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Os muitos significados do Bolsa Atleta na visão dos beneficiários
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- Publicado em Quinta, 11 Abril 2019 10:51
O ginasta Arthur Nory já trocou o banho de balde pelo chuveiro elétrico com ajuda da Bolsa Atleta. A nadadora Edênia Garcia se livrou de uma rotina de quatro ônibus diários para treinar de cadeira de rodas e passou a fazer o trajeto em carro adaptado. Ygor Coelho, do badminton, fez poupança da Bolsa por dois anos para viabilizar um intercâmbio na Dinamarca e alcançar o sonho olímpico. Assim como essas, outras múltiplas narrativas ressaltam o potencial de permanência e crescimento no esporte representado pelo incentivo do governo federal.
Por isso, a recomposição financeira do programa, anunciada nesta quinta-feira (11.04) pelo Ministério da Cidadania, teve ampla acolhida no ambiente esportivo. "O Bolsa Atleta dá uma perspectiva não só de autossustento aos atletas, porque ninguém vive de bolsa. O programa garantiu a possibilidade de muita gente se manter no esporte. O atleta deseja sempre mais, procura viajar, investir, comprar suplementos. O dinheiro do programa mantém os atletas na disputa esportiva. Aumentar o tempo de dedicação da juventude ao esporte é a maior contribuição do programa", afirmou o "coach" Alex Pussieldi, jornalista e comentarista de natação.
Número sete do ranking mundial do tênis de mesa e às portas do primeiro mundial individual em que vai estrear já na chave principal do torneio, Hugo Calderano aponta que o Bolsa Atleta tem sido parceiro indispensável em sua caminhada, principalmente em uma modalidade na qual o país não tem histórico de relevância nem atrai investimentos privados. "Há quase 10 anos conto com o Bolsa Atleta, desde as categorias de base. Para uma modalidade como o tênis de mesa, em que os resultados ainda estão começando a ocorrer, o apoio de programas de incentivo assim é fundamental", disse o atleta carioca de 22 anos, que hoje integra a categoria pódio, a mais alta.
Recordista mundial do salto em distância para atletas com deficiência visual, Silvânia Costa de Oliveira já teve de fazer revezamento de sapatilhas para praticar o atletismo. "Eu vim do interior, não tinha recursos ou condições. Dividia o material com meu irmão. Ele corria, eu esperava e depois pegava a sapatilha para correr", lembra a atleta de 30 anos, natural de Três Lagoas (MS).
Segundo Silvânia, atleta da categoria pódio, o suporte do programa foi indispensável para que ela se tornasse mais do que uma promessa nos Jogos Rio 2016. "Um atleta não chega a lugar algum sozinho. Quando comecei tinha apenas um sonho. Foi a partir das oportunidades que recebi que me tornei campeã paralímpica e recordista mundial. Já são seis anos na Seleção. Hoje tenho condições de comprar meu próprio material, de me sustentar, de investir na minha preparação física e até na minha vida pessoal, de poder descansar com tranquilidade", disse.
A nadadora gaúcha Susana Schnardorf, por sua vez, encontrou na Bolsa Pódio bem mais do que um incentivo para a prática esportiva. "Como tenho uma doença degenerativa grave, chamada Múltipla Atrofia de Sistemas, preciso tomar medicação de quatro em quatro horas e fazer tratamento médico rotineiro e caro. Com a bolsa posso me tratar adequadamente, o que em condições normais não seria possível. Poderia estar muito pior ou nem estar mais aqui", afirmou a atleta, que representou o Brasil nos Jogos Rio 2016 e integrou a equipe que conquistou a prata no revezamento 4 x 50m livre, ao lado de Daniel Dias, Clodoaldo Silva e Joana Neves.
"A Bolsa Pódio é decisiva para mim. Tenho o conforto para chegar em casa e ter uma comida boa, poder vir de carro para o treinamento e não ter desgaste de pegar ônibus com a mobilidade reduzida. Muda totalmente a vida do atleta. Isso fora os trajes tecnológicos com que a gente compete, que são muito caros. O mais barato custa quase R$ 3 mil e dura só quatro competições. Temos alcance para ter acesso a essas coisas melhores, além de podermos competir fora e fazer treinamentos em outros ambientes", completou a atleta, de 50 anos.
O retorno do programa também pode ser medido em resultados. Nos Jogos Olímpicos Rio 2016, 77% dos 465 atletas convocados para defender o Brasil eram bolsistas. Das 19 medalhas conquistadas pelos brasileiros, apenas o ouro do futebol masculino não contou com bolsistas. Já nos Jogos Paralímpicos, o Brasil teve 286 atletas, com 90,9% bolsistas. Foram 72 medalhas conquistadas, em 13 esportes diferentes. Todas obtidas por atletas que recebiam o apoio financeiro do governo federal. Em 2018, atletas beneficiados pelo programa conquistaram 37 medalhas em campeonatos mundiais olímpicos e paralímpicos, além da participação em 26 finais.
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Abelardo Mendes Jr, Breno Barros e Gustavo Cunha - Ministério da Cidadania