Ministério do Esporte Últimas Notícias
Ir para conteúdo 1 Ir para menu 2 Ir para a busca 3 Ir para o rodapé 4 Página Inicial Mapa do Site Ouvidoria Acessibilidade MAPA DO SITE ALTO CONTRASTE ACESSIBILIDADE

|   Ouvidoria   |

 
Conheça os principais programas e ações da Secretaria Especial do Esporte.
Videorreportagens, textos e fotos mostram como os projetos são colocados em prática e os resultados alcançados em todo o país.

Informações:  (61) 3217-1875E-mail:O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

                          

Brasília recebe conferência central dos Jogos Universitários Brasileiros

Atletas de diferentes estados do país irão se reunir em Brasília, a partir da próxima segunda-feira (6.08), para competir na etapa regional do calendário esportivo universitário. A conferência central dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) contará com a participação de aproximadamente 650 atletas. O evento conta com equipes universitárias do Rio de Janeiro, Goiás, Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais e do Distrito Federal.

Na competição, os alunos-atletas irão competir nas partidas de vôlei, futsal, handebol e basquete. O objetivo é alcançar vagas para disputar a fase final dos Jogos Universitários Brasileiros. Esse ano, a fase final do JUBs será disputada na cidade de Maringá, no Paraná. Os primeiros colocados em cada modalidade e naipe, adquirem o direito de jogar a fase final.

As partidas de futsal serão disputadas no ginásio do Cruzeiro, enquanto as de handebol no ginásio do Colégio La salle. O Clube AABB recebe as partidas de vôlei. Já o basquete será disputado no ginásio do Centro Olímpico da UnB.

Fonte: CBDU 

Nova Medida Provisória garante recursos das loterias para o Esporte, a Cultura e a Segurança Pública

Foi assinada na noite desta terça-feira (31.07), no Palácio do Planalto, em Brasília, a Medida Provisória nº 846, que altera a MP 841, de 11 de junho de 2018, que trata do Fundo Nacional de Segurança Pública e da destinação do produto da arrecadação das loterias. O novo texto, publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira (01.08), contempla investimentos de R$ 1 bilhão em segurança pública e preserva as verbas imprescindíveis ao esporte de base, educacional e de alto rendimento, além dos recursos da área de cultura.
 

 
Estiveram presentes na cerimônia diversos membros da comunidade esportiva, tais como Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB); Rogério Sampaio, diretor-geral do Comitê Olímpico do Brasil (COB); Lars Grael, representante da Comissão Nacional de Atletas (CNA) no Conselho Nacional de Esporte (CNE); Ana Moser, diretora e sócia-fundadora da Atletas pelo Brasil; além de dirigentes da Confederação Nacional dos Clubes (Fenaclubes), do Comitê Brasileiro de Clubes (CBC), da Confederação Brasileira do Desporto Escolar (CBDE), da Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU), atletas e representantes de clubes esportivos sociais.
 
“A MP 841 garantia recursos para a segurança pública, o que é uma causa necessária para o país, mas trazia danos aos segmentos do esporte e da cultura. Houve uma grande articulação da comunidade esportiva para que hoje possamos sair daqui fortalecidos. O governo federal encontrou uma solução por meio do diálogo, que restitui a verba do esporte e da cultura”, apontou Lars Grael.Representantes da comunidades esportiva participaram da solenidade no Palácio do Planalto (Foto: Pedro Ramos)Representantes da comunidades esportiva participaram da solenidade no Palácio do Planalto (Foto: Pedro Ramos)
 
Para o vice-presidente da Federação Internacional do Desporto Escolar (ISF) e presidente em exercício da CBDE, Robson Aguiar, a revisão da norma é fundamental para a formação esportiva do país. “O esporte brasileiro levou um susto depois da Medida Provisória 841. Todo o meio político fala da importância de se investir na base, e a MP tirava exatamente recursos da CBDE, da CBDU, das Secretarias Estaduais e do CBC. Após a articulação de todos os entes esportivos, o governo pôde rever essa decisão. Hoje comemoramos a edição de uma nova MP, que traz de volta o desporto de base para o esporte brasileiro”, afirmou.
 
“É um momento importante. A gente retoma não só os recursos como reestrutura todo o Sistema Nacional do Esporte. É uma vitória incrível desse movimento de consolidação em torno do esporte. Estamos muito felizes, os clubes formadores agradecem muito por esse momento”, destacou o presidente da Fenaclubes, Arialdo Boscolo.
 
A MP foi assinada pelo presidente da República, Michel Temer, e pelos ministros do Esporte, Leandro Cruz, da Cultura, Sérgio Sá Leitão, da Secretaria de Governo, Carlos Marun, e interino da Segurança Pública, Luís Carlos Cazetta.
 
Ascom – Ministério do Esporte

Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem tem nova presidente

Criado pela Lei 13.322 de 2016, o Tribunal de Justiça Desportiva Antidopagem (TJDAD) tem nova presidente. A advogada da União (AGU) Tatiana Nunes dará continuidade ao trabalho iniciado por Luciano Hostins, que agora faz parte da área jurídica do Comitê Olímpico do Brasil (COB). A vice-presidência ficou com o major Guilherme Faria da Silva. Ambos são membros do TJDAD desde a sua criação.
 
