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Atletas do Grêmio Náutico de Porto Alegre colecionam medalhas na esgrima adaptada

Disputa da esgrima em cadeira de rodas nos Jogos Paraolímpicos de Londres 2012 (Foto: Getty Images)Disputa da esgrima em cadeira de rodas nos Jogos Paraolímpicos de Londres 2012 (Foto: Getty Images)

Liberada a segunda parcela de recursos de convênio com o Ministério do Esporte, os esgrimistas do Grêmio Náutico União agora aguardam a última, para a compra de cadeiras de rodas adaptadas e seus fixadores, que ficarão em uma nova sala de armas no clube de Porto Alegre. Assim, os técnicos Eduardo Nunes e Alexandre Teixeira terão mais facilidade para treinar atletas da esgrima adaptada, com destaque para Jovane Silva Guisone, ouro na espada B dos Jogos Paraolímpicos de Londres 2012, e que neste ano já soma quatro medalhas internacionais.

No último fim de semana, o esgrimista, de 28 anos, conquistou ouro no florete e na espada B e bronze por equipes no Grande Prêmio de Montreal, no Canadá. Foi o segundo torneio do circuito internacional de esgrima adaptada.  Ele já vinha de ouro na espada B no GP de Malchow, na Alemanha, onde Suélen Rodolpho foi bronze no florete B.

Relembre a vitória do bolsista nos Jogos Paraolímpicos de Londres 2012 (Foto: Getty Imagens)Relembre a vitória do bolsista nos Jogos Paraolímpicos de Londres 2012 (Foto: Getty Imagens)

Em Montreal, além de Jovane — que se tornou atleta da esgrima adaptada em 2008, depois de ter sido baleado em um assalto — outro atleta do Grêmio Náutico, Vanderson Chaves, chegou ao bronze no florete B. Jovane, que ainda conquistou a medalha de bronze por equipe, ao lado dos paranaenses Sandro Colaço e Rodrigo Massarut e do paulista Lenílson Oliveira.

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Em 2013, a esgrima adaptada brasileira não participou de todas as etapas do circuito internacional e, ainda assim, foram três medalhas de bronze de Jovane. Para este ano, a programação prevê participação em todas as etapas, que fazem parte do planejamento de recursos do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), segundo o técnico Eduardo Nunes.

Além da Copa do Mundo de Malchow e do GP de Montreal, haverá duas etapas da Copa do Mundo (Lonato, na Itália, neste mês, e Egger, na Hungria, em novembro) e dois GPs (Varsóvia, na Polônia, em outubro, e Hong Kong, em dezembro).

Medalhas vêm de trabalho voluntário
Eduardo Nunes conta que há dez anos começou um trabalho voluntário com Alexandre para treinar deficientes na prática da esgrima. O objetivo era encontrar uma opção de atividade a eles, resgatar a auto-estima e a motivação para seguir em frente depois de acidentes.

“O início foi em 2004. Então, foi feita uma parceria entre o Grêmio Náutico e a Asasepode (Associação dos Servidores da Área de Segurança Portadores de Deficiência). O clube sempre apoiou, deu estrutura, incluiu a esgrima adaptada nos projetos de convênios com o Ministério do Esporte. E agora essa parceria da associação com o clube foi oficializada”, comemora o técnico.

O que Eduardo não esperava que, dos treinos, seus alunos passassem às competições. “Na maioria, os atletas cadeirantes são vítimas de tiro. Posso dizer que quando começamos a trabalhar não passava pela cabeça a parte competitiva. Nossa principal conquista foi proporcionar essa possibilidade de mudança de vida. Tinha uma pessoa com problemas com a Justiça que se corrigiu. Outras que não tinham instrução hoje já estão em faculdade, constituíram família. Muitos que poderiam estar mortos ou presos, no caminho do crime, encontraram outra motivação de vida”, ressalta.

Apoio do clube e do governo federal
Na esgrima, de crianças a adultos, são entre 120 a 130 esgrimistas treinando no Grêmio Náutico União. O destaque fica com o atleta olímpico Guilherme Toldo e Gabriela Cecchini, bronze no Mundial de Cadetes 2014, ambos contemplados pelo programa Bolsa-Atleta do Ministério do Esporte. Do total, 13 são da esgrima adaptada (nove homens e quatro mulheres).

Por meio de recursos de convênio ainda de 2011 com o Ministério do Esporte no valor de cerca de R$ 2,7 milhões, foram adquiridos dez pistas de esgrima, mais todo o equipamento (roupas, coletes elétricos e armas), além de todo o sistema eletrônico de pontuação. Os recursos beneficiaram ainda atletas da natação, da ginástica olímpica e do remo, visando à preparação para os Jogos Olímpicos do Rio 2016.

“Tudo está sendo usado, e muito, pelo menos desde o início de 2013”, afirma o técnico Eduardo. “Agora, esperamos a liberação da parcela restante do convênio de 2012 para a aquisição de cadeiras e fixadores (na esgrima adaptada, as cadeiras ficam fixas e a movimentação do atleta, além dos braços, é apenas com o tronco). E o clube ainda deve entrar com outro projeto de convênio para estruturação de uma segunda sala de armas, mais acessível”, adiantou Eduardo Nunes.

Denise Mirás
Ascom - Ministério do Esporte
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