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No "resta um" do evento-teste da marcha, sobraram os equatorianos
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- Última atualização em Segunda, 29 Fevereiro 2016 18:50
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Se o olhar do espanhol Luis Saladie pudesse se restringir ao que ele viu neste domingo no âmbito técnico e estético do evento-teste da marcha atlética, o relatório dele como delegado-chefe da Federação Internacional de Atletismo seria estritamente racional. O gradeamento poderia sair de dentro do circuito por onde correm os atletas para cima dos paralelepípedos. Assim, árbitros e atletas teriam mais espaço e os jornalistas, uma vista mais limpa para fotos e vídeo. Em outra frente, o espaço de técnicos, profissionais de imprensa e convidados seria melhor definido.
A impressão final dele, contudo, tem como ingrediente um componente medido em umidade e graus Célsius: o calor do Verão do Rio de Janeiro fez com que 11 dos 18 atletas que largaram para os 50km abandonassem a prova. "Estamos no verão. Em agosto, na época dos Jogos, vai ser muito menor a temperatura. Tem de ser menor”, afirmou, em tom de brincadeira, Saladie.

Ao fim, o pódio foi integralmente equatoriano, com Claudio Flores em primeiro, seguido por Rolando Pani e Jonnathan Cabrera. “Cumpri o objetivo, que era ganhar a prova, mas realmente o calor foi um adversário importante. Já tenho a marca para a Olimpíada e quero estar aqui de novo nos Jogos”, disse Flores, que treina ao lado dos colegas na altitude de 2.550m de Cuenca. Uma dimensão da influência do clima na modalidade se reflete no tempo. Flores tem como melhor marca pessoal 3h50min25s. No Rio, venceu com 4h23min37s, mais de meia hora acima.
Gradeamento e piso
Fora a temperatura, que também teve o efeito de tirar da prova os sete brasileiros que largaram, os testes foram considerados bem sucedidos. “Claro que há algumas coisas por fazer, o que é normal, já que faltam cinco meses, mas está tudo na linha do que se propõe. O piso está ótimo, perfeito. Eu só gostaria que a pista fosse um pouco mais larga, porque o evento-teste teve 18 atletas, e na Olimpíada serão 60”, disse.
“Vamos afastar um pouco as grades para aumentar o espaço na pista. Se tiro da parte interna e coloco acima da calçada, automaticamente amplia a sensação de abertura. Visualmente fica melhor, mais limpo”, afirmou Martinho dos Santos Nobre, gerente de atletismo do Comitê Rio 2016. “E o circuito, que era o mais importante, foi aprovado pelos atletas. Disseram que é plano, rápido, sem inclinação. Muito bom para eles”, completou.

De fato, o trajeto rendeu elogios desde sábado, quando foi disputada a prova de 20km da Copa Brasil. Sem oscilações, foi considerado técnico e adequado. “É tranquilo. Bom mesmo. Não tem muita subida e descida. Na Olimpíada vai ser bom”, afirmou Claudio Richardson dos Santos, que abandonou a prova deste domingo na metade do trajeto. “Estava desgastante. Perdi ritmo, levei duas advertências dos árbitros (com três o atleta é eliminado) e preferi parar. Tem outra oportunidade na Eslováquia, dia 19, e quero estar bem”.
O índice olímpico dos 50km é de 4h06min. Por enquanto, só Caio Bonfim e Mario José dos Santos Jr. chegaram lá. Cada país pode correr com até três integrantes. A data limite para alcançar o tempo é 8 de maio. O mineiro Rudney Dias Nogueira, que neste domingo deixou a prova sentindo problemas estomacais, pretende estar lá. “Hoje não foi o que a gente planejou, mas agora é descansar porque mês que vem tem competição na Europa. Vou tentar lá”, avisou.

Chips e placares
Na face tecnológica, a prova serviu para avaliar o funcionamento de cronômetros, placares eletrônicos, chips nos tênis dos atletas que registram o tempo e o número de voltas completadas e o sistema de transmissão de dados. “Toda essa parte de tecnologia e de transmissão das faltas funcionou perfeitamente. Podemos dizer que foi um sucesso”, disse Martinho Nobre dos Santos, gerente de atletismo do Comitê Rio 2016.
Caio Bonfim, o "Messias anunciado" por Gianetti Sena, é penta na Copa Brasil de marcha atlética
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- Última atualização em Segunda, 29 Fevereiro 2016 13:10
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Há instantes em que uma correntinha no pescoço sintetiza tão bem uma história de preparação olímpica quanto detalhes de placar, som, cronômetro, pista, sinalização, sistema de resultados e gradeamentos. Se a listagem de itens técnicos indica o foco dos organizadores no evento-teste da marcha atlética, na região do Pontal, no Rio de Janeiro, o adereço de Gianetti Oliveira de Sena é símbolo da dedicação familiar de décadas sob um lema que é mantra entre eles: "excelência e caráter”.
“Eu mandei fazer. Aqui estamos eu e o Caio juntos. Eu brinco que sou a João Batista da Marcha Atlética. Anunciei a vinda de um grande atleta”, afirma Gianetti. Fundista de origem e pioneira da marcha feminina, mesmo tendo começado tarde, aos 29 anos (quando engravidou), ela encerrou a carreira aos 43 com um legado de oito títulos nacionais. Hoje, ao lado do marido e treinador João Sena, decide em conjunto com o filho o ritmo, a frequência e as prioridades da carreira do jovem de 24 anos.
A trinca familiar teve neste sábado mais um motivo para julgar que o caminho é promissor. Caio Bonfim fechou os 20km da Copa do Brasil em 1h26min12s e conquistou o quinto título seguido do torneio, mais de quatro minutos à frente do segundo colocado, José Alessandro Bagio. “A marcha é um componente desde sempre dentro de casa. Não têm pessoas melhores para me treinar do que eles. Querem sempre evoluir, buscar bons resultados e trabalham com excelência e caráter. Muitas pessoas me disseram para treinar com outros. E muitos disseram a eles que deveriam me liberar. Mas temos conseguido juntos fazer acontecer, com amor, renúncia e temperança”, disse Caio.