“Qualquer um de nós, com a experiência que adquirimos nesse tempo de maturação do tribunal, teria a possibilidade de assumir a presidência. Acredito que posso dar continuidade ao trabalho feito pelo Luciano, com a experiência que tenho na administração pública”, afirma Tatiana. “A nossa lei de criação foi uma das primeiras a prever a paridade de gênero, então, como mulher, também é uma vitória”, completa.
 
 
O tribunal é composto por integrantes nomeados pelo Poder Executivo, por entidades da administração do desporto e por entidades sindicais dos atletas. De acordo com o Regimento Interno, o presidente é eleito por três anos pela maioria dos votos dos membros, permitida uma recondução.
 
Para a nova presidente, o momento é de consolidação. “Do ponto em que partimos até hoje, já temos uma compreensão bem mais substancial de todos os atores envolvidos”, acredita Tatiana. “A ideia é deixar tudo organizado e funcionando de maneira eficiente, tanto no trabalho de repressão quanto no de prevenção da dopagem”, avalia. 
 
A criação do TJDAD foi uma exigência da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês), que determinava que o país tivesse um único tribunal para julgar todos os casos de dopagem, independentemente da modalidade, avaliação que deixou de ser feita pelos tribunais das confederações.
 
Ministério do Esporte

Com cooperação brasileira, capoeira retorna à África e expande suas raízes

Um projeto brasileiro mudou a vida de centenas de crianças do outro lado do Oceano Atlântico. Um pequeno país insular tem centenas de pequenos aficionados por uma expressão cultural que une esporte, arte marcial e música: a capoeira. Os sons dos berimbaus são ouvidos em mais de 13 academias nas duas ilhas principais de um país de apenas 200 mil habitantes.

Roda de capoeira no Liceu Nacional, em São Tomé: formação de professores, atletas e cidadãos. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.brRoda de capoeira no Liceu Nacional, em São Tomé: formação de professores, atletas e cidadãos. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Em 2010, um convênio entre a agência de cooperação do governo brasileiro e a Associação Raízes do Brasil, com base em Brasília, levou ao país africano um grupo de mestres para ensinar a centenária arte marcial germinada na África, mas criada por escravos no Brasil Colonial. Inicialmente, a cooperação duraria um ano e o sucesso fez com que a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) levasse adiante por mais cinco anos.

Atualmente, a adesão é tanta que apenas o futebol atrai mais pequenos praticantes de atividades físicas em São Tomé e Príncipe. O motivo é que, além do corpo, a capoeira ajuda a fortalecer a mente de cada indivíduo e a sociedade do país como um todo. Maykel Ribeiro Furtado, conhecido no mundo da capoeira como Vento, é o exemplo concreto dos resultados. Graduou-se pelo Raízes do Brasil e hoje dá aulas pelo país, além de presidir a Federação de Capoeira de São Tomé.

"O projeto conseguiu demonstrar a riqueza da capoeira como esporte e cultura e, também, como ela pode trabalhar como ferramenta de cidadania", afirma o idealizador do intercâmbio e fundador do Raízes do Brasil, Ralil Nassif Salomão, que fez várias viagens ao país para ensinar e acompanhar de perto o desenvolvimento da modalidade.

A capoeira até já existia no país, mas de forma muito incipiente, amadora. "Antes, não estávamos habilitados, não tínhamos as técnicas ideais, não sabíamos os conteúdos. Nossa capoeira não era rica. Por meio desse projeto, estamos em um patamar muito melhor. Até o Ministério da Juventude e do Desporto de São Tomé já nos apoia", explica Vento.

A filosofia do mentor é corroborada pelo discípulo. "Aqui nós trabalhamos não apenas a capoeira, mas para formar o cidadão. Foi importante ensinarmos aos jovens o respeito, a educação, a higiene e a igualdade de gênero, até para as meninas interagirem mais. As crianças aprendem não apenas a capoeira, mas como agir na vida e em outros esportes também", diz Vento.

"O projeto deixou uma marca e um legado no país. Para além da importância da prática da capoeira, trata-se de uma herança que o Brasil deixa em São Tomé e Príncipe de respeito à cidadania e de valores que essa prática desportiva leva à vida desses jovens. Eles encontravam-se em situações frágeis e não tinham grande auto-estima", afirma Carlos Gonçalves, técnico de cooperação da CPLP responsável pelo projeto. "A capoeira transformou e continua a transformar a vida em São Tomé. Até mesmo o fato de continuar, de se perpetuar e não se perder o projeto, é uma experiência importante e notável".

A vinda dos brasileiros gerou, também, uma visão de que o intercâmbio é importante para o desenvolvimento da arte no país. "Temos sempre contato com mestres do Brasil. No próximo mês, virão alguns para passar 15 dias aqui. Ficarão dez dias na Ilha de São Tomé e cinco na Ilha do Príncipe. Estamos sempre em contato, também, com grupos de Angola e Portugal pela internet", acrescenta Vento.

O exemplo sãotomense pode expandir ainda mais os horizontes da modalidade em países lusófonos. "Há interesse de Guiné Bissau, Angola e Cabo Verde. O que vai diferenciar o novo projeto de Guiné Bissau do de São Tomé e Príncipe é que enviaremos mestres do Brasil para fazerem prospecção, pois é preciso ajustar os tipos de atividades específicas e entender a cultura local. Depois, pretendemos que professores formados por nós em São Tomé participem e ensinem em Guiné Bissau", finaliza Ralil.

Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.brFoto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Jogos da CPLP

Até o dia 28 de julho, São Tomé e Príncipe recebe delegações dos nove países lusófonos do planeta para os Jogos da CPLP, com competições sub-17 de atletismo, basquete 3x3, futebol, taekwondo e vôlei de praia. Este é o primeiro evento multiesportivo organizado pelo país africano em sua história.
 

Abelardo Mendes Jr, de São Tomé, em São Tomé e Príncipe - rededoesporte.gov.br

Profissionais do projeto Esporte e Cidadania recebem formação no Rio de Janeiro

A Universidade Federal Fluminense iniciou, no último fim de semana (28 e 29 de julho), o Ciclo de Formação de profissionais que integram o Projeto Esporte e Cidadania. A primeira etapa da capacitação presencial foi realizada no Velódromo do Parque Olímpico da Barra (POB), no Rio de Janeiro, e reuniu mais de 150 professores que atuam nos núcleos do programa no estado do Rio. Cada núcleo atende a 100 crianças e adolescentes, de 6 a 21 anos, e o objetivo é fazer com que o esporte seja uma ferramenta educacional e transformadora da realidade especialmente em vulnerabilidade social.

Hoje, o projeto beneficia um total de 15.600 crianças, adolescentes e jovens e conta com mais de 600 profissionais envolvidos, somando-se todos os 156 núcleos implementados em diversas regiões do estado.

Cerca de 150 professores participaram da capacitação no Parque Olímpico da Barra. Foto: Marco Senna/MECerca de 150 professores participaram da capacitação no Parque Olímpico da Barra. Foto: Marco Senna/ME

A finalidade da capacitação é qualificar os participantes do projeto para que possam desempenhar suas atividades de forma mais efetiva nos seus respectivos núcleos. Os profissionais envolvidos são professores e estagiários de educação física, especialistas e monitores de lutas e artes marciais, e agentes sociais. O treinamento englobou integrantes dos núcleos da cidade do Rio de Janeiro e Itaguaí. No Sul-Fluminense os profissionais fizeram a formação na Faculdade de Engenharia da UFF (Volta Redonda). 

A Universidade Federal Fluminense (UFF) é a proponente do Projeto, sendo responsável pela organização da Formação dos profissionais. A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) é responsável pelo conteúdo da Formação, conta com apoio também da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordenadora da formação dos profissionais envolvidos na capacitação, Ângela Brêtas, professora da UFRJ, destaca a importância para a continuidade do êxito do programa.

“O objetivo maior dessa capacitação é democratizar e universalizar o acesso às práticas de esporte, lazer e cultura, bem como estimular a produção de conhecimento em políticas públicas nessas áreas voltadas ao desenvolvimento humano e social”, destacou Ângela, salientando a relevância do projeto que possui núcleo, por exemplo, no Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), que acolhe adolescentes em conflito com a Lei/autores de ato infracional, para ressocialização social.  

Principais temas contemplados na qualificação: direitos humanos, Estatuto da Criança e do Adolescente, território e diagnóstico da realidade local, conceitos de esporte e lazer, conceito de lutas corporais, práticas e avaliação.

Segunda etapa
A capacitação dos profissionais que atuam no programa Esporte e Cidadania terá seguimento nos próximos dias 4 e 5 de agosto. A segunda etapa do treinamento reunirá professores dos núcleos das regiões Norte e Noroeste do estado, Niterói, Baixadas Litorâneas e Baixada Fluminense. As aulas acontecerão na UFF de Pádua e Niterói e em Nova Iguaçu.

Além das aulas presenciais, toda a equipe de trabalho dos núcleos deverá cursar três módulos de formação à distância - ministrados pela UFMG -, que abordarão temas como esporte recreativo e lazer, lutas e artes marciais.

Marco Senna, do Rio de Janeiro
Ministério do Esporte
    

Ministério convoca entidades classificadas no edital da ação Brincando com Esporte 2018/2019

A Secretaria Nacional de Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social (Snelis) do Ministério do Esporte convoca, a partir desta segunda-feira (30.07), as entidades proponentes classificadas para formalizar parceria para implementar projetos da ação Brincando com Esporte, exercício de 2018 e 2019.
 
 
Considerando a homologação do resultado final do Edital de Chamamento Público nº 01/2018, foram convocadas as entidades proponentes classificadas na primeira colocação. A formalização das propostas está condicionada a disponibilidade orçamentária do Ministério do Esporte. 
 
Ascom – Ministério do Esporte
 
 
 

Enriquecimento cultural e medalhas na bagagem: o balanço da participação do Brasil nos Jogos da CPLP

Mais que medalhas, uma competição de desporto escolar rende intercâmbio cultural e amizades aos participantes. E foi este o espírito da 11ª edição dos Jogos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizados de 21 a 28 de julho em São Tomé, capital de São Tomé e Príncipe. Os oito pódios alcançados pelos jovens atletas brasileiros ficarão na memória de cada um deles, além do convívio com pessoas das outras oito nações que compartilham o idioma: Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, Timor-Leste e os anfitriões são-tomenses.

Equipes de basquete 3x3, atletismo, vôlei de praia e futebol: medalhas em todas as modalidades. Fotos: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.brEquipes de basquete 3x3, atletismo, vôlei de praia e futebol: medalhas em todas as modalidades. Fotos: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

A Confederação Brasileira de Desporto Escolar (CBDE) enviou uma delegação de 29 atletas sub-17, divididos em atletismo (3), basquete 3x3 (4), futebol (18) e vôlei de praia (4). O Brasil conquistou medalhas em todas as modalidades que disputou. A equipe de taekwondo não conseguiu chegar a São Tomé devido à série de cancelamentos de voos em São Paulo na semana anterior à competição. No quadro final de medalhas, Portugal ficou à frente.

