Videorreportagens, textos e fotos mostram como os projetos são colocados em prática e os resultados alcançados em todo o país.
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Confira entrevista do ministro Aldo Rebelo ao jornal Brasil Econômico
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- Publicado em Quinta, 01 Novembro 2012 13:00
"Copa do Mundo não tem mistério, só vamos ter que trabalhar muito"
Para o ministro, o maior desafio para o mundial serão as transmissões dos jogos. Situação atual é insatisfatória
Gustavo Machado
Preocupado? Não. Despreocupado? Também não! Segundo o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, a Copa do Mundo de 2014 traz desafios, mas não há mistérios nem dificuldades para o Brasil realizar o evento. "Não sou ingênuo. Sei dos problemas, e o governo está trabalhando para resolvê-los", afirma o ministro. "Temos um espírito de ousadia e sacrifício. Desenvolver uma metrópole no meio da amazônia foi difícil. Um estádio lá é apenas um desafio", continuou. Já sobre o legado que a Copa deixará para o país, o ministro foi enfático:"Haverá um legado espiritual e afetivo".
Mais de 40% das obras previstas para a Copa ainda estão no papel. Isso causa preocupação?
Essa palavra, preocupação, é de uma ambiguidade tamanha que se torna quase um talvez. Se dissermos que não estamos preocupados, fica parecendo um descaso. Se dissermos o contrário, então existe um problema grave. Contorno essa palavra para não ser prisioneiro das interpretações que ela suscita. As obras foram iniciadas em sua maioria. A outra parte cumpre o roteiro de projeto, licitação, contrato, um tempo importante. Dias desses recebi uma mensagem no Twitter de um cidadão dizendo que me queria como patrão, porque sempre digo que tudo está bem, que tudo é bem feito. Eu não quero criar a ideia da ingenuidade e de que tudo está resolvido. A Copa do Mundo impõe o desafio de fazer melhor o que já fazemos bem e de superar nossas deficiências.
Quais são os nossos desafios?
Temos problemas, principal mente, em telecomunicações. Em Brasília, estava vendo o jogo, começou a chuviscar e depois caiu a imagem. Isso não pode acontecer durante a Copa. Mas o governo tomou providências eficazes para que a transmissão seja perfeita. Até para a valorização do produto. Os projetos para os sistemas de banda larga e de 4G também são providências importantes. Um desafio que tomamos também para a economia. Nem tudo está resolvido, precisamos trabalhar muito, mas a Copa não tem mistério, só trabalho.
E a mobilidade urbana?
Aeroportos estão resolvidos. O de Recife, por exemplo, terá o dobro de capacidade do que a demanda prevista para o evento. O de São Paulo terá em 2015 60 milhões de passageiros. Pelo cronograma do consórcio, em 2014 já não teremos problemas. Os desafios não são da capacidade, mas a concentração de voos em um faixa estreita de horário. Cerca de 60% do tempo, os aeroportos têm capacidade ociosa. E preciso racionalizar os pousos e decolagens. Já para o tráfego, são necessárias alternativas como metrô e veículos leves sobre trilhos, os VLTs. Cabe lembrar que parte das obras estava prevista antes da Copa. Em 2004, visitei Salvador para tratar do metrô, que já estava atrasado em mais de 10 anos. O de Fortaleza também já estava planejado antes. Projetos que não eram para a Copa, mas que terão que ser feitos a tempo do evento.
Quanto aos estádios, por que construir arenas em Cuiabá e Manaus, que podem ficar ociosas após a Copa?
