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Ministro rebate elitização do futebol brasileiro, mas critica preço de ingresso
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- Publicado em Quinta, 08 Agosto 2013 14:00
Em conversa com blogueiros e internautas de todo o país nesta quinta-feira (08.08), o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, falou sobre o calendário do futebol brasileiro, a criação de uma liga nacional de clubes, os preparativos para a Copa do Mundo de 2014 e o legado que ficará para o país após os grandes eventos esportivos.
Além de participar de um bate-papo com três blogueiros especializados na cobertura esportiva - Pedro Galindo, do blog "Doentes por Futebol" (Recife); Marcos Paulo Lima, do blog "Drible de Corpo" (Brasília), e Priscila Andrade, do blog "Donas da Bola" (Porto Alegre) -, Aldo Rebelo respondeu a perguntas enviadas pelos internautas.
Confira a íntegra da videoconferência com o ministro do Esporte, Aldo Rebelo:
Possível elitização dos estádios
Uma parcela grande do torcedor de fato não vai ao estádio, nunca foi e nunca irá. Eu dou o exemplo do Palmeiras, que é o meu time e tem oito milhões de torcedores no Nordeste e 16 milhões no Brasil inteiro. Tem mais torcedor do Palmeiras fora de São Paulo do que em São Paulo. Nem todo torcedor vai ao estádio. Eu freqüentava a geral do estádio Rei Pelé, em Alagoas, e esse glamour só fica nas cenas de cinema, no Canal 100, porque não é bom ver jogo da geral. Você fica com a visão prejudicada, não existe conforto algum, você vê o jogo o tempo todo de pé. Então acho que tem de ser relativizado, geralmente quem fala muito bem da geral nunca viu o jogo na geral, quem via jogo na geral queria ver na cadeira. Mas os preços são exorbitantes, e acho que isso de fato é inadmissível. Que haja ingressos mais caros, porque há serviços nos estádios, mas sou a favor do subsídio cruzado, ou seja, a parte mais cara dos ingressos ajuda a subsidiar a mais barata, para que o futebol não perca sua essência, sua natureza, que é a ligação com o povo.
Legado da Copa
Eu creio que o Brasil faz um esforço não apenas para fazer a melhor Copa de todos os tempos, mas para fazer com que tenhamos, depois da Copa, uma herança bendita, porque a Copa termina e vai para outro país, e o que nós queremos é que fique o legado da mobilidade urbana, que as nossas cidades tenham trânsito mais humano, que a segurança, os aeroportos, as telecomunicações melhorem. Queremos a modernização do futebol, que os estádios sejam melhores, que haja equilíbrio na distribuição da renda do futebol. Esse é um esforço que fazemos com as cidades, com a CBF, com o governo federal. Nós vamos fazer o esforço na Copa de valorizar o produto nacional, os turistas vão consumir cerca de R$ 25 bilhões, gerando renda e receita para o nosso comércio, indústria. Esse é o esforço que estamos fazendo.
Manifestações populares
O Brasil disputou o direito de realizar a Copa de 2014, naturalmente vários países gostariam de substituir o Brasil na organização da Copa. Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, todos queriam, mas o Brasil vai organizar a Copa, as Olimpíadas, e vai fazer uma Copa exemplar. Se houver protestos, vamos assegurar o direito democrático às manifestações, mas vamos assegurar o direito da população de ter o evento que o Brasil assumiu. Como na Copa das Confederações, as manifestações aconteceram, mas os jogos também aconteceram, o Brasil foi campeão, tornou melhor o resultado e assim vamos fazer na Copa do Mundo. As manifestações no Brasil têm tradição. O Brasil sempre foi um país onde as ruas falaram, de forma pacífica e até de forma violenta, quando as manifestações tentaram se sobrepor à ordem democrática do país. Naturalmente, isso tem que ser enfrentado, quando as manifestações tratam de direitos da população ou protestos sobre direitos públicos, a polícia tem que proteger os cidadãos. Eu fiz manifestações no Brasil inteiro, na época da ditadura, mas nunca fui mascarado, nunca depredei, nunca assaltei, então manifestações que vão pra rua para quebrar, para roubar, isso não é manifestação democrática, a população sabe. E o Brasil vai fazer a Copa dentro da democracia, permitindo que a população se manifeste, mas ao mesmo tempo tendo clareza de que isso não pode ultrapassar a ordem democrática do país. Acho que na Copa e nas Olimpíadas será este o nosso espírito, de conviver com a democracia e com a ordem ao mesmo tempo.