Como forma de colaborar com a organização - trata-se do primeiro evento multiesportivo internacional realizado no país -, o Brasil doou para São Tomé e Príncipe kits com equipamento para montagem de quadras de vôlei de praia, com fitas para demarcar o campo, redes, antenas, bolas e placares.

Flávio Azevedo, árbitro de vôlei de praia no Rio de Janeiro, viajou a São Tomé a convite da CBDE para compartilhar sua experiência com a ainda incipiente federação local. "Ficamos com o tempo curto para fazer aulas teóricas e práticas, mas passamos todas as informações durante os dias de competições. Os são-tomenses estavam muito atentos a tudo que ensinamos. Eles trabalharam bem durante os jogos, não erraram as marcações. O que faltou, por conta da inexperiência, foi postura, especialmente aos juízes de linha", explicou Azevedo. "A viagem foi muito proveitosa para todos os lados. No fim, estabelecemos uma rede de contatos para que eu possa compartilhar informações com eles após o fim dos jogos", acrescentou o árbitro.

Como as entidades esportivas ainda engatinham em São Tomé e Príncipe - um país cuja independência de Portugal se deu em 1975 -, a missão brasileira também proferiu palestras sobre organização de eventos escolares e sobre dopagem para os responsáveis pelas delegações nacionais e técnicos de futebol. O chefe de missão do Brasil em São Tomé e presidente da Federação Cearense de Desporto Escolar Átila Bessa explicou o funcionamento do sistema CBDE e o formato de competições e seleção de atletas. "O contato com todos esses países enriquece os dois lados, pois todos participam desse intercâmbio. Pudemos falar um pouco sobre nosso modelo de trabalho e como o desporto escolar se desenvolve no Brasil", explicou Bessa.

O médico da CBDE, José Roberto Barros, falou para os delegados dos países da CPLP sobre a origem, o controle, a prevenção e as complicações do uso de drogas ilícitas no esporte. "Um atleta escolar hoje pode ser um atleta olímpico amanhã. A orientação que nós fazemos é direcionada à formação de pessoas, que futuramente estarão no esporte de alto rendimento", ressaltou Barros. 

Mesmo antes da realização do evento, a cooperação brasileira no país mostra a importância da prática de atividade física para o desenvolvimento de mais de geração de crianças e jovens. Um projeto brasileiro iniciado em 2010 para treinamento de professores de capoeira e incentivo à modalidade mudou a vida de centenas deles. Hoje, a capoeira de São Tomé e Príncipe conta com organização formal em uma federação e dezenas de academias. O número de adeptos da expressão cultural brasileira que teve seu embrião vindo da África só perde para os aficionados por futebol.

O Brasil doou equipamentos de vôlei de praia para fomentar a modalidade nas ilhas. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.brO Brasil doou equipamentos de vôlei de praia para fomentar a modalidade nas ilhas. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Leia também: 

» Com cooperação brasileira, capoeira retorna à África e expande suas raízes

» Jovem atleta do vôlei de praia ganha ouro e homenageia irmão gêmeo que está na UTI

» Corrida para uma vida melhor: experiência em outro país ajuda na formação de novos talentos do atletismo

» Jogos da CPLP em São Tomé e Príncipe celebram a união de jovens atletas de países de língua portuguesa

 

Confira como foi a participação dos brasileiros nos Jogos da CPLP

Atletismo

Com apenas três atletas, a delegação de atletismo conseguiu quatro medalhas. A paulista Vitória Jardim ficou com o ouro nas provas de 100m e 200m. Igor Clemente, do Rio Grande do Norte, levou a prata nos 200m. E a catarinense Larissa Lucio chegou em terceiro nos 800m. Além da viagem para a competição, o trio aproveitou o intercâmbio cultural e ainda teve a oportunidade de conhecer uma lenda do atletismo mundial: o angolano João Ntyamba, único atleta masculino a participar de seis edições de Jogos Olímpicos no atletismo, esteve em São Tomé e Príncipe para acompanhar de perto a nova geração de atletas de seu país. Como fez carreira no Brasil - especialmente em Belo Horizonte, onde competiu pelo Cruzeiro -, João fez questão de se aproximar da delegação e se enturmar com todos os brasileiros e contar histórias sobre seus amigos Joaquim Cruz, Zequinha Barbosa, Vanderlei Cordeiro de Lima e outros ídolos do atletismo brasileiro com quem conviveu.

Ntyamba (ao centro), os jovens atletas brasileiros e a treinadora Ana Fidelis: oportunidade de conhecer uma lenda do atletismo mundial. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.brNtyamba (ao centro), os jovens atletas brasileiros e a treinadora Ana Fidelis: oportunidade de conhecer uma lenda do atletismo mundial. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Basquete 3x3

No basquete 3x3, o Brasil ficou com a medalha de prata. Na final, Brendha Leise, Maria Eduarda Maciel, Anna Julia Gonçalves e Lavínia Macedo, estudantes do 1o ano do Ensino Médio em Foz de Iguaçu (PR), perderam para Angola em uma partida muito apertada. "Devido à dificuldade de se encontrar passagens para vir até São Tomé, só pudemos chegar no dia anterior ao primeiro dia competições. Foi uma viagem muito cansativa, com escalas longas. E logo de cara, elas tiveram que fazer quatro jogos em um dia só. Elas mostraram evolução e se superaram no segundo dia", explicou Cláudio Lisboa, treinador da equipe. Na primeira fase, quando todos os países se enfrentaram, o Brasil ficou em terceiro (com derrotas para Angola e Portugal e vitórias sobre Cabo Verde e São Tomé e Príncipe). Na semifinal, as meninas enfrentaram novamente Portugal e, mais descansadas, levaram a melhor.

