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Com planejamento, grandes eventos ajudam o crescimento de países
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- Publicado em Sexta, 30 Setembro 2011 13:38
Planejamento: essa é a ferramenta ideal para o sucesso dos grandes eventos internacionais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, segundo o especialista em desenvolvimento urbano Pablo Vaggione, que foi consultor dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992. Vaggione participou da abertura e do encerramento do Seminário Internacional Copa 2014: Sustentabilidade e Legado, que aconteceu em Manaus, nos dias 28 e 29.
O especialista enfatizou que o fortalecimento institucional foi fundamental para Barcelona, numa época em que a Espanha estava mergulhada em profunda crise econômica e de emprego, além de incertezas políticas. "Naquele momento, vimos que precisávamos de um plano estratégico para sair do momento em que estávamos, pois os jogos seriam um instrumento para construir um futuro melhor", contou.
Uma das principais ferramentas que o planejamento adotou e viabilizou o sucesso dos Jogos de Barcelona, segundo Vaggione, foi o lançamento de planos de parceria com o setor privado, que até então eram inconcebíveis na gestão pública. "Foi o grande salto, não só para a capacidade de implementar os jogos, mas para reeducar o empresariado e a relação do setor público com o privado", explicou. O especialista também alertou para o fato de que é fundamental definir prioridades: "Se quisermos fazer tudo ao mesmo tempo, não vai dar certo".
Mais turismo
Dentre as consequências positivas que os Jogos trouxeram à cidade está o aumento do número de turistas, que hoje representa cinco vezes a população de Barcelona: são oito milhões de turistas e três milhões de visitantes a negócios anualmente. Outra foi a recuperação urbanística da cidade, com a criação de um espaço adequado para a instalação de indústrias criativas, como informática, telecomunicações, biotecnologia, design e pesquisa energética. "Tudo isso foi possibilitado com a adoção de uma política fiscal e trabalhista modernizadas, bem como de políticas culturais e intelectuais para atrair essas empresas", explicou Vaggione.
A melhoria da qualidade de vida, objetivo maior apontado como essencial por todos os palestrantes, também se deu em Barcelona com a devolução do mar à cidade - que antes o segregava - e investimento pesado em transporte "pensado como uma intervenção multimodal, transversalmente". Vaggione ressalvou que mobilidade e acessibilidade devem ser avaliadas separadamente: "Talvez precisemos mover-nos menos para fazer mais, perdendo menos tempo".
O especialista também lembrou que qualquer discussão sobre transporte deve estar totalmente atrelada à regulação do uso do solo e a pensar a cidade integradamente: "Não adianta criar áreas residenciais distantes, por mais bonitas que sejam, temos que criar áreas com equipamentos sociais, de saúde e com capacidade de gerar empregos, porque se não teremos guetos bonitos, mas guetos, apenas".
Participação da sociedade
O envolvimento da sociedade nas decisões sobre os investimentos também é fundamental, para Vaggione. "É preciso considerar que mil cabeças pensam melhor do que uma e, quanto mais somarmos à causa, mais fácil será implementar o projeto, reduzindo riscos posteriores", argumentou. Em Barcelona, os cidadãos participaram de discussões que levaram ao desenho de praças e parques para seus bairros.
O especialista concluiu que esta é a chance de o Brasil provar que é possível o desenvolvimento sem a dilapidação de recursos naturais, e o crescimento com políticas sociais. "O Brasil tem uma grande oportunidade de mostrar ao mundo, num momento de máxima crise e incerteza, que há outro modelo possível, enquanto lá fora nós nos questionamos se é possível desenvolver sem dilapidar recursos naturais, se é possível crescer bancando políticas sociais e se há outro modelo possível".
Confira o hotsite sobre o seminário internacional
Foto: Francisco Medeiros
Ascom - Ministério do Esporte
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