Confira artigo de Aldo Rebelo sobre a Copa em Porto Alegre, publicado no jornal Zero Hora

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Publicado em Quinta, 24 Maio 2012 18:34

A Copa em Porto Alegre (artigo publicado no jornal Zero Hora em 9 de maio de 2012)

O futebol no Rio Grande do Sul repete a audácia e a bravura com que os gaúchos anexaram seu território ao Brasil e construíram uma civilização nos Pampas. Tudo aqui é polarizado, seja nas arenas da política, desde os chimangos e maragatos, seja nos campos de grama, onde ainda corre o time mais antigo do Brasil, o Rio Grande, e os dois principais de Porto Alegre, Grêmio e Internacional, confrontam-se e equilibram-se. Ambos ganharam duas vezes a Libertadores da América e, se o Grêmio foi campeão do mundo de 1983, o Colorado conquistou o título em 2006. Com tanta tradição, é natural que, como foi em 1950, a cidade seja sede da Copa de 2014.

Peleadores, os gaúchos também sabem celebrar a paz. O maior exemplo dessa tendência à concórdia é o Tratado de Poncho Verde, firmado em 1º de março de 1845, quando Davi Canabarro, chancelado por Bento Gonçalves, líder máximo da rebelião farroupilha, assinou com o Barão de Caxias o acordo que reintegrou o Rio Grande ao Império do Brasil. Agora, malgrado as desavenças que os unem, os gaúchos estão irmanados para realizar uma das etapas mais bem-sucedidas da Copa de 2014.

A tradição gaúcha de honrar compromissos não deixa dúvida de que o Beira-Rio estará apto a receber, a 15 de junho de 2014, a primeira das cinco partidas previstas para a Copa em Porto Alegre. A reforma atual do estádio, guardadas as diferenças de época, remete ao esforço feito em 1950 para que o antigo campo dos Eucaliptos, então uma praça modesta, para 10 mil torcedores, fosse modernizado a tempo de sediar a Copa daquele ano. Gaúchos e visitantes, iluminados pelo pôr do sol no Guaíba, assistiram a dois jogos do México, contra a Iugoslávia e a Suíça.

O amor dos gaúchos ao futebol é garantia de que a Copa deixará uma herança social de grande utilidade para a população. Todo o Estado, mas Porto Alegre e sua região metropolitana em particular, vão usufruir os grandes benefícios gerados pelo evento mais visto do planeta - com um público estimado em mais de 3 bilhões de pessoas. Cobiçada por todos a cada quatriênio, a Copa do Mundo se impõe como a grande festa do esporte mais popular da Terra. Ademais, a nação-sede ainda herda inovações e melhoramentos nas áreas de novas tecnologias e serviços, e grandes investimentos em infraestrutura urbana, criando empregos e qualificando mão de obra.

Esperamos que a Copa deixe saudade, mais uma taça da Fifa para a Seleção Brasileira e que a etapa de 2014 em Porto Alegre, como a de 1950, seja coroada de êxito, pois o brio dos gaúchos não regionaliza suas lutas, a exemplo do que disse Bento Gonçalves sobre os objetivos profundos da rebelião farroupilha: "A causa que defendemos não é só nossa, ela é igualmente a causa de todo o Brasil".

Aldo Rebelo
Ministro do Esporte