Além de garantirem uma medalha na primeira competição internacional que participam, o quarteto curtiu a experiência de convívio com pessoas tão diversas. "Cada país tem uma cultura diferente. Foi muito interessante conversar com tanta gente de países que não conhecemos e que falam a nossa língua, mesmo que de uma maneira diferente. Todo mundo se entendeu bem", disse Brendha Leise, 16 anos, que sonha em ser pivô de basquete profissional. "São Tomé e Príncipe tem praias lindas - e nós conhecemos a praia da Lagoa Azul e adoramos. O povo daqui está sempre disposto a ajudar todo mundo e, mesmo com uma realidade mais difícil, estão sempre sorrindo", acrescentou Brendha.

Claudio, Brenda, Maria Eduarda, Anna Júlia e Lavínia: de Foz do Iguaçu para a África. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.brClaudio, Brenda, Maria Eduarda, Anna Júlia e Lavínia: de Foz do Iguaçu para a África. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Futebol

No futebol, o Brasil conquistou a medalha de bronze ao bater os portugueses na disputa pelo terceiro lugar. Na primeira fase, os brasileiros ficaram em segundo no grupo B, com uma derrota (para Cabo Verde), um empate (com Moçambique) e uma vitória (diante do Timor-Leste). Como o regulamento não previa disputa de semifinais, os líderes dos grupos se enfrentaram pelo ouro (com Angola derrotando Cabo Verde) e os segundos colocados jogaram pelo bronze.

O lugar ao pódio só foi resolvido nos pênaltis, após um empate de 1 x 1. O goleiro Marcos Paulo defendeu uma cobrança e um atleta português chutou por cima do travessão - todos os brasileiros acertaram seus chutes.

O time é formado por atletas de até 16 anos da Associação Desportiva Confiança, de Aracaju. "Foi nossa primeira viagem internacional. Muitos do time mal tinha saído de Sergipe. Gostamos muito de conhecer um novo país e um novo continente. O melhor de tudo foi ter essas descobertas ao mesmo tempo que fazemos o que mais gostamos, que é jogar futebol", disse o zagueiro Gustavo Soares, 16 anos, capitão da equipe. "Sobre a competição, posso dizer que começamos mal, ao perdermos para Cabo Verde. Estávamos cansados da viagem, pois só chegamos no dia anterior e o jogo foi de manhã. Também ficamos um pouco nervosos. Depois, todo mundo melhorou e conseguimos jogar melhor. Hoje, contra Portugal, poderíamos ter ganhado no tempo normal", acrescentou o jovem.

O primeiro tempo da partida foi tenso, com entradas ríspidas dos dois times. "Todo mundo queria ganhar essa medalha e o jogo ficou mais pegado. Aqui fora do campo, somos amigos. O convívio com todos os países foi ótimo lá no alojamento", contou Gustavo. As delegações dos noves países ficaram alojadas no Liceu Nacional, uma das poucas escolas de ensino médio da capital do país africano. O local foi reformado com orçamento destinado para tal fim pelo governo de Portugal para a CPLP.

Brasil e Portugal decidiram o bronze no futebol. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.brBrasil e Portugal decidiram o bronze no futebol. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

Vôlei de praia

Os dois ouros da modalidade estão na bagagem do Brasil - e foram conquistados sem uma derrota sequer. No feminino, as cariocas Maria Clara Carvalhaes e Letícia Holanda derrotaram a dupla portuguesa na final. No masculino, Isac Adolfo e Federico Mieszkowski, de João Pessoa, protagonizaram um momento emocionante ao vencerem os angolanos na final. Eles fizeram questão de levar à cerimônia das medalhas a camisa de Ismael Adolfo, irmão gêmeo e campeão mundial escolar ao lado de Isac, que encontra-se internado na UTI em tratamento para encefalite autoimune.

Campões mundiais escolares, os brasileiros confirmaram o favoritismo e saíram invictos dos Jogos da CPLP. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.brCampões mundiais escolares, os brasileiros confirmaram o favoritismo e saíram invictos dos Jogos da CPLP. Foto: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

 

 

» Galeria de fotos dos Jogos da CPLP

 

 

 

Mais sobre São Tomé e Príncipe

As ilhas de São Tomé e Príncipe foram descobertas, ainda desabitadas, por navegadores portugueses em 1470. Localizado no Golfo da Guiné, na costa oeste da África sub-saariana, é formado por duas ilhas principais (Ilha de São Tomé e Ilha do Príncipe) e ilhotas, com população de pouco mais de 200 mil habitantes. Está próximo às costas do Gabão, Guiné Equatorial, Camarões e Nigéria. A linha do Equador passa em seu território: há um marco no Ilhéu das Rolas, um local de praias paradisíacas. 