O Brasil é um país gigantesco. A Amazônia Legal compreende 60% do território nacional. Seria inaceitável do ponto de vista do País realizar a Copa e excluir 60% de sua cultura, de sua origem, de sua história. Seria um erro inaceitável. O Brasil não é apenas o Sul e o Sudeste. O nosso deserto ocidental, a Amazônia, não pode ser integrada apenas nos mapas. Tem que ser integrada de fato. O povo brasileiro tem que ver de perto Manaus, a maior metrópole amazônica, e Cuiabá, que foi fundada pelos Bandeirantes no fim do século 15. A maior parte da população brasileira talvez nunca vá a Cuiabá, mas precisa saber como uma cidade daquele tamanho foi concebida no meio do Pantanal. O Brasil precisa fazer esse esforço de realizar a Copa no Brasil. A construção de uma nação passa por isso.
Mas essas obras não correm o risco de tornarem-se elefantes brancos?
Essas arenas não foram concebidas apenas como estádios. Em 1970, no México, foram construídos só estádios. O Morumbi e o Maracanã são belos estádios, mas só estádios. Eles ficaram superados por isso. Agora estamos construindo arenas multiusos. Wembley, em Londres, recebe apenas 10 jogos por ano. Mas há casamentos, restaurantes, museus, espestáculos. As novas arenas brasileiras estão sendo construídas com essa ideia. Os administradores do Amsterdã Arena visitaram Salvador porque desejam trabalhar com o espaço. Em Brasília, onde não há espaço para fazer um evento para mais de 8 mil pessoas em local fechado, acontece o mesmo. O estádio de Pernambuco é concebido em um acordo com a Odebrecht que se chama Cidade da Copa, em uma área de 200 hectares, terá uma universidade, um conjunto residencial para 2.600 famílias, shopping center, centro de convenções. Creio que dessa forma, a possibilidade de ser um elefante branco é pequena.
Estes novos centros também passam pela ideia de integrar o país?
Isso é uma necessidade. Não podemos concentrar tudo em São Paulo e Rio de Janeiro. Essas são metrópoles que já atraem por natureza, turismo e serviços. Elas são as portas do Brasil. Mas é preciso também levar para outros destinos esses eventos. Os organizadores querem sair do eixo rio são Paulo. Querem fazer convenções um ano em Porto Alegre, outro em Manaus, outro em Brasília e assim por diante.Portanto, é necessário haver infraestrutura logística e hoteleira, o que está sendo feito também.
Qual o legado que o senhor espera deixar com a Copa?
O que o evento deixa é um legado espiritual e afetivo, que as pessoas não valorizam, mas que eu valorizo muito. Li certo dia um depoimento de um barbeiro chileno que cortou o cabelo do Pelé. Li também outros de pessoas da comunidade que hospedaram a seleção brasileira em 1962. Além de hotéis e aeroportos, existe esse legado. Tratando-se apenas do legado material, haverá uma mudança de perfil do futebol brasileiro. Um novo perfil com conforto, segurança e qualidade dos estádios, que hoje são muito precários. Se criará um padrão novo de arenas, algo que já está se impondo. O Grêmio está fazendo uma arena que poderia receber qualquer jogo da Copa do Mundo, até mesmo a abertura. O Palmeiras também está fazendo uma bela arena. O São Paulo já obteve a licença da prefeitura para reformar o Morumbi. A gestão dos clubes levará isso em conta.
Outras áreas estão sendo mobilizadas?
Mobilizamos a ciência do país. Uma referência é essa iniciativa do Miguel Nicolelis, um homem respeitado da Neurociência, que quer fazer que uma criança possa entrar com a Seleção e dar um ponta-pé inicial. Fui à Suíça para criar a tecnologia de uma roupa especial que possa fazer com que uma pessoa portadora de deficiência seja capaz de dar esse chute. Isso pode criar até um legado industrial, que pode mudar todo o mundo. O Sérgio Danilo Pena, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), já fez pesquisas relacionadas a esse tema e quer recolher amostra de sangue de todas as seleções, fazer um DNA e mostrar que não existe raça. Existe maior diferença dentre uma única seleção do que entre outras. Além disso, a Sociedade Brasileira de Cardiologia quer fazer um legado para o SUS de prevenção de acidentes para atividade física, que pode atingir o aposentado e também um atleta de alto rendimento. Estamos ajudando a realizar os congressos para deixar um legado para a saúde pública. E tem o perfil turístico das cidades que receberão a Copa, que será modificado pela intensa exposição que a Copa dará.
