Ministério do Esporte Estrutura e parceria são ingredientes do tri do São José na Libertadores feminina
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Estrutura e parceria são ingredientes do tri do São José na Libertadores feminina

De um lado, um reformado estádio que ficou como legado da Copa do Mundo. De outro, investimento municipal na estrutura de trabalho. Adicionalmente, qualidade técnica e dedicação de um grupo de atletas. A soma dos fatores ajuda a explicar o tricampeonato da Copa Libertadores Feminina, conquistado no último domingo (16.11) pelo São José Esporte Clube com uma vitória de 5 x 1 sobre o Caracas, da Venezuela.

A prefeitura investe para garantir salário às jogadoras, alojamento, campos de treino, academia, alimentação e transporte. O estádio Martins Pereira foi remodelado para ser Centro de Treinamento do Mundial e entrou no catálogo, com 83 opções, oferecido pela FIFA às seleções. Os investimentos de R$ 6,02 milhões do Ministério do Esporte possibilitaram que o espaço fosse o principal palco da Copa Libertadores deste ano.

“Toda a estrutura de arquibancada, cabines de TV, área VIP, vestiários e o gramado foi reformada. Isso é um exemplo do legado do Mundial. O torneio passou, mas estamos recebendo diversos eventos aqui, além do futebol, shows e o rúgbi”, afirma José Luís Nunes, secretário de Esporte e Lazer de São José dos Campos.

Treinador da equipe nos três títulos da Libertadores, Adílson Santos aponta a evolução nas condições de trabalho como um dos fatores do crescimento do futebol feminino na cidade. “Eu cheguei em 2010, e de lá para cá foi melhorando a estrutura a cada ano. Hoje temos casa para as atletas, alimentação diária, estrutura de trabalho e corpo técnico”, afirmou.

Foto: Paulino Menezes/ MEFoto: Paulino Menezes/ ME

Suporte
O estádio com capacidade para 17 mil pessoas conta com quatro vestiários, equipados com banheiras de hidromassagem, armários individuais para as atletas, duchas e sanitários. São 12 cabines de TV, campo com a grama da espécie Bermuda – a mesma usada em várias arenas da Copa –, cinco entradas com catraca eletrônica, rampas, elevadores e sinalização que permitem acessibilidade completa no local. Ainda há uma área VIP, bares e quatro conjuntos de banheiros masculino e feminino para o público.

A estrutura recebeu elogios dos visitantes estrangeiros. “Jogamos em muitos campos, todos bons, sobretudo esse aqui. Muito moderno”, disse Nelson Basualdo, treinador do Cerro Porteño do Paraguai. “Queria agradecer ao Brasil por ter tomado a iniciativa de receber a Libertadores pela sexta vez. Que o Brasil siga apoiando e dando suporte ao torneio e tomara que mais países sul-americanos façam isso”, apontou Enzo Tropiano, técnico do Caracas.

Formiga (em destaque) ressalta panorama positivo do futebol feminino atualmente (Frame Vídeo)Formiga (em destaque) ressalta panorama positivo do futebol feminino atualmente (Frame Vídeo)Panorama
Jogadora do São José, a experiente meia Formiga, com 36 anos e cinco Olimpíadas no currículo - medalhista de prata em Atenas (2004) e Pequim (2008) -, viveu diferentes fases do desenvolvimento do futebol feminino no Brasil. Para ela, o panorama melhorou. “Vendo o período entre 99 e 2003, as coisas não estavam tão legais como agora. Digo em relação a alguns times, mesmo não sendo de camisa, mas que estão conseguindo, com patrocinadores e prefeituras, manter a modalidade ativa”.

Companheira de Formiga, a lateral esquerda Letícia Santos, 19 anos, conta como é a rotina de treinos. “A gente mora numa casa, com 20 meninas mais ou menos. Temos academia de manhã, campo à tarde e os jogos, geralmente, no fim de semana. Todas se respeitam”, diz.

Segundo Adílson Santos, o planejamento realizado em conjunto com o município permite a manutenção do elenco e dá segurança às atletas, fundamental para alcançar bons resultados. “Nós temos contratos para o ano inteiro com as jogadoras e seguramos as atletas para as competições. Viagens, hotéis, tudo é planejado a longo prazo. É por isso que aqui o futebol feminino vem dando certo. Como em outros lugares com boa estrutura de trabalho, que são os casos do Centro Olímpico (SP), da Ferroviária (SP) e do Kindermann (SC)”, exemplifica.

Foto: Paulino Menezes/ MEFoto: Paulino Menezes/ ME

Caminho
Apesar dos avanços, a realidade de muitos clubes brasileiros não é igual a do São José. Letícia Santos passou por diversas equipes, como Palmeiras, Bangu, Santos, XV de Piracicaba e Kindermann, desde 2010. Algumas delas fecharam o departamento de futebol feminino neste período. “É um pouco complicado, porque futebol feminino é um pouco instável. Às vezes um clube está forte, dá uma boa estrutura, mas não tem sustentabilidade. Talvez com o apoio da mídia isso possa melhorar”, analisa.

Opinião compartilhada por Formiga. Para ela, os caminhos para o crescimento do futebol feminino passam por campeonatos de base, criação de divisões inferiores, investimento dos clubes tradicionais e apoio das federações. “Aqui a gente tem praticamente tudo, ainda mais em vista de outros clubes, que as meninas não têm tempo de treinar, porque trabalham. Temos que fazer que o futebol seja o emprego dessas meninas, deixar que elas treinem o ano inteiro, para que a modalidade se fortaleça”.

Elas concordam que um dos avanços no esporte foi a criação e manutenção dos campeonatos. “Foi bom criar um segundo campeonato nacional, além da Copa do Brasil”, lembra Santos. O campeonato Brasileiro voltou a ser disputado em 2013, após 12 anos de inatividade. A Libertadores pôde ser realizada graças ao aporte de R$ 600 mil do Ministério do Esporte para a organização. O Governo Federal também investe em outros campeonatos, como o Brasileiro, que recebeu R$ 10 milhões, através da Caixa. Recursos que garantem um calendário de competições para o futebol feminino no país.

Reportagem: Gabriel Fialho
Vídeo: Danilo Borges

Ascom – Ministério do Esporte
, de São José (SP)
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