Ministério do Esporte Show de Vitalidade
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Show de Vitalidade

No segundo dia de competição dos IV Jogos dos Povos Indígenas, a modalidade Cabo de Guerra empolgou a platéia. Arrancou aplausos dos espectadores, gritaria entre os participantes e abraços entre os índios, como canto de guerra. Sabor de vitória. Posicionados em fila indiana, frente a frente, a prova consiste em puxar uma corda até que a equipe adversária se renda pela força. Homens e mulheres, de várias etnias, participaram da competição. O público vibrava. Aplaudia e encorajava as equipes. Nem o sol escaldante da tarde de ontem (22) fez com que os índios atletas desistissem de competir. Tampouco afastou os torcedores do Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. Júlia Lange, da tribo dos Kadiwéu, deu show de resistência. Bom humor, simpatia e vitalidade. Aos 71 anos, viúva, seis filhos, sete netos e quatro bisnetos, juntou-se à equipe da neta e foi ajudar as moças a vencer. Não conseguiu. As moças perderam para a equipe das índias de outra tribo. Mas Júlia não fez cara de decepção. Com ajuda de um dos netos - ela não domina o português - a índia explicou que estava ali para competir. Ganhar ou não seria apenas mais um detalhe. "Vim só pra ajudar", disse Júlia, vestida numa discreta saia. Diferente da neta que usava short laranja e miniblusa. "Mulher velha não pode usar isso, não", justificou, com sorriso maroto. Tentando compreender a derrota - e a conseqüente desclassificação nesta prova -, Aratimbó Pataxó, de 26 anos, tinha a resposta na ponta da língua: "Faltou preparo físico. Faltou força". Primo do índio José Galdino Pataxó, queimado vivo por um grupo de jovens enquanto dormia num ponto de ônibus em Brasília, abril de 1997, e morto dias depois em decorrencia da queimadura que atingiu 95% do corpo, Aratimbó até hoje não entende tamanha brutalidade. "A gente é um povo calmo, nunca fizemos mal a ninguém. O que eles (refere-se aos rapazes que atearam fogo em Galdino) fizeram foi covardia. Foi falta de humanidade, de amor ao próximo", desabafa Aratimbó, artesão, segundo grau completo e morador de Coroa Vermelha, em Porto Seguro, Sul da Bahia. O julgamento dos rapazes, marcado para novembro, deve mobilizar toda a tribo Pataxó que mora na Bahia. "Se depender da gente, vamos todos estar em Brasília. E pedir Justiça", garante Aratimbó. Com o corpo pintado com calda de jenipapo - cujo desenho feito na pele lembra a silhueta de uma cobra (pintura feita especialmente para os jogos) - Aratimbó diz que até hoje, mesmo passados 500 anos, o povo indígena continua sendo explorado e visto, por grande parte dos homens brancos, como "animal selvagem". Ele desabafa: "Tem muito preconceito em torno dos índios. As pessoas não dão valor pra nós". Num momento de reflexão, o primo de Galdino deixa escapar: "Mas o preconceito é contra índio, contra o negro, contra quem for diferente da maioria". Marcelo Abreu
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