Em tempos de Rio+20, como o sr. vê a sustentabilidade dos novos projetos?
Nossas obras estão ganhando prêmios, como o projeto de Brasília que ganhou o principal prêmio da área, concedido pelo Green Building Council. No Paraná, o projeto da Arena da Baixada prevê que toda a energia utilizada será produzida pelo próprio estádio, com o uso de placas solares. A Copel (Companhia Paranaense de Energia) forneceu gratuitamente os equipamentos e a instalação em função de um acordo que haverá a respeito de sobras de energia. A Copel recebe toda a energia produzida e devolve o necessário para o estádio. O excedente é comercializado como se tivesse sido produzido em uma usina dela.
O sr. tem um exemplo desse tipo de acordo?
Foi muito inteligente o acordo que o Mário Celso Petraglia, presidente do Atlético Paranaense, conseguiu formatar. Esse é um modelo que se pode ser utilizado por instituições privadas, como indústrias, hospitais e escolas. Um modelo de aproveitamento alternativo que traz benefícios para todos os setores. Em Brasília, a arena desenvolverá um novo sistema de reciclagem de resíduos. São projetos que trazem consigo a possibilidade de transferência de tecnologia e de modelos para qualquer empreendimento. Isso vai servir de referência também para as empresas que farão a Copa na Rússia, em 2018, e no Catar, em 2022. Até mesmo a grama que será utilizada nos campos possui um projeto específico. A Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Botucatu, pesquisa novas tecnologias para melhorar o sistema de drenagem dos gramados. A própria Fifa reconheceu que os estádios estão sendo construídos com o que há de melhor.
Após a Copa, teremos apenas dois anos para a Olimpíada. Como vê nosso desempenho nos esportes olímpicos?
Já melhoramos a nossa política e nossos instrumentos para desenvolver o esporte de alto rendimento. Nos últimos10 anos, criamos a Lei Agnelo Piva, que criou um financiamento para o esporte e aumentou os repasses de recursos para o Comitê Olímpico Brasileiro e para as confederações. A lei de incentivo ao esporte significou uma grande renúncia fiscal, que beneficiou muito á prática esportiva. Tem acontecido uma evolução dos recursos destinados aos clubes, como o Pinheiros, em São Paulo, o Minas Tênis Clube. Isso já melhorou nosso desempenho, como vimos em Pequim, em2008, e no esporte paraolímpico. Criamos um plano de medalhas, para que o Brasil tenha em 2016, não apenas a celebração da Olimpíada, mas que no quadro de medalhas faça um papel coerente com a posição de país sede. Em todos os estados, vamos construir equipamentos que serão o legado deste grande evento. A Olimpíada não será apenas da cidade do Rio de Janeiro, mas de todo o Brasil.
Como será a distribuição desses equipamentos?
Vamos distribuir os equipamentos por afinidade. Em Piauí, existe um dos polos de Badminton no país. O boxe tem em Salvador e em Belém centros de treinamento importantes, com uma estrutura já pronta que vamos melhorá-las. Algo semelhante será feito com o Centro Olímpico de Manaus. Em todos os esportes faremos isso.
Na área social. O que está sendo feito em relação a isso?
O esporte representa a integração, principalmente por meio da escola. O esporte de base, desenvolvido na escola é o principal fundamento do alto rendimento. Vemos modelos de outros países, como o cubano e o americano, modelos opostos, mas que possuem sua base na escola. Por isso nós e o Ministério da Educação trabalhamos em conjunto. Dizem que na escola não há competição entre as crianças, que existe apenas o lazer.. Mas as duas disciplinas não são excludentes. Pode-se fazer da educação física uma competição, que criará valor para o alto rendimento. Queremos fazer uma política nacional com base no aprendizado esportivo fornecido pela escola.
