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Universidade Federal de Santa Maria e Ministério do Esporte apresentam laboratório de simulação de ambientes

Durante uma competição, diversos fatores podem influenciar o desempenho do atleta. Vento, chuva, calor, frio e diferentes níveis de umidade e pressão são capazes de arruinar o resultado de uma dura rotina de treinamento, a não ser que o competidor esteja devidamente preparado para encarar, sem grandes surpresas, qualquer tipo de condição climática.

Com o objetivo de interligar o ambiente ao corpo e aliar os dois fatores à performance, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) desenvolveu o Centro de Pesquisa em Ambiente Simulado, resultado de um convênio com o Ministério do Esporte no valor de R$ 1,2 milhão, destinado à compra da câmara de simulação de condições climáticas e da esteira de alta performance.

O projeto foi apresentado a representantes de confederações, clubes e do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) nesta quarta-feira (16.04) e tem inauguração prevista para o próximo mês de maio. “A simulação ambiental é um enorme instrumento metodológico viabilizado pelo progresso da área tecnológica”, aponta o responsável pelo projeto, professor Luiz Osório Cruz Portela.

No Centro de Pesquisa está instalado o Laboratório de Performance em Ambiente Simulado (LAPAS), onde é possível controlar a temperatura (em condições que variam de -40ºC a 50ºC), a umidade (de 14% a 90%) e a presença de oxigênio de acordo com a altitude (podendo simular situações de até 9.000m).

Dessa maneira, pode ser simulado o ambiente que os atletas encontrarão em uma determinada competição, como forma de preparação e adaptação não só do corpo, como também realizar teste de desempenho de trajes, medicamentos e materiais esportivos. “Entre 15 e 20 dias em altitude já são suficientes para aumentar em muito o resultado. As adaptações melhoram o transporte de oxigênio e, consequentemente, o desempenho”, explica Luiz Osório.

O professor destaca como exemplo a preparação de um atleta para as condições climáticas da prova de maratona dos Jogos Olímpicos do Rio 2016, ressaltando que a umidade e o calor, entre outros fatores, podem provocar uma queda de desempenho. Para evitar essa perda, o maratonista pode realizar treinos sob uma temperatura de 28ºC e com a umidade relativa do ar de 70%, viabilizando, assim, a análise e o planejamento para cada situação.

Outro mecanismo é a esteira de alta performance, presente no laboratório, e que pode ser utilizada por cadeirantes, corredores e ciclistas. Nela, é possível programar aceleração (até 70km/h), aclives, declives e até o trajeto de uma determinada prova.

Já o treinamento de altitude (hipóxico intermitente) pode ser realizado em repouso, dentro de uma câmara (6m x 6m x 3 m), ou em movimento, com o uso de máscaras. Nesses casos, o atleta consegue uma adaptação do corpo à situação de ar rarefeito, o que é fundamental sobretudo para atletas de provas de longa duração, que necessitam de uma maior produção de hemáceas (glóbulos vermelhos que carregam o oxigênio pelo sangue).

Uso no alto rendimento
É justamente com os fundistas que a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) pretende dar início aos treinamentos simulados no Centro de Pesquisa de Santa Maria, com foco nos Jogos Olímpicos de 2016. “Em vez de treinar em outros lugares com altitude, fora do país, com outros técnicos e outra cultura, a gente aproveita toda a estrutura que se tem aqui. Como a Olimpíada vai ser no Rio de Janeiro, já podemos simular as condições ideais que podem ocorrer lá”, comenta o presidente da CBAt, José Antônio Fernandes.

“Hoje tudo é feito em ambiente de competição. Fazemos adaptações na altitude, no calor e no frio durante três ou quatro meses antes de competições. Mas isso custa muito caro. Com o laboratório aqui, nós diminuímos os custos e o desgaste emocional de atletas que ficam fora durante muitos meses por ano”, ressalta Antônio Carlos Gomes, superintendente de alto rendimento da CBAt.

José Luiz Vasconcellos, presidente da Confederação Brasileira de Ciclismo (CBC), espera aproveitar a estrutura já para a preparação dos atletas do ciclismo de estrada para o Campeonato Pan-Americano em Puebla (México), em maio, disputado a uma altitude de 2.200m e que será classificatório para os Jogos Pan-Americanos de Toronto, em 2015. “Tudo que a gente pode somar ao atleta é bem-vindo. Se temos essa oportunidade dentro do país, isso só pode somar para o resultado”, acredita.

Para Ricardo Avellar, diretor do departamento de alto rendimento do Ministério do Esporte, a resposta das confederações à proposta foi bastante positiva. “Foi muito importante essa conversa com as entidades e os clubes, que são os que tratam diretamente com o atleta. Esse tipo de método é bastante utilizado no mundo, mas não existe a prática no Brasil. A iniciativa precisava de um retorno da sua importância junto a quem trabalha com os atletas”, destaca.

Tratamento de lesões e doenças
Além da preparação do corpo do atleta para as competições em diferentes situações climáticas, o Centro de Pesquisa permite ainda uma avaliação clínica de atletas com problemas de saúde e auxilia nos processos de recuperação ou “destreinamento” motivados por lesões.

O centro conta ainda com o Laboratório de Hipoxia e Ambiente Limpo, que deve ser concluído até julho e que auxiliará atletas com doenças respiratórias ou alérgicas. Nele, o ambiente é filtrado para deixar o local praticamente desprovido de germes e, assim, reduzir também a necessidade de uso de medicamentos.

Outro laboratório do centro é o de Nutrição Experimental, responsável por testar os componentes nutricionais necessários ao atleta em cada tipo de ambiente, calculando o melhor uso, por exemplo, de suplementos e da hidratação.

Ana Cláudia Felizola e Denise Mirás – Portal Brasil 2016
Ascom - Ministério do Esporte
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