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Campeões mundiais de 1958, 1962 e 1970 comentam o prêmio de RS 100 mil
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- Publicado em Sexta, 12 Abril 2013 18:40
Zito tem 80 anos, dois títulos mundiais e muita saudade do futebol das décadas de 50 e 60. Campeão das Copas de 1958 e 1962 e um dos grandes jogadores do Santos, ele sofreu quando parou de jogar futebol, mas não perdeu tempo. Juntou-se com três sócios e abriu uma fábrica de artefatos de borracha no interior de São Paulo. Hoje, o negócio está a cargo do filho e ele tem uma vida tranquila em Santos. Mas sabe que essa tranquilidade não é regra entre os ex-jogadores daquela época.
"Tem muito jogador que precisa muito de ajuda. A maioria não estudou para trabalhar. Nosso negócio era jogar futebol. Quando acabou, nem todo mundo conseguiu encontrar um caminho", disse o bicampeão mundial.
Todos os jogadores campeões das Copas de 1958, 1962 e 1970 receberão, a partir de segunda-feira (15.04), o prêmio de R$ 100 mil previsto na Lei Geral da Copa. O pagamento será feito pelo Ministério do Esporte aos ex-jogadores e a familiares dos ex-atletas já falecidos, conforme estabelecido pela lei.
"Recebo isso muito bem. Vai ser ótimo poder ajudar a minha família", disse Zito.
Jogadores do grupo tricampeão de 1970, Dadá Maravilha e Paulo Cezar Caju disseram que as antigas gerações campeãs caíram no esquecimento e que a quantia é uma forma de valorizar o que fizeram pelo futebol brasileiro. "Eu estou muito feliz. Nem todo mundo está bem de dinheiro, que Deus abençoe todos esses heróis que infelizmente estão sendo esquecidos. É um prêmio merecido, fico muito feliz e mais tranquilo para o futuro" disse Dadá.
"Fiquei muito contente. Acho que é uma comenda justa, principalmente para a geração de 1958 e 1962, que colocou o Brasil no topo do mundo. Isso caiu no esquecimento. Tem imposto, tem aluguel, tem luz, gás, muita coisa, e esse dinheiro vai ajudar muito. Uma chance de ter aposentadoria com paz e conforto", disse Caju.
Direito à aposentadoria
Marcelo Neves tem na família um exemplo da realidade enfrentada por boa parte dos jogadores de futebol das antigas gerações: ele é filho de Gylmar, goleiro das seleções de 1958 e 1962. Marcelo também é presidente executivo da Associação dos Campeões Mundiais de Futebol do Brasil. Para ele, o pagamento do prêmio é a vitória de uma luta de pelo menos cinco anos.
"Em 2008, foi a primeira vez que tivemos contato com o então presidente Lula, com o Ministério do Esporte, lutando por um direito factível. Eles foram jogadores numa época em que a profissão não era regulamentada. Não tiveram direito de contribuir com a Previdência. Eles trabalharam mais de 20 anos e mereciam esse reconhecimento. É uma maneira de tentar arrumar a perda deles durante esses anos todos", defendeu.
Gylmar sofreu um AVC que o deixou hemiplégico (parte do corpo paralisada) e em cadeira de rodas. Marcelo conta que a família conseguiu prover um bom tratamento ao ex-goleiro, mas esse não é o caso de outros ex-atletas que sofrem com problemas de saúde.
"Muitos estão numa situação crítica. Se for analisar, eles estão beirando os 80 anos. O país não tem essa cultura de lembrança dos seus ídolos. É um pecado a gente deixar o país do futebol esquecer essas pessoas. Acho que isso é um marco", completou.
Qualificação
Tricampeão em 1970, Wilson Piazza também lembrou das dificuldades vivenciadas pelos ex-jogadores. Ele é o atual presidente da Federação das Associações dos Atletas Profissionais (FAAP) e lamenta que os atletas daquela época não puderam ter um sistema de previdência nem a oportunidade de qualificação para seguir outras atividades após o fim da carreira.
"A maioria dos nossos jogadores pratica futebol sem visão do futuro, só pensa no presente. É uma reviravolta a passagem da vida de atleta para ex-atleta. Eles precisam de qualificação, de alternativas, é uma pena que muitos desses atletas que dignificaram o nome do país não tenham tido uma alternativa."
Nesse contexto, Pizza reconhece a importância do prêmio que será pago a partir de segunda-feira (15.04). "Para alguns companheiros, esse dinheiro vai ajudar bastante. A gente tem ciência de que muitos não estão no estado em que deveria estar um campeão mundial. E claro que também vai me ajudar, não sou nenhum milionário. Eu tomo isso como uma homenagem para aqueles que contribuíram para a história do futebol."
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Carol Delmazo - Portal da Copa
Fotos: Danilo Borges e CBF
Ascom - Ministério do Esporte
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