Ministério do Esporte Alegria de Índio em shopping
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Alegria de Índio em shopping

Foi uma visita de duas horas. Tempo suficiente para que magia, sonho e um mundo completamente diferente invadisse a vida de uma gente que ainda cultiva valores distantes destes a que presenciaram na manhã de hoje (23). Ao deixarem o Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande, onde estão sendo realizados os IV Jogos Indígenas, a ansiedade era visível. Alguns riam. Outros, contidos, não diziam nada. No relógio, a hora precisa: 10h30. Houve até quem tenha dormido mal, esperando o momento de ir àquele lugar cheio de luzes e escada rolante. Dentro do ônibus, 35 índios, de duas etnias - os Cinta Larga, que vivem no estado de Rondônia, e os Pataxós, no Sul da Bahia. Em menos de 10 minutos, o ônibus chegou ao Shopping Campo Grande - o único da capital de Mato Grosso do Sul. Adolescentes, adultos e velhos. Homens e mulheres. Alguns pintados com calda de jenipapo. Outros com colares, cocar e sem camisa. Outros com roupa de homem branco - bermuda, camisa e chinela. Zezão, de 75 anos, o mais velho dos Cinta Larga, parecia menino. Sem falar uma palavra de português, espiava com cuidado tudo que via. Admirava vitrines. Queria tocá-las. Olhava o teto alto. E extasiou-se com a escada rolante. Sentiu certo receio. No início, precisou de ajuda para subir. Hesitou. Mas foi em frente. Lá em cima, depois do susto, quis descer e subir várias vezes. Gostou da engenhoca de homem branco. Os mais novos deliravam-se com relógios, tênis e bermudas. As mulheres espiavam saias, blusas e vestidos. Uma delas tirou uma saia do cabide e colocou junto ao corpo, como se quisesse experimentá-la. As índias também se emocionaram com roupinhas de crianças. No shopping, as pessoas - homens brancos - olhavam o grupo indígena com certo espanto. Outros demonstravam admiração. Uma mulher parou e disse, espantada, como se nunca tivesse visto índio antes: "Como são bonitinhos..." Por onde passaram, os índios chamaram atenção. Vendedores de lojas saíam para vê-los passar. Comentavam. Apontavam. Um vendedor de uma loja de departamento atendeu pacientemente um índio. O Cinta Larga queria comprar bermuda. Daniel, de 31 anos, experimentou algumas. Teve dúvidas sobre quais levaria. Finalmente escolheu duas - uma azul e outra verde. Gastou 74 reais. O vendedor agradeceu. Daniel saiu da loja feliz. "Queria comprar uma bermuda faz tempo...", disse ele, alegre como criança que acaba de ganhar um presente. E fez planos: "Vou usar na aldeia". Depois de rodar o Shopping, descer e subir escada rolante, Ronaldo, de 19 anos, da tribo Cinta Larga, decidiu, categoricamente: "Prefiro a aldeia". O repórter indagou: Por quê? "Porque lá não precisa de dinheiro. A gente vive feliz sem nada disso." Não havia mais o que perguntar. Mas o melhor do passeio foi a conclusão a que chegou o índio Tapera Pataxó, de 25 anos. Depois de conhecer os dois pisos do Campo Grande Shopping, depois de ir, voltar, descer, subir, rodar e rodar, ele sentou-se em um dos bancos do andar térreo e disse: "Acho bom a gente ir embora. Aqui não tem Jokana Baixu. Tá muito fraco. Na aldeia onde moro tem mais...". Jokana Baixu? Sim, Tapera Pataxó não gostou do shopping porque, segundo ele, por lá não havia "mulher bonita". É isso. Índio também sabe avaliar onde tem mulher bonita. Ou Jokana Baixu. Como preferir. Marcelo Abreu
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