Comunidades indígenas discutem agenda para o novo século

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Publicado em Terça, 12 Junho 2001 16:57

O Secretário Nacional de Esportes, Lars Grael, abre nesta sexta-feira (15/06), em Belém do Pará, a Conferência Nacional dos Povos Indígenas, com a palestra “Esporte – Modalidades de Identidade Cultural”. O encontro vai até domingo (18/06) e deve reunir cerca de 300 representantes de comunidades indígenas do Brasil, Panamá, Estados Unidos e do continente africano. Grael foi escolhido pelos próprios índios para participar do evento. Além do Secretário, foram convidados conferencistas de outros países, entre eles Atêncio Kuna (do Panamá), Jonathan Wagers (EUA), e Joseph Ole Simel, da Tribo Massai, na África, conhecida como “caçadores de leões”. Serão abordados temas diversos, como Educação e Cultura, O Índio na Política Nacional, Crescimento Econômico e Fortalecimento Cultural, Produção e Meio Ambiente e Direito Internacional do Índio. As plenárias serão realizadas pela manhã e no período da tarde os grupos de trabalho vão discutir as propostas que farão parte de um relatório final, que se chamará “Agenda Para o Novo Século”. O documento será encaminhado ao Presidente Fernando Henrique Cardoso, aos governadores, prefeitos e entidades não governamentais ligadas à questão indígena. “É importante que se promova discussões em todos os setores da sociedade brasileira”, disse Lars Grael. “Temos vários projetos de sucesso, como os Jogos dos Povos indígenas. Mas ainda há muito o que aprender com eles”. Identidade - O Coordenador em Defesa dos Direitos Indígenas da Funai, Marcos Terena, também é da opinião de que é o momento certo para debates. “O grande enigma do Século 21 é a definição do papel do índio e a sua perspectiva de sobrevivência com identidade própria”, informa Terena. “Temos que saber se o índio tem direito somente à tradição, se tem algum direito à modernidade ou se é possível juntar as duas coisas para que possa sobreviver como comunidade indígena”. Pelo menos 76 etnias estarão representadas por seus líderes na Conferência Nacional dos Povos Indígenas, entre elas os Ka’apor, Tembés, Wai-Wai, Xikrin do Kateté, Pataxó, Potiguara, Karipuna, Xavante, Guajajara, Yanomami, Wassu, Gavião e Terena. Durante o evento deve ser lançada uma cartilha escolar mostrando a cultura indígena, que será distribuída a alunos do ensino fundamental das escolas públicas do Pará. Paralelamente haverá uma exposição de fotos sob o tema “Terra de Índio”, com trabalhos coletados em todo o País. A programação cultural inclui, ainda, a apresentação de danças e ritmos indígenas pelas tribos Xinguano e Bororo (de Mato Grosso) e Tembes, Wai-Waii e Xikrin (do Pará). Na manhã de domingo será realizado no Cais da Praça Pedro Teixeira o “Ato do Reconhecimento”, uma celebração evocando a imagem da caravela de Pedro Alvarez Cabral chegando ao Brasil, mas com os personagens em papéis trocados – os índios é que vão chegar na caravela, sendo recebidos pelos brancos e negros. O Ato representa a interação cultural indígena com os colonizadores do País.
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