Para o ministro, o maior desafio para o mundial serão as transmissões dos jogos. Situação atual é insatisfatória
Gustavo Machado
Preocupado? Não. Despreocupado? Também não! Segundo o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, a Copa do Mundo de 2014 traz desafios, mas não há mistérios nem dificuldades para o Brasil realizar o evento. "Não sou ingênuo. Sei dos problemas, e o governo está trabalhando para resolvê-los", afirma o ministro. "Temos um espírito de ousadia e sacrifício. Desenvolver uma metrópole no meio da amazônia foi difícil. Um estádio lá é apenas um desafio", continuou. Já sobre o legado que a Copa deixará para o país, o ministro foi enfático:"Haverá um legado espiritual e afetivo".
Mais de 40% das obras previstas para a Copa ainda estão no papel. Isso causa preocupação?
Essa palavra, preocupação, é de uma ambiguidade tamanha que se torna quase um talvez. Se dissermos que não estamos preocupados, fica parecendo um descaso. Se dissermos o contrário, então existe um problema grave. Contorno essa palavra para não ser prisioneiro das interpretações que ela suscita. As obras foram iniciadas em sua maioria. A outra parte cumpre o roteiro de projeto, licitação, contrato, um tempo importante. Dias desses recebi uma mensagem no Twitter de um cidadão dizendo que me queria como patrão, porque sempre digo que tudo está bem, que tudo é bem feito. Eu não quero criar a ideia da ingenuidade e de que tudo está resolvido. A Copa do Mundo impõe o desafio de fazer melhor o que já fazemos bem e de superar nossas deficiências.
Quais são os nossos desafios?
Temos problemas, principal mente, em telecomunicações. Em Brasília, estava vendo o jogo, começou a chuviscar e depois caiu a imagem. Isso não pode acontecer durante a Copa. Mas o governo tomou providências eficazes para que a transmissão seja perfeita. Até para a valorização do produto. Os projetos para os sistemas de banda larga e de 4G também são providências importantes. Um desafio que tomamos também para a economia. Nem tudo está resolvido, precisamos trabalhar muito, mas a Copa não tem mistério, só trabalho.
E a mobilidade urbana?
Aeroportos estão resolvidos. O de Recife, por exemplo, terá o dobro de capacidade do que a demanda prevista para o evento. O de São Paulo terá em 2015 60 milhões de passageiros. Pelo cronograma do consórcio, em 2014 já não teremos problemas. Os desafios não são da capacidade, mas a concentração de voos em um faixa estreita de horário. Cerca de 60% do tempo, os aeroportos têm capacidade ociosa. E preciso racionalizar os pousos e decolagens. Já para o tráfego, são necessárias alternativas como metrô e veículos leves sobre trilhos, os VLTs. Cabe lembrar que parte das obras estava prevista antes da Copa. Em 2004, visitei Salvador para tratar do metrô, que já estava atrasado em mais de 10 anos. O de Fortaleza também já estava planejado antes. Projetos que não eram para a Copa, mas que terão que ser feitos a tempo do evento.
Quanto aos estádios, por que construir arenas em Cuiabá e Manaus, que podem ficar ociosas após a Copa?
O Brasil é um país gigantesco. A Amazônia Legal compreende 60% do território nacional. Seria inaceitável do ponto de vista do País realizar a Copa e excluir 60% de sua cultura, de sua origem, de sua história. Seria um erro inaceitável. O Brasil não é apenas o Sul e o Sudeste. O nosso deserto ocidental, a Amazônia, não pode ser integrada apenas nos mapas. Tem que ser integrada de fato. O povo brasileiro tem que ver de perto Manaus, a maior metrópole amazônica, e Cuiabá, que foi fundada pelos Bandeirantes no fim do século 15. A maior parte da população brasileira talvez nunca vá a Cuiabá, mas precisa saber como uma cidade daquele tamanho foi concebida no meio do Pantanal. O Brasil precisa fazer esse esforço de realizar a Copa no Brasil. A construção de uma nação passa por isso.