Os resultados esportivos recentes são, segundo o próprio atleta, a síntese da consistência desse discurso. À quinta estrela nacional que ele poderia bordar na camisa, some-se o bronze no Pan de Toronto, o sexto lugar no Mundial de Atletismo de 2015 e os índices olímpicos confirmados nos 20km e 50km da marcha.
“Eu faço os 50km para melhorar minha prova de 20km, que é o meu foco. Vou correr as duas e dar tudo nos Jogos Olímpicos, mas é nos 20km que venho batendo perto há tempos". O cronograma até os Jogos inclui uma prova de 50km na Eslováquia, uma fase de treinamento na altitude em Serra Nevada, na Espanha, e a participação em provas internacionais de 20km em Portugal e Roma.
“Quero vir para o Rio um mês antes dos Jogos para treinar mais nesse percurso. A prova foi boa para já mapear tudo e o circuito está ótimo, perfeito. Há um pouquinho de elevação e um pouquinho de descida, como em qualquer circuito de rua. Se eu puder fazer essa aclimatação e contar com o calor da temperatura e do povo brasileiro, chances de ir bem aumentam”, afirmou o atleta. “Em Toronto perdi no Pan para dois canadenses que conheciam cada trecho do percurso porque treinaram direto lá um mês antes”.
Teste oficial
O evento-teste propriamente dito da marcha será neste domingo. A prova de 50km, que valerá como o Campeonato Sul-Americano, reúne 15 atletas de sete países e tem largada prevista para 6h30. Representantes de Brasil, Colômbia, Equador, Peru, Venezuela, além de Congo e China, que vieram como convidados, darão 25 voltas num circuito de dois quilômetros. O Brasil terá Claudio Richardson dos Santos (AABB-RN), nove vezes campeão da Copa Brasil, Rudney Dias Nogueira (USIPA-MG), Luiz Felipe dos Santos (ASSEM-SP) e Samir Cesar Sabadin (Curitiba SMELJ-PR).
O teste avalia desde os ajustes especiais de trânsito realizados pela prefeitura até o circuito, que teve o asfalto aplicado nos últimos dias, depois que foram retirados trechos de paralelepípedo e quinas perto na praça que dá acesso à Praia do Pontal. Também entram na lista de itens monitorados o gradeamento e a cronometragem, que será feita pela Omega, empresa responsável pela área na Olimpíada do Rio. Serão testados ainda os chips dos marchadores, o placar eletrônico de faltas e a apuração dos resultados.

Investimentos
Além de Caio Bonfim, outros 17 atletas da marcha atlética recebem a Bolsa Atleta em todo o país, num investimento que totalizou R$ 208 mil em 2015, segundo informações do Ministério do Esporte.
No plano da infraestrutura, a Rede Nacional de Treinamento em fase de implantação pelo governo federal tem 47 pistas oficiais de atletismo incluídas entre as prioridades. O Centro de Treinamento de Atletismo de São Bernardo do Campo, inaugurado em 2015, recebeu R$ 19,5 milhões e conta com pista nível 1 certificada pela Federação Internacional de Atletismo. São quase 30 mil metros quadrados de área construída. O espaço recebe atualmente 80 atletas de alto rendimento, além de 150 jovens de escolinhas e categorias de base.
Dois convênios com a CBAt, um realizado em 2011 e outro em 2015, são voltados para a estruturação de centros de treinamento, locais, regionais e nacionais, contratação de profissionais e compra de equipamentos necessários à preparação de atletas. Ao todo, somam R$ 38,9 milhões.
"Temos uma parceria forte na nacionalização da rede de treinamento, em pistas de atletismo e em materializar uma estrutura passível de revelar novos talentos. Além desse investimento físico é importante ressaltar o investimento nas pessoas. O Bolsa Atleta como programa atinge desde a categoria de base até o alto rendimento”, afirmou o secretário executivo do Ministério do Esporte, Marcos Jorge, que representou o ministro George Hilton no evento deste sábado.