ministério do Esporte Histórias do Lago Paranoá
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Histórias do Lago Paranoá

Atletas veteranos aproveitam a Semana Petrobras de Vela para contar como é ser velejador em Brasília e como o esporte se desenvolveu na cidade Luiz Roberto Magalhães Da equipe do Correio A idade, César Castro não revela. "Quem é que vai querer me dar um patrocínio quando souber que sou um matusalém ?", brinca. Mas as lágrimas ele não segura quando se lembra do amigo Carlos Ramos, ex-presidente da Federação de Vela de Brasília, que morreu em 1986. "Ele foi o precursor do iatismo de competição em Brasília. Conhecia muito sobre regras e motivava toda a cidade a praticar vela", lembra César. No domingo passado, o filho de Carlos, João Ramos, surpreendeu muita gente ao vencer a primeira regata da classe Laser do Pré-Olímpico de Vela, uma das competições que aconteceram na Semana Petrobras de Vela (as outras foram o Pré-Pan-Americano e a Copa da Juventude). Afinal, em segundo lugar ficou ninguém menos que Robert Scheidt, pentacampeão mundial, medalha de ouro nas Olimpíadas de Atlanta (1996) e eleito pela Federação Internacional de Vela (ISAF) o melhor velejador do mundo em 2001. "Meu autógrafo vai ficar mais caro agora", brinca João. Entre a época em que Carlos Ramos começou a trabalhar para o crescimento da vela em Brasília e a vitória de João, César Castro recordou algumas histórias que dão bem a conta do que é ser velejador aqui no Distrito Federal. Ex-professor de vela dos irmãos Torben e Lars Grael no início da década de 70, César diverte-se ao lembrar uma das histórias que mais lhe marcaram. O ano era 1971 e a César coube a tarefa de levar um grupo de garotos da cidade, todos com menos de 10 anos, ao Rio de Janeiro. Os meninos participariam de uma competição nacional da classe Optimist. "Foi a primeira delegação de Brasília que competiu em um campeonato brasileiro no Rio. Nenhum deles tinha visto o mar, imagina o que foi para eles deixar o cerrado para velejar na Baía da Guanabara", comenta César.O mais interessante foi a forma como ele chegaram ao Rio. Foram todos em uma Variant emprestada. "Pensa só: eu e mais uns dez meninos na Variant. E ainda por cima puxando os barcos. É mole?", ri. João Ramos era um dos garotos. Além dele, estavam seu irmão Raul Ramos, Marcelo Dutra - o Ziguinha -, atualmente ocupando a presidência da Federação Brasiliense de Vela, Mauro Osório, Paulo Madsen, Alexandre Dutra, só para citar os que continuam em Brasília e envolvidos com a vela. "Acho que a principal diferença que existiu entre o Torben e o Lars (os dois já conquistaram seis medalhas olímpicas para o Brasil - Torben quatro e Lars duas) é que eles acreditaram no profissionalismo e os outros atletas da cidade tiveram um pouco de medo de apostar no esporte. Mas potencial muitos tinham", conta João Ramos. "Hoje, a gente veleja só aos finais de semana, mas eu vejo um futuro melhor para a meninada que está começando", continua. "Desde que haja patrocínio para que o esporte possa se desenvolver", reforça César. Os irmãos Grael Dois dos maiores velejadores do Brasil, os irmãos Torben e Lars Grael moraram em Brasília entre 1973 e 1979. "Nós começamos a velejar em Niterói, mas foi em Brasília que aprimoramos nossa técnica, sempre freqüentando e representando o Iate", lembra Lars. Entre as várias histórias dessa época, ele recorda uma especial. Os dois foram representar a cidade nos Jogos Estudantis Brasileiros (Jebs) de 1974, em Campinas. Lars só tinha uns 10 anos e por problemas operacionais, os barcos nunca chegaram ao local da competição. "O pessoal da organização arrumou uns barcos totalmente podres para a gente competir e eles desmontaram no meio da regata. O Torben ainda conseguiu velejar, mas chegou em último", diverte-se Lars. Aquela época, aliás, foi especial também para Torben. "A primeira regata que eu ganhei na minha vida foi em Brasília, em uma prova noturna de barcos cabinados. Eu estava com o comandante Ramiro e devia ter uns 15 anos. Acho que foi em 1974. Foi uma regata muito legal. Teve até eclipse da lua", conta Torben. Tudo pelo vento Nas últimas duas décadas, principalmente na de 90, os esportes náuticos passaram por uma grande profissionalização. Com isso, para quem optou por seguir na vela, treinar no Lago Paranoá passou a ser algo ainda mais difícil. Exemplo maior vem do windsurfe, que exige mais vento do que as demais classes. Marcelo Morrone foi campeão, em 2001, do US Open, disputado no Texas, da Fórmula Windsurfe, uma categoria especial. Ele diz que, para treinar em Brasília, muitas vezes é obrigado a estar na água à noite ou então muito cedo pela manhã. "Sempre que tem uma condição para velejar a gente está na água. Já aconteceu de eu sair do Lago às 23h ou então treinar às 6h. Temos que aproveitar todo o instante de vento porque aqui ele muda muito", explica.Outra dificuldade é a locomoção para competir fora de Brasília. "Os custos com excesso de bagagem são muito grandes. Acabamos quase sempre tendo que pagar o preço de outra passagem de avião só com material. É a parte penosa do esporte, mas ainda assim compensa", frisa. Bichos no lago Hoje comodoro do Iate Clube, George Raulino deixou o Rio de Janeiro em 1960, de mudança para Brasília. Curiosamente, deixar o litoral marcou o início de sua história na vela. "No Rio, nós morávamos em Copacabana, bem perto do mar. Quando viemos para Brasília, eu e meu irmão ganhamos um barco de meu pai como presente de consolação por estarmos longe do mar. Começamos a velejar", lembra Raulino, 56 anos. Desse presente surgiu uma geração de velejadores da família Raulino. Hoje, além de George e do irmão Guilherme, o filho Gabriel, 23 anos, e Gustavo, 24, são velejadores, sem contar com a cunhada Patrícia. George lembra que, no início, velejar em Brasília era uma aventura. "Naquela época a gente via um monte de bicho no Lago Paranoá. Eram sucuris, jararacas, capivaras e até jacaré. O interessante era que quando não tinha vento, as cobras ficavam seguindo o barco e chegavam bem perto. A gente ficava com metade do corpo para fora para dar umas remadas nos bichos quando eles se aproximavam demais", recorda. Histórias de uma época romântica do Lago Paranoá. Até porque a água em que os bichos nadavam despreocupados (a não ser com as remadas na cabeça) era outra. "Quando a gente sentia sede, bebia a água do Lago mesmo. Era tão pura que não tinha problema algum", explica um saudoso George Raulino.
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