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Confira artigo da deputada Jandira Feghali sobre participação feminina no esporte nacional
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- Publicado em Sexta, 29 Março 2013 13:30
Às Marias do nosso esporte
Em todo o mundo, quando comemoramos o Dia Internacional da Mulher, no último dia 8 de março, é uma oportunidade de lembrarmos o caminho percorrido por mulheres que, com coragem e determinação, enfrentaram todo tipo de adversidade para abrir espaços para tantas outras. Essa luta não foi diferente no esporte.
Em 2014, a Copa do Mundo volta a se realizar em nosso país, e em 2016 a cidade do Rio sediará os Jogos Olímpicos. São eventos esportivos que nos remetem não só ao espírito das competições mas, principalmente, ao de congraçamento e confraternização entre os povos.
Para as Olimpíadas, é grande a expectativa dos cariocas sobre o legado para a qualidade de vida e infraestrutura para o seu cotidiano, mas é também interessante que olhemos o esporte como estímulo e desenvolvimento à vida das pessoas. Devemos, desta vez, buscar formar uma delegação recorde em número de mulheres.
Nas mais diversas modalidades, as brasileiras têm dado um exemplo e, a cada nova conquista e com o mesmo sentimento de orgulho, devemos sempre nos lembrar daquelas que ostentaram o nome do Brasil em competições internacionais em tempos em que o esporte era um palco predominantemente ocupado por homens.
Lembramos, então, duas Marias: Maria Lenk, a primeira brasileira a disputar uma Olimpíada, e Maria Esther Bueno, detentora de nada menos que 19 títulos de Grand Slam. Uma nadadora e uma tenista. Duas mulheres que abriram mão de várias coisas e se sacrificaram pelo amor ao esporte. Duas mulheres que fazem com que tenhamos orgulho ao pronunciar seus nomes. Duas mulheres que inspiram milhares de outras, atletas ou não.
Hoje, outros nomes se somam a essa galeria, tornando-a cada vez maior. Jaqueline, Sandra, Maurren, Diane, Marta, Hortência, Paula, Sarah, Kleyten e uma infinidade de mulheres que fazem com que, também no esporte, a luta pela igualdade avance. Tantos nomes que não seria possível aqui registrar, mas que comprovam que é possível abrir caminhos, como fez Aída dos Santos na década de 30, atleta dos pés descalços e de tantas vitórias.
Dos primeiros e corajosos passos aos títulos e medalhas, a luta dessas atletas não é diferente daquela travada por inúmeras mulheres. Mulheres que, apesar de sua capacidade, talento e empenho, esbarram no preconceito quando almejam o espaço que merecem. Essa é ainda uma realidade a ser superada, mas os avanços são inegáveis.
O programa Bolsa-Atleta, que garante condições para que atletas se dediquem ao treinamento esportivo e a participação em competições, tem sido um norte a fomentar o setor. De acordo com dados do Ministério do Esporte, em 2013 já são quase 5 mil beneficiários nas modalidades olímpicas e paraolímpicas. Do total, 1.981 são mulheres, o que representa 40%. Nos Jogos Olímpicos de Londres, das 17 medalhas brasileiras, 10 vieram de bolsistas, quatro deles mulheres: Sarah Menezes e Mayra Aguiar, no judô, Adriana Araújo, no boxe, e Yane Marques, no pentatlo moderno.
Mais de 100 mulheres representaram o Brasil em Londres, quase metade de nossa delegação. Esperamos chegar a 2016, no Rio de Janeiro, com mais mulheres, mas para tanto é preciso dar às nossas Marias oportunidades. Oportunidades para concretizar o sonho de representar o Brasil e lutar por medalhas.
Esporte e cultura mudam vidas. Transformam. Colocam os talentos na trilha da renovação pessoal e da superação. Talento e dedicação não têm gênero. Os incentivos, patrocínios e outros mecanismos que possibilitam que novos fenômenos surjam devem ser dados de forma a valorizar e respeitar cada atleta, seja homem ou mulher, sem discriminação.
Temos três anos à nossa frente. Tempo suficiente para plantar a semente de uma história que registrará que nossa delegação no Rio de Janeiro era composta pelo mesmo número de homens e mulheres.
Ou, quem sabe, mais mulheres!
Jandira Feghali
Médica e deputada federal pelo PCdoB/RJ