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Alto rendimento e saúde da população são tema de palestra de professor canadense em Brasília
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- Publicado em Terça, 25 Novembro 2014 19:00
O diretor de Esporte de Base e de Alto Rendimento, André Arantes, lembrou que o país vive um momento em que é possível estreitar mais contatos e aprender com experiências bem-sucedidas internacionalmente. Daí o convite a Richard Way, que está no Brasil para participar da Semana Internacional do Esporte pela Mudança Social promovida pela USP, em São Paulo, que vai até este fim de semana.
Mais que projetos, Richard Way expôs conceitos que orientam programas como o “Esporte para a Vida” e o “Desenvolvimento de Atletas a Longo Prazo”, na verdade complementares. Os objetivos, assinalou, têm a ver em primeiro lugar com mudanças de filosofia e alinhamento de ações que no Brasil seriam equivalentes a governo federal, passando por Confederações Esportivas, até chegar aos próprios técnicos.
“Na maioria dos países, essas ações estão desconectadas”, observou o professor canadense, destacando que esse aspecto já é um desafio. “Assim, é preciso criar todo um ambiente para mudar”, comentou, partindo de uma verdadeira educação física para crianças, até o planejamento específico para atletas jovens que partam para a alta performance e até a mudança de mentalidade da população, que passe a entender o esporte como saúde e benéfico para toda a vida.
Assim, em primeiro lugar é preciso ensinar fundamentos de vários esportes às crianças, que também precisam aprender a treinar – incluindo aquelas com algum tipo de deficiência. No esporte de alto rendimento, os jovens aprendem a treinar para competições, mas também para seguirem com a atividade física ao longo da vida.
Mudança de filosofia
“É um conceito completamente diferente do usual. Nosso modelo é de inclusão, diferentemente do modelo normal, que detecta talentos, que depois passam a clubes, por exemplo, enquanto a grande maioria é excluída do esporte. Também queremos qualidade de aprendizado, em vez de quantidade – uma verdadeira educação física para crianças, em vez da simples atividade; participação conjunta, em vez do isolamento; alinhamento para objetivos traçados, em vez de ações desconectadas em sistemas independentes; metas em favor da sociedade, em vez de visando somente ao esporte.”
Richard Way usou como exemplo técnicos e também pais que pensam nos times ou filhos competindo “no próximo fim de semana” para vencer a qualquer custo, quando a óptica que é preciso usar aponta justamente para o longo prazo, priorizando valores, em benefício da educação e da saúde. “Para se chegar à excelência leva tempo. É um trabalho a longo prazo. E não se pode tomar atalhos.”
Desenvolvimento integrado
No caso do alto rendimento, Richard destacou que, depois da educação física da criança, o jovem passa à especialização, a um esporte único, mas o técnico precisa lidar com idades “relativas”, pois durante o crescimento o corpo de cada um difere e, assim, os planos esportivos são únicos e precisam ser individualizados.
Nos planejamentos anuais, para a temporada, há períodos mais adequados para se trabalhar especificamente, como no caso de coordenação, de velocidade. Assim, em paralelo aos períodos clássicos de treinamento (de base, específico, de lapidação e de competição), os técnicos também devem estar atentos ao desenvolvimento intelectual, emocional e moral de seus atletas.
Richard Way tem trabalhos em parceria com diversos governos, como Irlanda, Reino Unido (em que cada país tinha um plano esportivo próprio), Bahrein, Catar, África do Sul (com o esporte sendo fundamental para a reunião da nação, depois da queda do apartheid), Guatemala (onde é enorme o problema de cartéis de drogas e o esporte tem papel social fundamental) e Estados Unidos (com o menor investimento por parte do governo federal e sistemas independentes e totalmente dispersos, com relação a entidades esportivas).
No caso do Canadá, a política nacional esportiva foi implantada em 2002, visando justamente mais qualidade de vida e, para isso, tentando implantar o alinhamento entre governo central, províncias e cidades. Hoje, segundo o professor, 100% das crianças já se aproveitam da “educação física” e seleções juvenis já colhem resultados. “Mas se tomarmos o basquete, por exemplo, de alto rendimento, lembro que ficamos muitos anos fora dos Jogos Olímpicos e espero que consigamos vaga para o Rio 2016. Mas medalhas... Talvez em 2020.”
Denise Mirás
Ascom - Ministério do Esporte
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