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Paulo André conquista primeiro ouro do Brasil na Universíade 2019. Bronze também é brasileiro
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- Publicado em Terça, 09 Julho 2019 22:29
A primeira dobradinha do Brasil na Universíade Nápoles 2019 veio em tamanho família. Correndo ao lado do "irmão" Rodrigo Nascimento e com o pai Carlos José Camilo na comissão técnica, Paulo André Oliveira venceu os 100m na noite desta terça-feira (09.07), no Estádio San Paolo, em Nápoles, e garantiu o primeiro ouro para o país na maior competição de esporte universitário do mundo.
Quase dois meses depois de se sagrarem campeões mundiais do revezamento 4 x 100m com a equipe brasileira no Japão, Paulo e Rodrigo agora correram no individual na Itália e novamente conseguiram um resultado histórico. Com a marca de 10s09, Paulo André não teve dificuldades para garantir o ouro. E Rodrigo, com 10s32, assegurou o bronze, garantindo a dobradinha brasileira no pódio. A prata ficou com sul-africano Chederick Van Wyk, que fez o tempo de 10s23.
"O Rodrigo é um irmão para mim. Fiz história ao lado dele e vou continuar fazendo. Tenho um carinho enorme por ele. A gente conversou no quarto que a gente queira muito isso. E depois a gente conversou na semifinal, ele falou que estava meio assim e eu falei 'vamos para cima, a gente vai conseguir essas medalhas para o Brasil'. Quando eu passei ali e vi o nome dele em terceiro lugar, fiquei muito feliz mesmo", disse Paulo André já com a medalha de ouro no peito.
Para Rodrigo, o objetivo era a dobradinha com o ouro e a prata, mas o bronze também tem valor. "Temos que dar valor porque é uma competição forte, mundial. Mas confesso que estou insatisfeito com meu resultado. Gostei da corrida, mas infelizmente eu estava um pouco preso. Agora quero treinar para me soltar, porque o objetivo é o Pan de Lima", disse.
Paulo destacou a importância do Programa Bolsa Atleta da Secretaria Especial do Esporte do Ministério da Cidadania para sua carreira. "É importantíssimo e é motivador também. Você querer aquela bolsa a mais. O atleta precisa do apoio. Falo com os meninos que a gente tem que correr para ter cada vez mais apoio", afirmou o velocista, que recebe o apoio financeiro do programa, na categoria Internacional.
Atualmente, 451 atletas da modalidade são apoiados pelo programa, resultado de um investimento anual de R$ 5,9 milhões nas diversas categorias (Base, Estudantil, Nacional, Internacional, Olímpica/Paralímpica). Outros 14 atletas são beneficiados pela categoria Pódio, a mais alta do programa, em investimento anual de R$ 1,5 milhão.
Os dois brasileiros medalhistas também integram o Programa de Alto Rendimento das Forças Armadas, como sargentos: Paulo André na Marinha e Rodrigo Nascimento no Exército.
Pai, amigo e treinador
Além do colega-irmão a duas raias de distância, Paulo também contou com o apoio de seu maior ídolo a poucos metros da pista. Carlos José Camilo, seu pai e treinador, faz parte da comissão técnica do atletismo da Confederação Brasileira de Esporte Universitário (CBDU) em Nápoles. "Há um tempo, ele não ia em nenhuma viagem. Agora que ele fez a máquina correr, está aí. Sem ele ali do meu lado, fica muito mais difícil. Claro que é meu técnico, mas primeiro de tudo é meu pai, meu amigo e o abraço dele conta muito mesmo. Quero fazer história com ele e já estou fazendo. Sem ele, nada disso teria acontecido", exalta Paulo.
Carlos, que também foi velocista e só não competiu na Olimpíada de 1984, em Los Angeles, porque uma lesão às vésperas da viagem o tirou da delegação brasileira, não escondeu o orgulho do filho-pupilo. "É emoção, é luta, ainda mais sendo filho. Imagina meu coração como fica em cada final que ele faz. A gente treina, programa tudo, cabeça, corpo, e chega numa hora dessa e é campeão, além de emoção, é muito orgulho. É muito gratificante ver um filho seu, com você orientando, chegar numa competição de grande porte e ser campeão", comemorou.
