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Artigo do ministro Aldo Rebelo: Patrono do Esporte
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- Publicado em Quarta, 09 Abril 2014 19:30
A canonização do padre José de Anchieta remete para a avaliação de sua obra missionária no Brasil, em que se inscreve uma novidade introduzida pelos jesuítas portugueses na colônia tropical: o jogo de argolas. Os curumins que estudavam no Colégio de São Paulo de Piratininga vibravam com o jogo de trespassar argolas com lanças, uma réplica dos torneios medievais da Europa. “Ensinamos-lhes jogos que usam lá os meninos no Reino; tomam-nos tão bem e folgam tanto com eles, que parece que toda a sua vida se criaram em isso”, descreveu o padre Rui Pereira em carta de 1560.
Os índios já praticavam atividades lúdicas e ritualísticas que depois virariam esportes olímpicos – arco, corridas, canoagem, natação e até um jogo de bola praticado com a cabeça –, mas os padres, ao lado da educação formal e do teatro, trouxeram o esporte de competição. Pouco mencionada, tal inovação deve ser reconhecida no ciclo civilizatório que a Companhia de Jesus, tendo à frente o estadista Manuel da Nóbrega, empreendeu no Brasil.
O foco dos jesuítas no esporte infantil já antecipava a preocupação dos Estados modernos de iniciar a infância e juventude nas atividades corporais e lúdicas que instilam disciplina, cooperação em equipe e ajudam a formar o caráter da gurizada.
Atualmente, o Brasil desenvolve um extenso e ambicioso programa que persegue aqueles objetivos e ainda tem o condão de formar competidores em modalidades esportivas olímpicas e paraolímpicas. Parceria dos Ministérios da Educação e do Esporte, o Atleta na Escola teve em 2013 a adesão de 22.900 unidades de ensino de 4.554 municípios, com a participação de 2,1 milhões de alunos na faixa de 12 a 17 anos. A meta de 2014 é reunir 40.000 escolas. As inscrições estão abertas até 30 de abril.
O Atleta na Escola soma-se a outros programas do Ministério do Esporte voltados para a democratização e universalização da prática esportiva, a exemplo do Segundo Tempo, Vida Saudável, Esporte e Lazer na Cidade. Ao mesmo tempo em que propiciam a educação física e a competição solidária, esses programas, que não têm a visibilidade dos torneios, contribuem para que uma parcela massiva da população mantenha-se em boa forma e leve a vida com saúde física e mental.
Por seu pioneirismo, o santo José de Anchieta, que já recebeu o título de Apóstolo do Brasil, bem merece também o de Patrono do Esporte.
Aldo Rebelo
Ministro do Esporte
Artigo publicado na edição de sábado (05.04) do Diário de S. Paulo