Mas essas obras não correm o risco de tornarem-se elefantes brancos?
Essas arenas não foram concebidas apenas como estádios. Em 1970, no México, foram construídos só estádios. O Morumbi e o Maracanã são belos estádios, mas só estádios. Eles ficaram superados por isso. Agora estamos construindo arenas multiusos. Wembley, em Londres, recebe apenas 10 jogos por ano. Mas há casamentos, restaurantes, museus, espestáculos. As novas arenas brasileiras estão sendo construídas com essa ideia. Os administradores do Amsterdã Arena visitaram Salvador porque desejam trabalhar com o espaço. Em Brasília, onde não há espaço para fazer um evento para mais de 8 mil pessoas em local fechado, acontece o mesmo. O estádio de Pernambuco é concebido em um acordo com a Odebrecht que se chama Cidade da Copa, em uma área de 200 hectares, terá uma universidade, um conjunto residencial para 2.600 famílias, shopping center, centro de convenções. Creio que dessa forma, a possibilidade de ser um elefante branco é pequena.
Estes novos centros também passam pela ideia de integrar o país?
Isso é uma necessidade. Não podemos concentrar tudo em São Paulo e Rio de Janeiro. Essas são metrópoles que já atraem por natureza, turismo e serviços. Elas são as portas do Brasil. Mas é preciso também levar para outros destinos esses eventos. Os organizadores querem sair do eixo rio são Paulo. Querem fazer convenções um ano em Porto Alegre, outro em Manaus, outro em Brasília e assim por diante.Portanto, é necessário haver infraestrutura logística e hoteleira, o que está sendo feito também.
Qual o legado que o senhor espera deixar com a Copa?
O que o evento deixa é um legado espiritual e afetivo, que as pessoas não valorizam, mas que eu valorizo muito. Li certo dia um depoimento de um barbeiro chileno que cortou o cabelo do Pelé. Li também outros de pessoas da comunidade que hospedaram a seleção brasileira em 1962. Além de hotéis e aeroportos, existe esse legado. Tratando-se apenas do legado material, haverá uma mudança de perfil do futebol brasileiro. Um novo perfil com conforto, segurança e qualidade dos estádios, que hoje são muito precários. Se criará um padrão novo de arenas, algo que já está se impondo. O Grêmio está fazendo uma arena que poderia receber qualquer jogo da Copa do Mundo, até mesmo a abertura. O Palmeiras também está fazendo uma bela arena. O São Paulo já obteve a licença da prefeitura para reformar o Morumbi. A gestão dos clubes levará isso em conta.
Outras áreas estão sendo mobilizadas?
Mobilizamos a ciência do país. Uma referência é essa iniciativa do Miguel Nicolelis, um homem respeitado da Neurociência, que quer fazer que uma criança possa entrar com a Seleção e dar um ponta-pé inicial. Fui à Suíça para criar a tecnologia de uma roupa especial que possa fazer com que uma pessoa portadora de deficiência seja capaz de dar esse chute. Isso pode criar até um legado industrial, que pode mudar todo o mundo. O Sérgio Danilo Pena, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), já fez pesquisas relacionadas a esse tema e quer recolher amostra de sangue de todas as seleções, fazer um DNA e mostrar que não existe raça. Existe maior diferença dentre uma única seleção do que entre outras. Além disso, a Sociedade Brasileira de Cardiologia quer fazer um legado para o SUS de prevenção de acidentes para atividade física, que pode atingir o aposentado e também um atleta de alto rendimento. Estamos ajudando a realizar os congressos para deixar um legado para a saúde pública. E tem o perfil turístico das cidades que receberão a Copa, que será modificado pela intensa exposição que a Copa dará.