Do século XV à década de 1970, foi uma colônia portuguesa. A independência ocorreu em 12 de julho de 1975. As principais atividades econômicas estão ligadas à agricultura e à pesca. Embora com um potencial turístico evidenciado por praias de águas cristalinas e temperatura agradável, o país ainda carece de infraestrutura para aumentar a quantidade de visitantes.

Fotos: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.brFotos: Abelardo Mendes Jr/ rededoesporte.gov.br

 

Abelardo Mendes Jr, de São Tomé, em São Tomé e Príncipe - rededoesporte.gov.br

 

CPB apresenta planejamento estratégico para Tóquio 2020 e Paris 2024 e assina acordo de parceria com a cidade japonesa de Hamamatsu

O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) apresentou, nesta quinta-feira, em um evento realizado no Centro Paralímpico Brasileiro, em São Paulo, seu planejamento estratégico para os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 e de Paris 2024. A cerimônia também marcou a assinatura de um termo de parceria entre a entidade e a cidade de Hamamatsu, que será a casa da delegação brasileira durante o período de aclimatação dos atletas para as Paralimpíadas no Japão.

O termo foi assinado pelo presidente do CPB, Mizael Conrado, e pelo prefeito de Hamamatsu, Yasumoto Suzuki. O governador de São Paulo, Márcio França, foi representado por Linamara Rizzo Battistella, secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência de São Paulo.

Localizada a 260 quilômetros ao sul de Tóquio, Hamamatsu, que também será uma das sedes do país para parte da delegação dos Jogos Olímpicos, abriga a maior colônia brasileira no Japão, motivo considerado como um dos principais no interesse de receber a delegação paralímpica do Brasil.

“Hoje, temos essa oportunidade de celebrar a parceria entre o CPB e a cidade de Hamamatsu. O presidente Mizael tem se esforçou muito para que isso se tornasse realidade e agradecemos a ele e a toda a diretoria do CPB”, afirmou o prefeito Yasumoto Suzuki. “O Japão está se preparando para 2020 e o governo japonês pensou em um sistema em que a cidade não só recebe a delegação de um país, mas procura aprofundar o relacionamento com aquele país. A cidade de Hamamatsu terá a honra de receber a delegação brasileira e nós nos sentimos muito felizes e orgulhosos por isso”, prosseguiu o prefeito.

Top 10

Oitavo colocado no quadro geral de medalhas durante os Jogos Paralímpicos Rio 2016, com 72 medalhas, o Brasil tem como meta se manter entre os top 10 tanto em Tóquio quanto em Paris. Para isso, o CPB projeta que os atletas conquistem entre 60 e 75 medalhas em Tóquio 2020 e entre 70 e 90 em Paris 2024.

“A elaboração do planejamento estratégico 2017-2024 é um marco para o Comitê Paralímpico Brasileiro e deixa claro o compromisso que temos de estabelecer um caminho bem definido para alcançarmos as metas nele definidas”, declarou Mizael Conrado. “O objetivo é consolidar o Brasil como uma das dez potências do mundo paralímpico e que ele nunca mais saia desse posto”, continuou o dirigente, que entregou o planejamento estratégico a Simone Rocha Camargo, presidente do Conselho de Atletas do CPB.

“É com muita alegria e com muita esperança que eu recebo esse planejamento estratégico. O que eu posso desejar a esse Comitê é que tudo o que está aqui se concretize e que nosso país possa se tornar um lugar melhor para as pessoas com deficiência”, agradeceu Simone.

Participação feminina e capacitação

O planejamento estratégico do CPB também prevê uma participação cada vez maior das mulheres nas delegações brasileiras e, para isso, foram criados indicadores. O planejamento projeta que, nos Jogos Para-Panamericamos de Santiago 2023, 38% da delegação seja formada por mulheres.

Mizael ainda falou sobre a importância da inclusão das pessoas com deficiência na força de trabalho e destacou os esforços que o CPB tem feito no sentido da capacitação profissional dos atletas para que eles tenham uma carreira após encerrarem suas trilhas no esporte de alto rendimento.

“O plano inicial era ter até 2021 30% de todos os funcionários com alguma deficiência fazendo parte do quadro do CPB. Hoje já temos mais de 50% do quadro com pessoas com deficiência e esperamos que isso possa ser um exemplo para as empresas incluírem as pessoas com deficiências em seu quadro”, afirmou Mizael. Ele revelou ainda que o CPB vai lançar em breve um edital que vai garantir 300 bolsas de estudos no ensino superior para os atletas ligados ao CPB e às confederações.

Em outra frente no esforço de inclusão das pessoas com deficiência, o CPB tem com objetivo capacitar, até 2020, ao menos 2.500 profissionais que vão atuar em diferentes segmentos no esporte voltado para crianças, jovens e adultos com deficiência. A meta principal é capacitar 100 mil professores de educação física da rede de ensino para trabalhar com pessoas com deficiência.

“Sabemos que o esporte é uma das principais ferramentas da inclusão das pessoas na sociedade. Pretendemos capacitar, até 2025, 100 mil professores da rede pública, pensando na inclusão das pessoas com deficiência”, encerrou Mizael Conrado.

De São Paulo – Luiz Roberto Magalhães – Ministério do Esporte

Pan Universitário segue até domingo com atletas de 13 países, em nove modalidades

O Centro de Treinamento Paralímpico de São Paulo é o palco da primeira edição do FISU America Games. A competição pan-americana, voltada para o esporte universitário, teve início no dia 19 e segue até o próximo domingo (29.07), com a participação de 13 países do continente.

