Ministério do Esporte Construção de tatame do Segundo Tempo faz comunidade superar desigualdades
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Construção de tatame do Segundo Tempo faz comunidade superar desigualdades

Na expansão de Samambaia, periferia de Brasília, o Programa Segundo Tempo funciona como um remédio eficaz para promoção de saúde e para o combate ao preconceito contra portadores de enfermidades. Cerca de 800 estudantes carentes e a comunidade local superaram o medo em decorrência da desinformação e agora convivem tranqüilamente com portadores de doenças como hemofilia, dermatite nervosa e insuficiência renal em um ambiente saudável assegurado pelo esporte social. Histórias como a de David Jesus Pereira, 5 anos, que adquiriu dermatite emocional, fazem parte do dia-dia-do núcleo do Segundo Tempo instalado na Fundação Cirlene Ferreira. Aos três meses de idade David manifestou o problema caracterizado por coceiras em excesso que chegava a sangrar. Os sintomas da doença emocional fizeram com que ele fosse muito rejeitado pelos pais dos colegas que não permitiram a proximidade com os filhos. A falta de esclarecimento fez com que as pessoas acreditassem que essa fosse uma doença contagiosa. Ledo engano. A doença de David não pega. Graças à atuação dos monitores do programa, os moradores foram conscientizados e o menino - que ainda hoje faz tratamento no Hospital de Base de Brasília (HBB) - é muito querido pelos amiguinhos do Segundo Tempo. O pai de David, o auxiliar de limpeza José Antônio e a mãe, a copeira Edna Fernandes, estão contentes com a melhora progressiva da saúde do filho. "Antes de freqüêntar o Segundo Tempo ele estava sempre estressado, chegava em casa da escola e ia direto para seu quarto dormir. Agora é outra criança, está sempre alegre porque adora praticar judô", conta emocionado o pai, ao lembrar os tempos muito difíceis pelos quais a família passou. O amigo inseparável de David, Maicon Daniel Feitosa do Nascimento, 5 anos é outra história de superação. Portador de hemofilia - em que o sangue não coagula - Maicon foi abondado pela mãe aos cinco meses de idade ficando com o pai, Deusivaldo Feitosa. Este, por sua vez, ao estar sozinho, precisou abandonar o trabalho para cuidar do filho. Maicon precisava tomar o coagulante injetável três vezes por semana e não tinha mais veias para furar. O médico indicou o implante do catéter no peito para a criança receber a medicação. O procedimento resultou em quatro infecções e uma internação de mais de um ano no Hospital de Apoio. Hoje, bem de saúde, Maicon é um dos alunos mais assíduos do núcleo. "Não sei o que seria da minha vida e de meu filho sem a solidariedade do pessoal do Programa Segundo Tempo", declarou Deusivaldo ao apontar a coordenadora Cirlene Ferereira como a grande amiga das piores horas. E ressalta: "Ela, além de conseguir emprego para mim, deu uma grande prova de amizade passando noites e noites com Maicon internado no hospital enquanto eu trabalhava". Na espera do transplante renal - Já o estudante Luciano Azevedo Farias, de 10 anos de idade, tem síndrome de down e apresenta um estatura bem inferior às de crianças da mesma faixa etária: tem o porte físico de um menino de 5 anos. Depois de submetido a um implante de válvula no coração para corrigir uma arritimia (sopro), ele agora enfrenta um outro desafio: o de superar uma infeção renal crônica. "Os dois rins de meus filho quase não funcionam", revela preocupada a dona-de-casa Elizabeth Azevedo, ressaltando que o problema de Luciano é irreversível e que em breve ele terá que fazer hemodiálise. Para ganhar tempo e evitar que o filho sofra muito no estágio final da doença, Luciano foi incluído recentemente na lista de espera para um tranplante de rim, no HBB. As dores no abdômen e bexiga, o inchaço nos braços, pernas e rosto não são problemas para Luciano. O que mais o chateia é ter que faltar o judô do Programa Segundo Tempo. "Durante os dias em que o calor em Brasília está insuportável e a umidade está muito baixa não permito que ele vá treinar", conta Elizabeth. Luciano também pratica natação na escola para estudantes especias, mas foi o judô que o ajudou a evoluir. "Luciano cresceu nos últimos seis meses cerca de cinco centímetros. Isso para mim é uma grande vitória", comemora. A união faz a força - O judô praticado na Fundação Cirlene Ferreira fez com que o Segundo Tempo assegurasse outras vitórias junto a comunidade. A falta de recursos e a pouca oferta de parceiros locais para disponibilizar infra-estrutura esportiva fez da criatividade palavra de ordem, da limitação física um fator de igualdade e da união uma questão de honra. O primeiro andar acima da casa onde a coordenadora Cirlene Ferreira, 24 anos, mora com seus pais, Antonieta e Josino Ferreira, ainda é o local onde acontecem as aulas de judô. Só que os tapetes e colchões de espuma foram substituídos por um imenso tatatame azul. Professores, monitores, estudantes e moradores se uniram para fabricar o equipamento esportivo. Primeiro, eles conseguiram a doação de raspas de pneus de uma empresa de reciclagem, e com a venda de rifas de um celular, adquiriam os recursos necessários para a compra uma lona onde construiram o próprio tatame. Ídolo do esporte - "Queremos ser igual ao Tio Edson", dispararam, eufóricos, David, Maicon e Luciano. O Tio, a quem eles se referem é professor do Segundo Tempo Edson Francisco Gonçalves, faixa preta de judô. "Me emociono ao ver que por meio do esporte as crianças encontram a motivação para conduzir suas vidas e conseguem restabelecer a saúde", afirmou o educador. Para Cirlene Ferreira o Segundo Tempo é uma corrente de solidariedade e por isso, temos que dar o exemplo. "Tudo é possível quando o assunto é tirar os jovens do perigo das ruas", garantiu. Carla Belizária

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