Doutora em segurança nos estádios propõe política para o setor

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Publicado em Segunda, 24 Março 2003 16:53

Brasília, 24/03/2003 (Ascom/ME) - A experiência espanhola de ação contra a violência nos estádios também foi tema do Seminário sobre Segurança nos Estádios, organizado pelos Ministérios do Esporte e da Justiça. A professora Heloísa Baldy expôs uma série de sugestões para uma política nacional com base no estudo elaborado para sua tese de pós-doutorado, realizado na Faculdade de Murcia, Espanha. Professora da Faculdade de Educação Física e do Programa de Pós-graduação de Estudos do Lazer, da Universidade de Campinas (Unicamp), Baldy lembrou que o trabalho na Europa de prevenção da violência entre torcedores de futebol começou com a assinatura de um tratado europeu em 1985, ao qual a Espanha aderiu dois anos depois. Desde então, este país vem implantando com sucesso as medidas estabelecidas, sendo reconhecida em 1992 pelo Conselho Europeu como país modelo neste setor. Baldy acredita que a eficiência da Espanha neste trabalho deve-se principalmente ao compromisso do poder público em atuar efetivamente nos estádios de futebol. “Este seminário é um sinal de que o governo atual está disposto a também selar este compromisso, o que já é um grande avanço”, afirmou, elogiando a parceria entre o esporte e a justiça, considerando este um fator de credibilidade para o trabalho proposto. As propostas apresentadas pela professora foram definidas a partir da detecção dos maiores problemas enfrentados pelo Brasil nos estádios de futebol. Segundo Heloísa Baldy, estes problemas englobam a falta de infra-estrutura; o despreparo dos organizadores dos eventos esportivos e da própria Polícia Militar; a banalização da violência pela mídia; e o descompromisso dos dirigentes esportivos. Para ela, a solução seria delegar responsabilidades aos setores envolvidos no assunto. Segundo a proposta da professora, agiriam em conjunto o poder público e as entidades de administração do esporte. Ao Ministério da Justiça ficaria a tarefa de capacitar uma polícia especializada para lidar com multidões e, juntamente com o Ministério do Esporte, elaborar uma política nacional; criar uma comissão permanente de fiscalização e pesquisa; e assumir a responsabilidade técnica e financeira na modernização dos estádios. Ainda de acordo com a proposta de Heloísa Baldy, o Ministério da Educação deveria elaborar um programa de educação de prevenção à violência a ser realizado durante os eventos esportivos. As federações e confederações seriam responsáveis pela organização da venda dos ingressos, da definição de datas e horários adequados ao público espectador, da organização do acesso aos estádios e definição do acesso aos locais da partida. Aos clubes, ficaria a obrigação de nomear um chefe de segurança permanente, registrado pela comissão dos ministérios da Justiça e do Esporte, e garantir, dentro dos estádios, a separação das torcidas adversárias e a qualidade de todos os serviços oferecidos. Por fim, a Polícia Militar teria como responsabilidade a fiscalização do transporte de torcedores, da venda de bebidas alcoólicas e do porte de armas ou similares pelos torcedores. “O que precisamos aqui no Brasil é, de fato, de uma co-responsabilidade eficaz”, explicou Heloísa Baldy. “Os problemas são conhecidos, o que falta é um compromisso maior do poder público e, para isso, uma definição de papéis”. Mariana Galiza
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