Durante o evento, os atletas representam suas instituições de ensino e seus países. Além do Brasil, Estados Unidos, Canadá, Chile, Colômbia, Argentina, Costa Rica, Venezuela, Peru, Paraguai, Honduras, México e Uruguai participam. Ao todo, as delegações somam cerca de 1.500 pessoas, entre atletas e comissão técnica, para a disputa de atletismo, basquete, futebol, futsal, vôlei, judô, natação, tênis e tênis de mesa.

Delegação brasileira na cerimônia de abertura da competição. Foto: CBDU/DivulgaçãoDelegação brasileira na cerimônia de abertura da competição. Foto: CBDU/DivulgaçãoA competição também tem a participação de atletas paralímpicos universitários. Entre os brasileiros, são 129 alunos-atletas nas modalidades adaptadas de tênis de mesa, atletismo e natação. Um dos destaques ficou por conta de Ádria Santos, maior medalhista paralímpica do Brasil, com 13 medalhas em seis edições dos Jogos Paralímpicos. A velocista começou a cursar educação física no ano passado e resolveu disputar o torneio universitário.

"Depois que encerrei carreira, estava só fazendo corrida de rua para manter o físico. Resolvi participar do regional em Santa Catarina, isso me motivou a voltar a treinar e consegui a vaga para estar aqui", conta a atleta, que perdeu totalmente a visão em 1994. Ádria, agora competindo em novas categorias, deixa o FISU America Games com duas medalhas de ouro, no lançamento de disco e nos 1.500 metros. O Brasil também já conquistou medalhas em outras modalidades em São Paulo, como no judô e no tênis de mesa.

O torneio é uma realização da Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU) e da Federação Internacional do Esporte Universitário (FISU) América, além da Federação Universitária Paulista de Esportes (FUPE). "Para o Brasil e para a CBDU, é uma honra sediar o primeiro Pan-Americano Universitário. A CBDU tem tido a satisfação de ser pioneira em alguns eventos do calendário internacional do esporte universitário, como o Mundial de Futsal e o Beach Games Internacional, duas modalidades que começaram no Brasil e depois ganharam o cenário internacional. E agora temos mais uma vez a oportunidade de sediar os primeiros Jogos Universitários Pan-Americanos", afirmou o presidente da CBDU, Luciano Cabral.

Rededoesporte.gov.br, com informações da Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU) 

 

Corrida para uma vida melhor: experiência em outro país ajuda na formação de novos talentos do atletismo

Três brasileiros, quatro pódios nos Jogos da CPLP: Igor, a técnica Ana Fidelis, Vitória e Larissa em São Tomé. Foto; Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.brTrês brasileiros, quatro pódios nos Jogos da CPLP: Igor, a técnica Ana Fidelis, Vitória e Larissa em São Tomé. Foto; Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.br

Sol, suor, esforço e dificuldades são parte da rotina de um promissor velocista potiguar de apenas 16 anos. Não foi diferente na primeira viagem de Igor Clemente para fora do país para representar o Brasil em um evento esportivo. Sob calor e vento forte na África, o jovem não esmoreceu ao ser desclassificado no momento da largada de sua primeira prova nos Jogos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O evento está sendo disputado na cidade de São Tomé, capital de São Tomé e Príncipe, nação insular no Golfo da Guiné, na costa oeste da África. As competições tiveram início em 21 de julho e seguem até o dia 28, com disputas em cinco modalidades de desporto escolar (sub-17): atletismo, basquete 3x3, futebol, taekwondo e vôlei de praia. Os três estudantes brasileiros que estiveram na competição obtiveram quatro medalhas.

Na bateria classificatória dos 100m, estreia do atleta em pistas fora do Brasil, uma inusitada situação o deixou sem ação. "Nas competições que já disputei antes, o juiz que dá início fala: 'aos seus lugares', depois de todos na posição, ele fala 'prontos' e dá um tempinho para respirarmos e puxarmos o ar antes de disparar", explicou. Em São Tomé, o tiro da pistola veio imediatamente após o primeiro aviso. "Foi 'prontos' e pá! Eu estava ainda ajustando uma das mãos e não larguei".

A decepção durou pouco, mas retornou em seguida. A organização permitiu que ele participasse da segunda bateria e ele venceu a eliminatória e garantiu a vaga na final. Horas depois, minutos antes da corrida pelas medalhas, um dos países participantes entrou com recurso e, após discussões, mudou-se o entendimento e Igor viu-se novamente eliminado. "Sabe, não foi bom, mas pelo menos aprendi a ficar mais atento e ganhei uma experiência a mais", contou.

No dia seguinte, correu os 200m sem enfrentar o mesmo problema. Chegou com folga na primeira colocação de sua bateria. No entanto, o vento forte o atrapalhou na final e não conseguiu chegar na frente de um atleta de Cabo Verde. "Uma medalha de prata na primeira competição internacional é bom demais!", comemorou.

A maturidade e desenvoltura no jeito de falar e a maneira como explica sua realidade são equivalentes à velocidade que Igor alcança na pista. Ele conta que, na infância, não sonhava em ser velocista. A paixão era o futebol. Aos 13 anos, durante as aulas e partidas de futsal, o professor de educação física notou que o menino conseguia sair do ataque para a defesa em velocidade bastante superior à dos companheiros de time. "E, no contra-ataque, eu chegava lá na frente de novo para receber a bola antes dos meninos do time adversário conseguirem voltar", brinca.