Calendário do futebol brasileiro
Nós conversamos com a CBF sobre isso. Há parte dos clubes que jogam três meses por ano e depois passam nove sem disputar uma competição e há uma queixa de outra parte dos clubes de um calendário acima do europeu, que dispõe jogadores a lesões. Há quem queira folga no calendário para fazer pré-temporada e excursão ao exterior. O governo tem interesse em participar da discussão e racionalizar nosso calendário, para que ele torne a vida econômica e a exposição das marcas de nossos clubes algo mais competitivo em relação ao futebol europeu.
Criação de uma liga nacional de clubes
Sou favorável à criação de uma liga dos clubes. Onde houve a criação, caso da Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália, houve um aproveitamento muito melhor das potencialidades dos clubes, das marcas, dos torneios que eles disputam. Acho que os clubes brasileiros deveriam organizar uma liga, lutar pelos seus direitos. A CBF cumpre seu papel de regulamentação do futebol, cuida da seleção brasileira, e os clubes deveriam cuidar melhor dos seus interesses. Acho que uma liga ajudaria a defender e a projetar melhor os interesses dos clubes brasileiros no país e fora do Brasil.
Aeroportos
Nós temos projetada para a Copa quase que o dobro da capacidade dos aeroportos brasileiros quando comparada à demanda projetada para o mesmo período, então não haverá problema na capacidade de nossos aeroportos. O que tentamos melhorar é a qualidade dos serviços, o tempo que o passageiro leva para ter disponível sua bagagem, o tempo que ele leva na entrada do aeroporto e a chegada ao avião, essa operação, a higiene dos equipamentos, a superlotação dos banheiros, que ainda é uma realidade em alguns aeroportos, tudo isso nós lutamos para que, além da capacidade, tenhamos uma qualidade melhor do que a que temos hoje.
Mobilidade urbana
As obras de mobilidade urbana são obras do PAC projetadas para serem executadas independentemente da Copa no Brasil. Quando o Brasil recebeu a notícia de que sediaria a Copa e a Olimpíada, as obras de mobilidade urbana, metrôs, VLTs, BRTs, abertura de novas avenidas, complexos de viadutos, alças de acesso, tudo isso já estava projetado para todas as nossas metrópoles, de Manaus a Porto Alegre. Lembro que em dezembro de 2011 fui à Belo Horizonte para a inauguração do complexo viário que recebeu o nome do ex-vice presidente José Alencar, que é a alça de acesso que integra vias de BH para o Mineirão. Outras obras estão sendo construídas, o corredor Mario Andreazza em Cuiabá, essas obras estão sendo entregues e serão entregues, se não até a Copa, serão entregues depois do mesmo jeito, porque não são obras para a Copa, estão sendo antecipadas, mas são obras para a cidade. E não são despesas para a Copa, são despesas com mobilidade urbana, que seriam feitas mesmo sem Copa.
Experiência na Copa das Confederações
O que me deixou mais contente foi o fato de termos realizado a Copa das Confederações com elevado grau de eficiência, no serviço de transportes, na entrega dos estádios, na segurança pública, que não foi uma operação simples. Conseguimos garantir a segurança dos manifestantes, dos turistas e das delegações. Para isso acontecer, nós dependemos dos investimentos do governo, nos centros de comando e controle. O que precisamos melhorar é o prazo no cumprimento do calendário, porque se tivéssemos realizado eventos testes em todos os estádios, como queríamos, teríamos evitado alguns dos incidentes que enfrentamos. Então vamos cumprir os prazos, para que todos os testes sejam realizados, para que as operações de todas as áreas sejam executadas com eficiência.
Fonte: Portal da Copa
Ascom - Ministério do Esporte
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