Carlos tem todo um planejamento pronto para a carreira de Paulo André, incluindo a quebra do recorde brasileiro dos 100m, que pertenceu justamente a um ex-colega seu: Robson Caetano. "O Robson é parceiraço. Ele está sabendo. Torcendo não está, né? Porque não quer perder o recorde, mas recorde foi feito pra ser quebrado", conta o treinador, se referindo à marca de 10s que já dura desde 1988.
Se depender do planejamento de Carlos, no entanto, ainda este ano Paulo André se tornará o primeiro brasileiro a quebrar a barreira dos 10s nos 100m. "Já tem todo o planejamento: Pan, depois o Mundial de Doha, ano que vem Olimpíada. Esse ano vamos quebrar. Não digo no Pan, mas em Doha. Lá no Mundial, se baixar de 10s, tem chance de medalha. Aqui viemos para ganhar e manter o nível, 10s02, 10s05, 10s09. Quatro, nove centésimos não é nada. Para tirar isso, já temos a estratégia. Ah, já era para ter feito? Eu sei, calma, deixa comigo", avisa, confiante.
Para ele, isso será só o começo. "Isso é só a ponta do iceberg. Está bom? Não está não. Só vai ficar bom se em 2020 for à final, 2024 ganhar medalha olímpica, 2024 para frente recorde mundial... aí sim vai começar a ficar bom. Se não for assim, você não cresce. Amanhã é outro dia, vira a página. Ele vai curtir o momento dele, mas amanhã é outro dia. Agora vai para os 200m, depois é o revezamento. E assim vai", projeta.
Nesta quarta-feira (10.07), Paulo já volta à pista do Estádio San Paolo para disputar as eliminatórias dos 200m. A final está marcada para quinta-feira (11.07), a partir das 15h10 (de Brasília). As eliminatórias do revezamento serão na sexta (12), com as finais marcadas para sábado (13), a partir de 13h40.
Com o ouro conquistado, Paulo espera entrar ainda mais confiante. "Tira um peso, estou muito mais leve. O 100m é uma prova mais tensa. Confesso que saiu um peso das minhas costas. Sei que estou bem, estou muito confiante. Sair com três medalhas daqui é o objetivo. Espero que dê tudo certo", disse o velocista brasileiro.
Salto no quadro de medalhas
Com as duas medalhas conquistadas nesta terça no atletismo, o Brasil deu um salto no quadro de medalhas da Universíade 2019. Se ontem o país terminou o dia em 24º lugar, agora o Brasil aparece em 15º, com 1 ouro, 1 prata e 6 bronzes: 8 medalhas no total.
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Nas outras modalidades que disputou nesta terça, o Brasil acabou sem medalhas. No taekwondo, foi dia de estreia, mas Lucas Ostapiv (-80kg) não conseguiu avançar para a disputa por medalhas. Na natação, Iago Moussalem terminou em oitavo na final dos 100m borboleta e Pedro Cardona ficou em sexto no 50m peito.
Nos esportes coletivos, o Brasil perdeu nas quartas de final. No ginásio Palacoscioni lotado pela torcida da casa, a Itália venceu por 3 sets a 0, parciais de 25/20, 25/20 e 25/19. Assim, o time não tem mais chances de medalha e vai disputar um lugar entre o 5º e o 8º. Nesta quarta, enfrenta o Canadá a partir das 9h30.
No futebol, o Brasil saiu perdendo para a Ucrânia, mas virou no segundo tempo: 2 x 1. Com isso, o time verde e amarelo garantiu uma vaga na semifinal, marcada para as 12h de quinta-feira (11.07). O adversário será a Rússia. Na outra chave, Itália e Japão se enfrentam por uma vaga na final.
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Mateus Baeta, de Nápoles, na Itália - rededoesporte.gov.br