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Atletas são homenageadas e contam histórias de sacrifício e superação
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- Publicado em Segunda, 09 Março 2015 14:31
Chegar ao título de melhor do mundo, no caso da jogadora de handebol Duda Amorim; a uma medalha de ouro olímpica, como a judoca Sarah Menezes, ou colecionar medalhas em várias provas de atletismo em Mundiais e Jogos Paraolímpicos, caso da velocista Terezinha Guilhermina, são recompensas que, em segundos de pódio, resumem anos de dedicação e foco em resultados. E, em muitos casos, de forma nenhuma sinalizam relaxamento, ao contrário. Mais objetivos estão para serem cumpridos – e o principal deles neste ciclo olímpico são os Jogos do Rio 2016.
As três atletas fizeram parte do grupo de homenageadas nesta segunda-feira (09.02) pelo Dia Internacional da Mulher, comemorado na véspera, e participaram de cerimônia promovida pelo ministro George Hilton. Foi um intervalo na rotina de treinos e tratamentos de lesões, porque – como afirmou Terezinha Guilhermina, para os muitos aplausos no auditório do Ministério do Esporte, “dia da mulher são os 365 dias do ano, ou os 366 se for ano bissexto, porque a gente não para nunca”.
Pior que a fome, só a sede
Boa parte do sacrifício para se chegar às medalhas mais sonhadas da carreira de qualquer atleta está na tolerância à dor, como a judoca Érika Miranda, bronze da categoria 52 kg do Mundial de Cheliabinsk 2014, na Rússia. “Dor faz parte da vida do atleta. É maisfácil dizer onde não doi: no cabelo!”, diz, bem-humorada.
Outra parte importante no sacrifício pelas conquistas é citada por Sarah Menezes, primeiro ouro olímpico feminino do Brasil no judô, em Londres 2012, na categoria 48 kg: “Manter o peso é muito difícil. Não é só por eliminar tudo o que não é saudável. É pela pouca quantidade, é fome mesmo”. Sarah diz que os dois últimos anos foram os piores, porque não teve tanta facilidade em perder peso como anteriormente. E a boca fechada seguirá por mais este ano e meio. Agora com 24 anos, só subirá de categoria depois dos Jogos Olímpicos 2016.
Para Érika, mais experiente com seus 28 anos, pior que fechar a boca para comida é fechar para água: “Existem estudos dando conta de que é possível perder 2,5 kg de água, antes de uma competição – ou 5% de cada categoria de peso. Para mim, desidratar um dia antes é muito difícil. Não se pode beber nada”.
Busca pela perfeição
Eduarda Amorim, a Duda, admite seu “perfeccionismo dentro do jogo”. E só com essa busca pela perfeição pôde atingir seu objetivo de “ser atleta top, depois melhor da Europa, depois melhor do mundo”. No Brasil para a rotina de seis horas diárias de fisioterapia na recuperação de cirurgia no joelho esquerdo, para reconstrução do ligamento cruzado anterior, a jogadora já tem quase uma década defendendo times fora do país.
“Para ser top, o melhor era jogar na Europa. Então, fui, em 2006, com 19 anos”, explica. Duda defendeu o Kemetal, da Macedônia, e está no Györy Audi Eto, da Hungria, há três anos, onde chegou ao título da Liga dos Campeões e melhor jogadora do campeonato. “Queria ser a melhor armadora esquerda da Europa e cheguei a melhor do mundo. Estou no lucro!”, diz a sorridente Duda, de 28 anos e 1,86 m.
A rotina não abre espaço para muitas folgas. Se não está na pré-temporada, trabalhando intensamente a parte física com corridas e peso, já está em campeonatos, quando os treinos são mais técnicos e a parte física também é aprimorada mais em movimentos na própria quadra. São dois períodos de treinamento por dia. “Não sei quantos jogos faço por ano... Uns 40 da Liga, acho que 60, 70... Mais a seleção... É capaz de chegar a 100”, se admira.
Cabeça no lugar
Para ter mais tranquilidade na recuperação da cirurgia, realizada em dezembro, Duda optou por trabalhar no Brasil, com Marina Calister, fisioterapeuta da seleção brasileira. “Na Europa, não teria tanta atenção do clube, porque é um time todo. Aqui, são cinco, seis horas na clínica e estou evoluindo bem. Agora não tenho tanta dor, já consigo flexionar o joelho, e estou tratando da parte muscular. Está mais tranqüilo – ainda não comecei a correr, mas já estou trotando”.
Também na parte psicológica, Duda passou por situações extremas e muito intensas, de fundo do poço a alegria extraordinária. Esse é outro aspecto do sacrifício dos atletas na busca por suas medalhas olímpicas e mundiais: o trabalho para equilibrar a parte emocional.
Com a seleção brasileira, esteve próxima das inéditas semifinais no Mundial de São Paulo 2011, quando a vitória escapou literalmente por segundos. Depois, “e mais doído”, foi perder a chance novamente de passar às semifinais, depois de se manter à frente da Noruega, campeã olímpica, durante boa parte da partida pelas quartas de final nos Jogos Olímpicos de Londres 2012.
“Trabalhamos muito duro, parecia que tudo ia dar certo, e foi uma decepção. Mas a gente se recupera. E então fomos campeãs mundiais (em 2013, na Sérvia, derrotando a própria Sérvia na final, diante de público recorde de 20 mil pessoas)".
Agora “melhor do mundo”, o foco de Duda é defender o título mundial do Brasil em dezembro, na Dinamarca. “Quero estar recuperada para ajudar a seleção a conquistar uma medalha”, afirma.
Desafio constante
Terezinha Guilhermina corre provas de 100m, 200m e 400m, tendo ao lado seu guia Guilherme. “São de três a seis horas diárias, de segunda a sábado”, afirma, sobre o trabalho para conseguir resultados e seguir a meta de sempre melhorar seus tempos e manter medalhas conquistadas (para ficar apenas em medalhas paraolímpicas, a atleta vem de bronze nos 800m de Atenas 2004 e nos 400m de Pequim 2008 – nestes Jogos, ainda foi prata nos 100m e ouro nos 200m. De Londres 2012, trouxe ouro nos 100m e nos 200m).
“A gente trabalha muito, mas de 2014 para 2015 ainda vamos aumentar a intensidade na preparação para o Mundial de Doha, no Catar, em outubro, porque será uma prévia dos Jogos do Rio 2016”, explica a velocista que hoje já sabe administrar ansiedade, depois de quatro Jogos Paraolímpicos. “Sei lidar com essas situações, mas em 2016 teremos mais pressão, pela disputa ser no Brasil. Mas meu principal desafio é me manter como melhor do mundo nas minhas provas. Esse é um desafio constante”.
Denise Mirás
Ascom – Ministério do Esporte
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