Igor Clemente (D) durante as provas do atletismo nos Jogos da CPLP. Foto: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.brIgor Clemente (D) durante as provas do atletismo nos Jogos da CPLP. Foto: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.br

Daí em diante, a busca por chegar na frente passou a ser diária. "O professor me levou para correr na praia. Eu gostava, mas era um tipo de piso muito pesado. Até que um dia fui a uma pista de atletismo. Foi um dos maiores prazeres da minha vida", contou o estudante da Escola Estadual Anísio Teixeira, em Natal.

Igor enxerga longe e vê o esporte além de um projeto pessoal. "O sonho da minha vida é ajudar minha família a ter condições financeiras melhores. Quero fazer de tudo para ser um atleta de alto nível e conseguir melhorar a vida da minha mãe, que é faxineira".

Os Jogos Olímpicos Rio 2016 tiveram impacto positivo na vida do garoto. "Quando assisti aos Jogos do Rio pela televisão, fiquei muito mais entusiasmado e empolgado para participar de uma Olimpíada. Ver o Usain Bolt fazer o que fez, e ainda por cima no meu país, foi incrível. Quero estar lá um dia".

Antes disso, porém, a realidade é de duas horas diárias de ônibus na ida e vinda de casa, no bairro Rocas, para os treinos na pista da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em Natal. "Ainda bem que tenho apoio de uma bolsa para treinar. Pago a condução e consigo guardar para passagens e competições".

» Confira galeria de fotos dos Jogos da CPLP

Ele diz que o esforço compensa, até mesmo em termos sociais. "Como estudo de manhã, tenho certeza que estou usando bem o meu tempo ao treinar à tarde. Eu moro em uma favela e correria o risco de entrar para alguma facção ou para um mundo mais violento. O esporte me ajuda nisso também".

Mesmo tão jovem, ele já serve de exemplo para outros meninos da vizinhança. "Alguns garotos de lá me falaram que me veem como inspiração. Eles falam: 'Poxa, nunca pensei que um adolescente da minha idade poderia viajar para a África e representar o país em uma competição'. E tenho orgulho disso".

Ao fim da conversa com a reportagem da rededoesporte.gov.br, Igor pediu para falar uma frase, que diz ser sua inspiração. "Deus me deu um dom de correr. E eu quero correr para uma vida melhor".

Vitória Jardim foi ouro nos 100m e 200m nos Jogos da CPLP. Foto: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.brVitória Jardim foi ouro nos 100m e 200m nos Jogos da CPLP. Foto: Abelardo Mendes Jr./rededoesporte.gov.br

Mais medalhas

As outras duas integrantes da delegação do atletismo do Brasil nos Jogos da CPLP tiveram muito o que comemorar. Vitória Jardim, de 16 anos, levará duas medalhas de ouro na mochila. Ela venceu os 100m e os 200m. Larissa Lúcio, de 15 anos, foi bronze nos 800m.

"A seleção dos estudantes foi feita pelo ranking da idade deles na Confederação Brasileira de Atletismo", explicou a treinadora Ana Fidelis, responsável pelo trio. "Aqui em São Tomé não tivemos uma competição com nível muito alto, mas os meninos aprenderam muito. De início, a viagem foi longa. Quase 20 horas até chegar aqui e o fuso horário aumenta o cansaço. Tiveram que superar isso também", afirmou.

No passaporte, a catarinense de Nova Veneza Larissa já tem os carimbos de Marrocos, onde disputou a Gymnasiade, e da França, onde esteve no Mundial Escolar. Em São Tomé, obteve seu melhor tempo (2min17s90), mesmo depois de uma viagem longa e apenas um dia para descanso antes de competir.

A experiência com tantos estudantes de países que falam a mesma língua é inédita. "Aqui todos nós podemos conversar facilmente e está sendo interessante. É bom também fazer amizade com o pessoal das outras modalidades, tanto do Brasil quanto de outros países. No alojamento, sempre ficamos conversando e trocando experiências", contou Larissa.

Experiências que, para a paulista Vitória Jardim, vão além do cultural. Passam também, pela curiosidade em conhecer a gastronomia dos lugares por onde viaja. "Em competições, já estive no Paraguai, no Marrocos e no Equador. Como após minha vida de atleta eu quero seguir uma carreira na gastronomia, aproveito para conhecer novas culturas, maneiras diferentes de se conviver e respeitar os outros e, claro, fico de olho em quais ingredientes usam nas comidas dos locais e quais são os sabores. É uma experiência dupla".

Em São Tomé, a simpatia dos moradores é o que mais impressionou Vitória. "Todos são prestativos, sempre estão com um sorriso no rosto. Querem te ajudar em tudo e a gente percebe que é de coração, sem pedirem nada em troca", finalizou.

Jogos da CPLP

Os noves países lusófonos enviaram delegações sub-17 para a 11ª edição dos Jogos da CPLP. Além dos anfitriões de São Tomé e Príncipe, estudantes de Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal e Timor-Leste participam das competições. Em 2020, o evento será realizado em Díli, capital do Timor-Leste.

De São Tomé, em São Tomé e Príncipe, Abelardo Mendes Jr. - rededoesporte.gov.br

 
Desenvolvido com o CMS de código aberto Joomla