Em tempos de Rio+20, como o sr. vê a sustentabilidade dos novos projetos?
Nossas obras estão ganhando prêmios, como o projeto de Brasília que ganhou o principal prêmio da área, concedido pelo Green Building Council. No Paraná, o projeto da Arena da Baixada prevê que toda a energia utilizada será produzida pelo próprio estádio, com o uso de placas solares. A Copel (Companhia Paranaense de Energia) forneceu gratuitamente os equipamentos e a instalação em função de um acordo que haverá a respeito de sobras de energia. A Copel recebe toda a energia produzida e devolve o necessário para o estádio. O excedente é comercializado como se tivesse sido produzido em uma usina dela.
O sr. tem um exemplo desse tipo de acordo?
Foi muito inteligente o acordo que o Mário Celso Petraglia, presidente do Atlético Paranaense, conseguiu formatar. Esse é um modelo que se pode ser utilizado por instituições privadas, como indústrias, hospitais e escolas. Um modelo de aproveitamento alternativo que traz benefícios para todos os setores. Em Brasília, a arena desenvolverá um novo sistema de reciclagem de resíduos. São projetos que trazem consigo a possibilidade de transferência de tecnologia e de modelos para qualquer empreendimento. Isso vai servir de referência também para as empresas que farão a Copa na Rússia, em 2018, e no Catar, em 2022. Até mesmo a grama que será utilizada nos campos possui um projeto específico. A Unesp (Universidade Estadual Paulista), em Botucatu, pesquisa novas tecnologias para melhorar o sistema de drenagem dos gramados. A própria Fifa reconheceu que os estádios estão sendo construídos com o que há de melhor.
Após a Copa, teremos apenas dois anos para a Olimpíada. Como vê nosso desempenho nos esportes olímpicos?
Já melhoramos a nossa política e nossos instrumentos para desenvolver o esporte de alto rendimento. Nos últimos10 anos, criamos a Lei Agnelo Piva, que criou um financiamento para o esporte e aumentou os repasses de recursos para o Comitê Olímpico Brasileiro e para as confederações. A lei de incentivo ao esporte significou uma grande renúncia fiscal, que beneficiou muito á prática esportiva. Tem acontecido uma evolução dos recursos destinados aos clubes, como o Pinheiros, em São Paulo, o Minas Tênis Clube. Isso já melhorou nosso desempenho, como vimos em Pequim, em2008, e no esporte paraolímpico. Criamos um plano de medalhas, para que o Brasil tenha em 2016, não apenas a celebração da Olimpíada, mas que no quadro de medalhas faça um papel coerente com a posição de país sede. Em todos os estados, vamos construir equipamentos que serão o legado deste grande evento. A Olimpíada não será apenas da cidade do Rio de Janeiro, mas de todo o Brasil.
Como será a distribuição desses equipamentos?
Vamos distribuir os equipamentos por afinidade. Em Piauí, existe um dos polos de Badminton no país. O boxe tem em Salvador e em Belém centros de treinamento importantes, com uma estrutura já pronta que vamos melhorá-las. Algo semelhante será feito com o Centro Olímpico de Manaus. Em todos os esportes faremos isso.
Na área social. O que está sendo feito em relação a isso?
O esporte representa a integração, principalmente por meio da escola. O esporte de base, desenvolvido na escola é o principal fundamento do alto rendimento. Vemos modelos de outros países, como o cubano e o americano, modelos opostos, mas que possuem sua base na escola. Por isso nós e o Ministério da Educação trabalhamos em conjunto. Dizem que na escola não há competição entre as crianças, que existe apenas o lazer.. Mas as duas disciplinas não são excludentes. Pode-se fazer da educação física uma competição, que criará valor para o alto rendimento. Queremos fazer uma política nacional com base no aprendizado esportivo fornecido pela escola.